José Vitti se rebela
Diário da Manhã
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 02:26 | Atualizado há 6 anosO presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, José Vitti (PSDB), ocupou a tribuna da Casa na terça-feira para proferir um discurso considerado duro e carregado de críticas ao governo do Estado, também do mesmo partido. Ele deixou a presidência para fazer uso da palavra já no final do expediente do Legislativo e da tribuna anunciou que poderá propor a revogação de uma lei de iniciativa do governo que trata da concessão via licitação para o Detran terceirizar a confecção de placas para automóveis.
“A celeridade que estão adotando para se implantar uma licitação, onde nenhum Estado adotou, nos chama a atenção. Por isso, entendemos que devemos rever isso. Se não for esse o entendimento, devemos, por meio de Decreto Legislativo, revogar aquilo que foi aprovado na Casa”, frisou em seu pronunciamento. A fala completa do presidente foi entendida como uma reprimenda pública ao governador José Éliton, também tucano e candidato à reeleição.
Vitti, que é integrante da chapa majoritária da base aliada do governo como candidato a suplente de senador com a senadora Lúcia Vânia, já fez uso de pronunciamentos públicos para criticar Éliton e mandou um recado duro sobre o assunto envolvendo as placas e a licitação para terceirizar as principais rodovias do Estado. Segundo o presidente Vitti, o Legislativo pode adotar estratégia mais agressiva para conter o ímpeto do Detran em fazer nova licitação antes que o atual contrato esteja vencido e colocou sob dúvida a lisura do processo, em que apenas uma empresa vai participar da licitação. “Parece que a placa que querem implantar aqui vem da Nasa (Agência Espacial Americana) e ninguém clona nem faz mais nada”, frisou ele com fina ironia sobre as placas.
Ele observou que uma das justificativas para a licitação com a celeridade que o governo quer imprimir seria que o mesmo sistema já é vigente no Rio de Janeiro. “Nós não podemos tirar como referência um Estado como o Rio de Janeiro. Um Estado com meio mundo preso, que está sob intervenção federal e que está um caos. Mas, uma placa veicular que está em R$ 190,00 e vamos fazer a alteração de cinco ou seis milhões de veículos e estão acelerando pra licitar isso antes de acabar, parece que o negócio está meio suspeito”.
Quanto à Assembleia Legislativa ter dado anuência para o Estado ter prosseguido com o processo através da aprovação de uma lei em agosto desse ano, José Vitti foi enfático e disse haver necessidade de os deputados fazerem um mea culpa. “Nós, enquanto Poder, temos que fazer essa reflexão: se fizemos o certo ou não para o cidadão. Leis a gente aprova e também revoga e disse ainda que na atual crise o gasto pode ser dispendioso para os cidadãos. “Num momento de crise, num momento que queremos passar o País a limpo, nós vamos penalizar o contribuinte, o cidadão mais uma vez? Temos um prazo para cumprir essa determinação e estou muito preocupado com isso”, asseverou.
No mesmo discurso, José Vitti disse que a Assembleia pode revogar a autorização para concessão e seis trechos de rodovias estaduais com a cobrança de pedágios. “Onde tenho feito reuniões, pessoas têm me perguntado se a cobrança de pedágio vai começar. Eu estou preocupado, quero me aprofundar mais, e como tenho sido cobrado nas ruas, nós precisamos fazer essa reflexão. Da mesma forma que aprovamos esses projetos, nós também podemos revogar, podemos propor alterações nessas leis”
CRÍTICAS
As críticas de José Vitti caíram como uma bomba no Palácio das Esmeraldas e no comitê de Zé Éliton, onde já era conhecida a insatisfação do deputado principalmente pelo tratamento que Lúcia Vânia tem recebido da cúpula tucana. Lúcia, candidata à reeleição para o terceiro mandato, tem tido um tratamento secundário na distribuição de verbas do Fundo Partidário e da arrecadação de doações.
José Vitti critica principalmente o que considera ser “concentração de recursos e esforços apenas para José Éliton e Marconi Perillo” e deixado Lúcia para escanteio, como se já não tivessem esperança em sua reeleição. A amigos ele confidenciou na tarde de quarta-feira que “a coisa vai de mal a pior” e que um dos principais indicadores de crise na campanha majoritária da base aliada seria a falta de combustível para os carros que transportam os cabos eleitorais. “Quando isso acontece é porque já abandonaram a campanha por receio da derrota certa”, finalizou um interlocutor do deputado.
Num momento de crise, num momento que queremos passar o País a limpo, nós vamos penalizar o contribuinte, o cidadão mais uma vez? Temos um prazo para cumprir essa determinação e estou muito preocupado com isso”
Pessoas têm me perguntado se a cobrança de pedágio vai começar. Eu estou preocupado, quero me aprofundar mais”
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