Politica

Vilmar Rocha: “Marconi no Senado engrandece Goiás”

Hélio Lemes da Silva Filho

Publicado em 23 de setembro de 2018 às 00:57 | Atualizado há 6 anos

Vilmar Rocha, depois de exer­cer um mandato de depu­tado estadual e cinco de fe­deral, está de volta aos palanques eleitorais, como candidato a primei­ro suplente de senador, na chapa de Marconi Perillo (PSDB).

Vilmar, que preside o PSD no Es­tado, deixou de ser candidato a se­nador pela oposição, por fidelidade ao seu partido. Aceitou ser compa­nheiro de Marconi, principalmente por acreditar nos ideais do ex-gover­nador. “Marconi, no Senado, engran­dece Goiás”, diz o ex-deputado, nesta entrevista exclusiva ao DM.

O dirigente é enfático, ao dizer que, no Senado, deve-se exercer mandatos políticos que tem “his­tória e qualificação” para o desem­penho da função. Ele critica o verea­dor Jorge Kajuru (PRP), adversário direto de Marconi nestas eleições, segundo as pesquisas. “ O vereador não está preparado para os grandes debates nacionais”.

Vilmar Rocha ainda acredita que Geraldo Alckmin, “o mais qualifica­do dos candidatos”, chegue ao se­gundo turno na disputa pela presi­dência da República.

Em Goiás, apesar da liderança de Ronaldo Caiado (DEM), o presiden­te do PSD acha ser possível a realiza­ção de segundo turno, com a parti­cipação do governador José Eliton. “Nada está definido, pois o eleitor se posiciona na última hora”.

Vilmar Rocha é de opinião que Marconi Perillo deixou no governo de Goiás o “legado” da inovação e da modernidade. “O país adotou os programas sociais implementados por Marconi, como Bolsa Universi­tária, Renda Cidadã, Cheque Mora­dia e tantos outros”.

Para o presidente do PSD, a pre­sença de Marconi no cenário políti­co nacional é uma “realidade” e, com a eleição do goiano para o Senado, o Estado estará “bem representado”. E acrescentou: “Iris Rezende cumpriu bem o seu papel quando ocupou ca­deira no Senado, assim como Pedro Ludovico e Alfredo Nasser. Marconi está à altura dos nossos estadistas”.

Vilmar Rocha tem percorrido o interior do Estado, levando as men­sagens e as propostas de Geraldo Alckmin e Marconi Perillo.

 

 

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

O sr. faz parte da coordenação da campanha do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a presidência da República. Ainda dá tempo de colocar Alckmin no segundo turno?

Vilmar Rocha–Eu acho que sim, por duas razões, a primeira é que se está cristalizando nas lideran­ças moderadas e de centro do país, a necessidade de ter um candida­to de ter um candidato de centro na disputa presidencial. Ainda on­tem o ex-presidente Fernando Hen­rique Cardoso lançou uma carta aos brasileiros, que está dentro do espírito da nossa articulação do Polo Democrático, onde fui o úni­co goiano que assinou. Neste ma­nifesto está implícita a estratégia de unir o centro politico do Brasil e lançar uma candidatura forte à presidência da República. Isto não aconteceu lá atrás, faltaram lide­ranças importantes para condu­zir esta que é uma idéia generosa, politicamente importante e agora o tempo está muito curto. Mas quin­ze dias numa eleição pode ser tam­bém muito tempo. Eu me lembro que nas eleições de 2014, a Marina Silva estava lá em cima em segun­do lugar, caiu e nem foi para o se­gundo turno. Aécio foi no seu lugar.

O sr. acredita que Alckmin pode repetir o que fez Aécio em 2014?

Vilmar Rocha–Veja, outra vez Marina estava em segundo lugar, e em uma semana caiu outra vez. É difícil? Sim. Mas é possível Alck­min subir. Eu sinto que a sucessão presidencial, embora as pesquisas indiquem um rumo–e é um indica­tivo que deve ser considerado, mas na minha avaliação política ain­da tem muito tempo.

De onde vem esta convicção de que é possível mudar o jogo?

Vilmar Rocha–Uma grande fai­xa do eleitorado define o seu voto na última semana, nos últimos três dias, e as vezes no dia. Vai depen­der muito do humor deste eleito­rado, e do quadro politico da elei­ção na última semana, nos últimos três dias. Pode haver uma altera­ção no quadro eleitoral e repetir 2014. Eu creio que ainda dá tem­po, e noto que está difuso na socie­dade a busca por uma candidatu­ra de centro, que não seja nem de direita, nem de esquerda. Esta coi­sa está no ar, se isto vai cristalizar ou não eu ainda não sei.

Como o sr. está acompanhando a polarização entre direita e esquerda, entre Bolsonaro e Haddad. Isto é bom ou ruim?

Vilmar Rocha–Acho que é ruim para o Brasil. É uma insensatez. Eu acredito que a maioria do eleito­rado é de bom senso. O Brasil está numa crise e para sair dela é pre­ciso de muito diálogo e de um pac­to político, econômico e social para sair da crise e conduzir um rumo para o país voltar aos trilhos. Eu vejo que esta radicalização é insen­sata e não é boa para o futuro do Brasil, sobretudo no momento em que estamos vivendo.

O que representaria a eleição de Bolsonaro?

Vilmar Rocha–É um risco gran­de, é um salto no escuro, é mui­to arriscado. Vejo algumas pes­soas dizerem: “o Trump foi eleito nos Estados Unidos com o mes­mo perfil do Bolsonaro e lá está dando certo”. É completamente diferente. As instituições políti­cas americanas são muito mais sólidas. Lá o presidente da Re­pública tem muita força politi­ca na condução interna do país, os Estados são muito autôno­mos, as universidades são autô­nomas, as empresas são muito mais independentes do governo federal. É completamente dife­rente. Aqui não, as decisões do presidente da República inter­ferem diretamente no conjunto da sociedade brasileira.

A eleição de Bolsonaro poderia traumatizar o país mais do que o Haddad?

Vilmar Rocha–Acho que os dois traumatizariam. Não é uma boa solução a eleição de nenum dos dois. A minha proposta é que tem que ter um candidato com per­fil de dialogar com o Congresso Nacional, com o Poder Judiciário, com os sindicatos e com todos os agentes sociais, econômicos e po­liticos. Olha, nós sabemos que ha­verá um baixo nível de renovação do Congresso. Esta é a realidade. Outra coisa: qual é a experiência histórica nossa? Todo presiden­te que perdeu o apoio da maio­ria do Congresso Nacional, como foram Jânio, Jango, Collor e Dil­ma. Então temos que ter um pre­sidente–dentro das circunstân­cias da realidade brasileira- tem que ser um presidente capaz de for­mar uma maioria no Congresso, como foi formada no perído FHC e nós fizemos as reformas.

Se Alckmin não for para o segundo turno, o sr. apoiaria Bolsonaro?

Vilmar Rocha–Não gostaria de apoiar o Bolsonaro no segundo tur­no. O Bolsonaro é um populista e autoritário. Eu convivi com o Bol­sonaro por 20 anos na Câmara Fe­deral. Conheço ele. Não tem quali­ficações, na minha avaliação, para conduzir o país neste momento. Da mesma maneira, que nas circuns­tâncias o Haddad não tem persona­lidade, estatura politica para dirigir o país, em função das circunstân­cias agoras. Ele não teria legitimi­dade, força, para conduzir o país.

Na carta ao país, FHC disse que, caso Alckmin esteja fora do segundo turno, ele votaria em Fernando Haddad.

Vilmar Rocha–Isto é opinião dele. Eu espero ainda ter uma al­ternativa. Acho que ainda é pos­sível uma alternativa.

A disputa ao Senado está muito acirrada. Talvez não tenha havido algo assim em Goiás, com quatro candidatos empatados tecnicamente. Quais são as chances reais desta chapa que o senhor compõe com o ex-governador Marconi Perillo garantir a vitória?

Vilmar Rocha–Eu vejo que há coisas que precisamos ponderar. Há uma diferença muito grande entre ser deputado federal e ser se­nador. O deputado federal repre­senta os municípios, a população, os grupos sociais e até os interes­ses corportativos. Senador repre­senta o Estado. É um mandato de oito anos que você elege um repre­sentante do Estado que vai dialo­gar com a República, dai o termo Senador da República. É uma in­sensatez candidaturas claramen­te desqualificadas, despreparadas para ficar oito anos no Senado re­presentando o nosso Estado. O Mar­coni Perillo tem uma experiência como deputado federal, como go­vernador e também como Senador. Ele conhece o Estado, conhece as li­deranças politicas, econômicas e sociais e tem uma articulação na­cional. Ele é um nome qualificado, preparado para representar Goiás no Senado Federal, e foi por isto que aceitei ser o suplente dele. Vo­cês todos sabem que eu poderia ser candidato a senador de novo.

O vereador Jorge Kajuru aparece bem nas pesquisas nesta reta final de campanha para o Senado. Como o sr. vê sua candidatura?

Vilmar Rocha–To­dos conhecem o per­fil deste vereador. Ele é agressivo e o eleitor dele é o de­siludido, o eleitor raivoso, é o eleitor sem esperança. Istonãoépositi­vo. Nósnãopo­demos votar com raiva. É natural e hu­mano, nós mesmos, na nossa famí­lia, no nos­so local de trabalho, que ocor­ram mo­mentos de raiva, de desaba­fos. É natu­ral, é huma­no, mas não podemos deci­dir com raiva uma eleição. O vereador não está qualificado politicamente para representar Goiás no Senado por oito anos.

Quais são as desvirtudes de Kajuru na sua opinião?

Vilmar Rocha–Ele baseia a sua ação política só na acusação, no xingatório, na difamação, na desconstrução. Isto não é positivo para um homem público que vai ter que representar não apenas só este eleitor desiludido, mas tam­bém o conjunto da sociedade, ou seja, o Estado. Um se­nador precisa conhecer o Estado para encami­nhar as grandes deman­das do Estado, as coisas es­tratégicas para o desenvolvimento do Estado para geração de empre­go e renda. Este é o perfil de um se­nador da República.

A disputa para oa governo do Estado será definida no primeiro turno, ou o cenário pode se alterar e haver segundo turno?

Vilmar Rocha–Primeiro eu acho que nós temos um candidato fa­vorito, que é Ronaldo Caiado. As pesquisas indicam isto, mas ainda podemos ter sim o segundo turno. Não está decidida, na minha ava­liação, a eleição no primeiro turno.

Por quê?

Vilmar Rocha–Porque é uma tradição em Goiás termos segundo turno. Desde que houve o segun­do turno nas eleições para gover­nador, apenas em 2002 um can­didato venceu no primeiro turno, quando Marconi conseguiu ter 51% e venceu o Maguito sem ter que ir ao segundo turno. Nas ou­tras eleições todas houve o se­gundo turno, inclusive na úl­tima. Outra coisa, nós temos quatro candidatos fortes em Goiás nestas eleições, e aí eu incluo a candidata do PT, que é uma pessoa simpática, qua­lificada. Estes dias eu a en­contrei junto com o deputado federal Rubens Otoni e con­versamos um pouco. Eu tive uma boa impressão. É uma pessoa qualificada, simpá­tica e ninguém nega que o PT sempre teve um espaço, que ainda que minoritário na política de Goiás. Eu sem­pre defendi no passado que o PT sempre tinha que ter um candidato a governador em Goiás. Temos o Daniel Vilela, que está num partido forte, o candidato do PSDB e o Ronal­do. Então não está definida a vi­tória no primeiro turno, mesmo as pesquisas indicando isso. Vou pela mesma lógica do que disse em relação à eleição presidencial: vai depender muito do humor do elei­torado, da definição dos indecisos na última semana. Por esta aná­lise, acredito que a possibilidade maior é de segundo turno. Preve­jo um crescimento da candidatu­ra do PSDB, um crescimento da candidatura do MDB e também da candidatura do PT.

O PT pode ser beneficiado pelo crescimento do Haddad?

Vilmar Rocha–Sim, o Haddad está crescendo, é natural que aja um crescimento (do PT) no Esta­do. Com este crescimento nós pode­mos chegar ao segundo turno. Vai depender da reta final da eleição. É possível Alckmin subir. Eu sinto que a sucessão presidencial, embora as pesquisas indiquem um rumo–e é um indicativo que deve ser considerado, mas na minha avaliação política ainda tem muito tempo” Temos um candidato favorito, que é Ronaldo Caiado, mas ainda podemos ter sim o segundo turno. E é tradição em Goiás ter segundo turno”   Nós não podemos votar com raiva. O vereador Jorge Kajuru não está qualificado politicamente para representar Goiás no Senado por oito anos”
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