Uma análise psicológica da violência contra a mulher – Parte I
Diário da Manhã
Publicado em 24 de agosto de 2018 às 03:37 | Atualizado há 6 anosNo processo antropossociopsicológico da evolução, a princípio espiritual adquire experiências, emoções e conhecimentos através do trânsito pelos diferentes reinos da Natureza, nos quais desabrocham os recursos divinos que se lhe encontram o germe.
No salto das expressões animais para o ciclo de humanidade, durante muito tempo tem lugar a fixação dos instintos e dos automatismos fisiológicos, que se transferem para a manutenção da existência, enquanto eclodem as faculdades superiores da vida, que se encarregarão de libertar-se das constrições penosas do primarismo.
Esse estágio, o trânsito entre a fase anterior – instintiva – e a que se apresenta – consciência –, caracteriza-se por uma predominância poderosa dos hábitos automáticos e dos fenômenos de defesa e preservação da vida, pela predação inconsciente que mantém o Espírito violento e agressivo.
Em alguns casos, ocorrem os fenômenos do medo de enfrentamento e a permanência das paixões vigorosas portadoras de caráter competitivo, defensivo e agressivo, que desencadeiam a violência.
Muitas discussões médicas em torno da questão da violência e da saúde mental, constantes estudos epidemiológicos procurando encontrar criminosos que apresentam distúrbios mentais, havendo chegado à conclusão, quase generalizada, de que a insanidade psíquica não seria responsável pela alta incidência de ocorrências violentas: no trânsito, no lar, nas ruas, nas festas, etc.
Posso, no entanto, afirmar que as tendências biológicas – enfoquem também biopsicológico – levam à violência, que se apresentaria como decorrência de componentes biológicos e psicológicos descompensados, resultantes das gravações das heranças espirituais no cérebro do indivíduo “Transpessoal”. Os fatores sociais apresentar-se-iam como decorrência das condutas no contexto da sociedade.
Caracteres morais sem resistência diante de discriminação impostas por circunstâncias sociais e/ou econômicas, sempre injustas, estimulam à reação pela violência, recurso audacioso de que os fracos se utilizam para impor-se, superando os conflitos daquilo que consideram como inferioridade, que é espicaçada pela perversidade de leis impiedosas ou pela sociedade egoísta e indiferente, por um longo período em relação ao sexo feminino.
É para mim compreensível que o indivíduo ainda seja dirigido pelas suas paixões, enquanto nela prevalecer os remanescentes ancestrais do processo evolutivo. Não conseguindo aquilo a que aspira de uma forma pacífica, apela para a violência, pouco dependendo de forças físicas, no que, os muito fracos podem vencer os fortes ou os menos inteligentes superam os lúcidos e cultos, graças aos ardis do instinto predador de que são possuidores. Educação no lar é a base para coibir a violência na criança hoje e no adulto de amanhã.
Em tal conjuntura, o paciente pode ser pode ser considerado portador de personalidade antissocial que, segundo o CID10 (Código Internacional de Doenças), trata-se de um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros.
Por sua vez, o DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais) elucida que se pode identificar o portador do transtorno da personalidade antissocial, graças a um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.
O cinismo é uma expressão que caracteriza a conduta do indivíduo violento, que surge no período infantil – quando patológica –, prolongando-se pela adolescência, em que revela os pendores agressivos com mais intensidade, assim alcançando a idade adulta, sem uma adaptação equilibrada ao meio social.
Podemos ainda afirmar que o excesso de “normalidade” e algumas precocidades, com o dito popular de que isso é normal e quem não acompanha é preconceituoso e careta, pode ajudar a instigar a violência física e moral. “Tudo é permitido; mas nem tudo nos convém”. Apóstolo Paulo.
Esse tipo de indivíduo quando desmascarado na sua conduta excêntrica e mentirosa que se permite, parece arrepender-se, a fim de cativar as suas vítimas, mantendo-se, porém, insensível a qualquer transformação moral para melhor. Promessas que não serão cumpridas.
Sempre sabe dissimular o comportamento, tornando-se gentil e simpático e dá início aos relacionamentos Conflituosos, o que levou a corrente americana de psiquiatria e “antipsiquiatria” a sugerir que esse tipo de sociopata fosse excluído das classificações da doutrina mental, elucidando que o problema era mais de natureza moral e ética do que médica.
Porém, mesmo acreditando-se que o transtorno seria exclusivamente moral, torna-se necessária ajuda “psicomédica” (Médico e Psicólogo/Psicoterapeuta) a fim de corrigir perturbações nas sinapses neuroniais que geram o desconforto comportamental e desequilíbrios psicoemocionais e de conduta que geram disfunções neurológicas.
Na juventude, sentindo-se frustrado, portanto, irrealizado, pode entregar-se a estupros ou mesmo sexo permissivo com direito a plateia, em face de conflitos a respeito da própria sexualidade desequilibrada complementada ou refugiada no abuso de álcool e drogas. Sugestões fazendo apologia à violência entram diariamente em nossos lares pela “telinha”: MMA (retorno aos gladiadores), BBB (violência sexual e moral vigiada), sexo sem fronteiras ou sem paredes (Sodoma e Gomorra), perseguição e matança (Olho por Olho, Dente por Dente – Bíblia), desenhos animados e jogos violentos em computadores, etc.
A inclinação para a violência atrai equivalentes além-túmulo, gerando intercâmbio pernicioso, no qual a ferocidade das personalidades intrusas mescla-se com o temperamento desorganizado do hospedeiro, tornando-se mais grave a doença que ameaça o cidadão e a sociedade.
Quando não se pode desforçar naqueles que consideram como adversários, maltrata animais, plantas, destrói objetos pertencentes aos que tem como desafetos, de forma que produza mal-estar, ou entrega-se a verdadeiros comportamentos de vandalismo, que podem levar a lamentáveis ações de terrorismo covarde, qual vem ocorrendo na atualidade.
Crianças com diagnóstico de hiperatividade com déficit de atenção quando não tratados por especialistas – médicos e psicólogos – podem se tornar adolescentes com comprometimentos e alterações disrítmicas do sistema nervoso central, traduzidas num transtorno psicótico com delírios e mania de perseguição, que o leva a ações criminosas hediondas, sem dar-se conta do total desequilíbrio que o devassa.
A psicoterapia – Especialista que trata o paciente como um ser holístico e infinito – é imprescindível para delinear os parâmetros de conduta dessas crianças e/ou adolescentes no sentido de conduzir sua “inteligência” para caminhos evolutivos e saudáveis para si e para a sociedade como um todo.
Tendo-se em vista o largo processo de instalação do distúrbio da sociopatia da personalidade, o tratamento exige um longo período de libertação das raízes perturbadoras, que deram surgimento à insensibilidade e a todo o cortejo de distúrbios do psiquismo são externalizados em comportamentos e atitudes comprometedoras.
Finalmente, o paciente necessita, além do tratamento especializado, de verdadeiro contributo de afetividade na família, a fim de reencontrar a autoconfiança, o autovalor e desenvolver a autoestima profundamente desorganizada. No artigo II voltaremos mas para personalidade masculina.
(Dr. José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico. Prof. Educação Física. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e palestrante. Watsapp – 984719412 – Cons. 365.4010 e 4020 Email: rabelojosegeraldo@yahoo.com.br e rabelojosegeral[email protected])
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