Opinião

Ou dá Lula, ou dá Haddad

Diário da Manhã

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 23:51 | Atualizado há 6 anos

A ro­da­da de pes­qui­sas elei­to­ra­is des­sa se­ma­na é a de­mons­tra­ção ca­bal de que o gol­pe de 2016, que na pri­mei­ra eta­pa der­ru­bou a pre­si­den­te Dil­ma Rous­seff sem cri­me de res­pon­sa­bi­li­da­de e na se­gun­da pren­deu o ex-pre­si­den­te Lu­la pa­ra im­pe­di-lo de dis­pu­tar as elei­ções, deu er­ra­do. Nos le­van­ta­men­tos dos três ins­ti­tu­tos, CNT/MDA, Ibo­pe e Da­ta­fo­lha, fi­ca cla­ro que o po­vo bra­si­lei­ro não com­prou a his­tó­ria ven­di­da pe­los mei­os de co­mu­ni­ca­ção he­ge­mô­ni­cos e quer de vol­ta o Bra­sil que ti­nha até re­cen­te­men­te. Nas du­as pri­mei­ras son­da­gens, Lu­la al­can­çou 37% dos vo­tos. Na ter­cei­ra, cra­vou 39%. Em to­das elas, o ex-pre­si­den­te fi­cou mui­to per­to de atin­gir o per­cen­tu­al ne­ces­sá­rio pa­ra ven­cer em pri­mei­ro tur­no.

Se is­so não bas­tas­se, Lu­la tem vi­és de al­ta e vem cres­cen­do a ca­da dia em que pros­se­gue o seu ca­ti­vei­ro. Num Pa­ís pre­si­di­do por Mi­chel Te­mer e em que Aé­cio Ne­ves é can­di­da­to, as pes­so­as se per­gun­tam: por que Lu­la? Era mes­mo con­tra a cor­rup­ção ou a fi­na­li­da­de era sim­ples­men­te per­mi­tir a vol­ta do pro­je­to tu­ca­no (in­vi­á­vel na ur­na) ao po­der? Es­sa mes­ma per­cep­ção che­ga ao mun­do ci­vi­li­za­do, on­de li­de­ran­ças de di­ver­sos paí­ses já se dão con­ta de que Lu­la é vi­ti­ma de um pro­ces­so cla­ra­men­te po­lí­ti­co. Não por aca­so, o Co­mi­tê de Di­rei­tos Hu­ma­nos da ONU de­ter­mi­nou ao Bra­sil que os seus di­rei­tos se­jam pre­ser­va­dos.

O que as pes­qui­sas tam­bém de­mons­tram, de for­ma cris­ta­li­na, é que o gol­pe de 2016 não se re­pro­duz no vo­to. Mi­chel Te­mer é o po­lí­ti­co mais re­jei­ta­do da his­tó­ria do Bra­sil e o ex-go­ver­na­dor Ge­ral­do Alckmin não de­co­la por­que a po­pu­la­ção per­ce­be que, na prá­ti­ca, es­tá sen­do go­ver­na­da pe­lo PSDB. Se­gun­do o Da­ta­fo­lha, na­da me­nos que 31% dos bra­si­lei­ros se di­zem dis­pos­tos a vo­tar em quem Lu­la in­di­car. Ou­tros 18% po­dem vir a vo­tar. Por­tan­to, ca­so Lu­la se­ja mes­mo im­pe­di­do, con­fir­man­do a no­va eta­pa do gol­pe, Had­dad par­ti­rá de um pi­so de 31% e po­de­rá che­gar a 49%. Bas­ta que os bra­si­lei­ros sai­bam que ele é o es­co­lhi­do por Lu­la.

Nos úl­ti­mos qua­tro anos, es­se pro­ces­so de au­to­des­tru­i­ção na­ci­o­nal, de­fla­gra­do pe­lo PSDB, já que­brou to­das as cons­tru­to­ras bra­si­lei­ras, mais do que do­brou a ta­xa de de­sem­pre­go e en­fra­que­ceu a bur­gue­sia na­ci­o­nal. Não fos­se o bas­tan­te, a cre­di­bi­li­da­de de to­das as ins­ti­tu­i­ções foi jo­ga­da no li­xo, di­an­te da per­cep­ção de que se es­tá di­an­te de um “gol­pe com Su­pre­mo, com tu­do”, co­mo pro­fe­ti­zou o se­na­dor Ro­me­ro Ju­cá (MDB-RR). A úl­ti­ma eta­pa da tra­gé­dia po­de vir a ser a trans­for­ma­ção do Bra­sil em pá­ria in­ter­na­ci­o­nal, ou nu­ma au­tên­ti­ca re­pu­bli­que­ta ba­na­nei­ra, ca­so au­to­ri­da­des na­ci­o­nais in­sis­tam em de­sa­fi­ar a ONU.

Pa­ra que tu­do is­so? Pa­ra na­da. As pes­qui­sas dei­xam cla­ro que, se o Bra­sil ti­ver um pro­ces­so elei­to­ral de­mo­crá­ti­co, que res­pei­te a so­be­ra­nia po­pu­lar, o pró­xi­mo pre­si­den­te se­rá Lu­iz Iná­cio Lu­la da Sil­va. Se ti­ver­mos uma elei­ção ca­pen­ga, com seu im­pe­di­men­to ar­ti­fi­cial, o pre­si­den­te se­rá Fer­nan­do Had­dad. Ou dá Lu­la, ou dá Had­dad. Os gol­pis­tas per­de­ram.

As pes­qui­sas mos­tram que o PT tem tu­do pa­ra vol­tar ao po­der em 2019

 

(Le­o­nar­do At­tuch, jor­na­lis­ta e edi­tor-res­pon­sá­vel pe­lo 247, além de co­lu­nis­ta das re­vis­tas Is­toÉ e Nor­des­te)

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