Cotidiano

Estudantes e trabalhadores protestam contra nova linha

Diário da Manhã

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 04:02 | Atualizado há 2 semanas

Com cartazes criticando a mudança anunciada pela Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), que substituiu a linha 185 (responsá­vel por ligar o Terminal Isidória aos bairros Jardim Goiás e Vila Reden­ção) pela 934 (Terminal Isidória ao Recanto Minas Gerais), os estudan­tes de universidades particulares e trabalhadores protestaram no iní­cio da tarde de ontem contra a im­plementação do novo itinerário. A principal reivindicação dos mani­festantes foi a dificuldade para con­seguir chegar à aula e ao trabalho em tempo hábil, além do preço da tarifa que está na casa de R$ 4,00.

Os ativistas entraram no Isidó­ria e expuseram faixas em que co­bravam a volta da antiga linha. “O novo itinerário vai abranger uma área da cidade que precisa de ôni­bus, mas as empresas que contro­lam o transporte público não tem direito de afetar o cidadão. Você simplesmente não pode tirar de um lado para colocar no outro”, diz a estudante universitária Maia Lee, 24, que teve sua identidade preser­vada, ao Diário da Manhã. Segun­do ela, a RMTC não pensou nos es­tudantes de quatro universidades diferentes – muitos deles de bai­xa renda e que contam com o au­xílio do passe livre para ir à aula – ao decidir alterar a rota de ônibus.

“Se fosse trocar as linhas o mais adequado seria fazê-lo nas férias”, afirma Lee. Ela também comen­tou que a melhor saída para solu­cionar o problema da falta de ôni­bus, na região do Terminal Novo Mundo, seria criar novos itinerá­rios. “A população, como um todo, não tem interesse em ter sua vida diretamente impactada em fun­ção de uma decisão de burocra­tas do transporte público. O custo do ônibus é muito caro, e o servi­ço oferecido é decrépito. A mani­festação tinha o objetivo de mos­trar que não concordamos com a nova medida da RMTC”, explica.

De agora em diante, os alunos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) terão de cami­nhar 700 metros para embarcar na nova linha. Antes precisavam an­dar 400. Com a mudança, eles têm possibilidade de se deslocar do Isi­dória à Praça da Bíblia, o que qua­se dobraria o tempo de viagem. Ao que tudo indica, todavia, a situa­ção pode ser pior para quem es­tuda na Fasam. Localizada na BR- 153, na Vila Redenção, a alternativa mais viável para os acadêmicos se­ria apanhar o 015. O problema é que o trecho é considerado um dos mais perigosos da região. Vários ca­sos de assalto já foram registrados.

Estudante da PUC-GO, o acadê­mico de jornalismo Gabriel Araújo, 20, disse que foi diretamente atingi­do pela nova mudança. Ele contou que a linha 185 era a que apanha­va para ir ao estágio e à faculdade. Agora, ele vai precisar se deslocar até o Terminal Praça da Bíblia para poder cumprir suas obrigações do cotidiano. “Eu mesmo vou precisar pegar o 020 e andar uns 15 minutos para chegar na Faculdade. De noi­te é pedir pra ser roubado. Muita gente vai ter de procurar outras ro­tas para chegar na Faculdade ago­ra, porque o 185 era a única que a gente tinha”, afirma.

A RMTC disse na última terça­-feira (18) que “a nova linha tem 34 quilômetros de extensão e atende­rá 18 bairros” da capital goianien­se. Segundo a empresa, o trajeto deve contemplar pontos impor­tantes, como Shopping Flamboya­nt, Paço Municipal, Praça Pindora­ma e Cais Novo Mundo, e pretende “ampliar e aperfeiçoar o transpor­te coletivo”. “As seis novas linhas planejadas contemplam 229 km de extensão e representam mais de 11.500 km rodados por dia útil, além de proporcionar o acesso a 44 mil novos lugares diariamente”.

FALTA ÔNIBUS

Na região norte de Goiânia, moradores do Setor Criméia Les­te reclamam há mais de dez anos que o bairro não conta com li­nhas de ônibus suficientes para atender a demanda da popula­ção. Abaixo assinado já chegou a ser encaminhado para a empre­sa Companhia de Transporte Co­letivo (CMTC), mas o pedido não foi atendido pela empresa. A úni­ca mudança para contemplar as queixas da população foi imple­mentação da linha 268 (do Centro ao Campus Samambaia) e 269 (do Centro ao Campus Samambaia, via Goiânia 2) há décadas.

O comerciante Sandro Bispo, 52, relatou que a luta travada pela população é antiga. “Há anos es­tamos reivindicando pelo menos uma linha que vá até a Praça da Bí­blia, Praça Universitária e Campi­nas, porém a gente não tem esse pedido atendido pela CMTC”, diz ele, que é um líderes da movimen­tação para trazer mais linhas ao setor. Para chegar ao Terminal, conta Bispo, é preciso caminhar até a Quinta Avenida. “Precisamos andar bastante e, assim, corremos riscos de ser assaltado. Para ir para Campinas, temos que pegar dois ônibus ”, desabafa.

Em reportagem publicada no mês de janeiro, o DM mostrou que a tarifa do transporte públi­co custava R$ 0,40. Na ocasião, a Companhia de Transporte Cole­tivo (CMTC), presidida por Fer­nando Olinto Meirelles, solici­tou reajuste da passagem para R$ 4,05. O aumento provocou des­contentamento em usuários, o que fez com que a companhia voltasse atrás e estabelecesse o preço em R$ 4,00. O texto infor­mou que, ao longo dos últimos 23 anos, a passagem teve alta de 912,5%, valor bem acima dos cer­ca de 440% de inflação acumula­da desde a década de 1990.

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