Fisiologismo x Hombridade
Diário da Manhã
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 22:58 | Atualizado há 6 anosDizem que a política – em alguns casos – é a arte de engolir sapos, mas quando vem acompanhado de um brejo inteiro, torna-se difícil de aceitar.
Acompanhei com atenção as atitudes de Vilmar Rocha (PSD) nas conversações com o MDB e DEM, mesmo tendo todos os deputados, e a maioria esmagadora de seus filiados, favoráveis ao apoio à base aliada. Mas Vilmar manteve-se firme em suas convicções pessoais – o que macula a imagem de um homem público, principalmente de quem sempre recebeu toda atenção e oportunidades nos governos de Marconi Perillo.
Em encontro realizado no dia 26 de junho, uma quarta-feira, pelo deputado federal Thiago Peixoto, em Brasília, no restaurante Coco Bambu, com 33 prefeitos e ainda vice-prefeitos, vereadores, líderes políticos e convidados, que contou com a participação do então presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, do ex-governador Marconi Perillo e do governador José Eliton – mas com a ausência de Vilmar Rocha – foram claras as palavras de Marconi e José Eliton da intenção de ter Thiago Peixoto em outro cargo, leia-se: candidato a vice-governador; isso não ocorreu pelo veto do presidente do seu partido, Vilmar Rocha.
Embora julgasse a pretensão do governador e do ex-governador com o reconhecimento ao deputado, meu desejo pessoal era a sua reeleição à Câmara, pois grande era o meu entusiasmo e apoio dos prefeitos de São Miguel do Passa Quatro, Silvânia e do ex-candidato a prefeito Luiz da Tinta (de Bela Vista de Goiás, grande surpresa das eleições de 2016), a quem presto consultoria e temos tido um apoio diferenciado por parte do deputado.
No início de abril, manifestei, neste mesmo jornal, a minha simpatia ao nome de Raquel Teixeira para vice de José Eliton – por razões de competência, fidelidade, energia e representatividade da força pujante da mulher, tema destacado por muitos candidatos que, porém, não lhes abrem os devidos espaços nas campanhas majoritárias ao governo de Goiás.
Em entrevista no último dia 15, para a Rádio 730 Sagres FM, Raquel Teixeira deixou claro que o governador gostaria de ter Thiago Peixoto ou ela na condição de vice e que Thiago não foi escolhido pela objeção do presidente do seu partido. Mais uma vez a candidata demonstrou desprendimento e honestidade em suas declarações. Acredite, professora Raquel, passei a admirá-la ainda mais!
Meu apoio ao deputado Thiago Peixoto foi por opção ante a sua capacidade técnica e a confiança que inspira. E o faço sem nenhuma pretensão de assessoramento ou ganhos pessoais, mas sim pelos municípios a que presto serviços e pelas pessoas que sempre me acompanham (há algum tempo desliguei-me de cargos no governo para dedicar-me a afazeres em que me sinto mais produtivo). Publicamente, agradeci os espaços sempre concedidos por Marconi Perillo e expus meus novos desafios.
Encontro inúmeras razões para expor os porquês desta escolha por Thiago Peixoto: bom gestor, político honesto, capacitado, sincero e um aguerrido deputado na defesa de suas bases eleitorais – qualidades por demais escassas na política. A todas as lideranças e prefeitos a que tive a felicidade de apresentá-lo a aceitação foi unânime. Quando disse ao ex-governador Marconi Perillo de meu apoio, fui cumprimentado pela escolha, ouvindo dele que tinha enorme apreço e gratidão por Thiago, que se sentia feliz em ver minha participação em sua campanha.
Pelo tempo que conheço Marconi, não creio que ele tenha aceitado de bom grado o veto a Thiago, muito menos a indicação do nome de Vilmar para sua primeira suplência, cuja indicação, foi em nome do partido, mas que causa indignação na base, pois ele já disse que não pedirá voto a José Eliton – inaceitável isto!
Confesso-lhes que diante da desistência de Thiago Peixoto à reeleição, sinto-me hoje desestimulado com a política. Triste. Letárgico. Apático e, sem nenhum entusiasmo. É muito difícil aceitar imposições, manobras políticas, chantagens e oportunismo. Não há outras definições para adjetivar as atitudes de Vilmar Rocha.
Sempre me posicionei com firmeza sobre minhas convicções – doa a quem doer. Nunca tive a intenção de impor nada e sequer tentar mudar as razões das pessoas. Só não aceito a política sórdida, rasteira, leviana e oportunista ante a qual não consigo me omitir.
Thiago Peixoto sai maior do que quando entrou na política. Sua chance de reeleição é imensa, não só pelo apoio de trinta e três prefeitos, centenas de vereadores, ex-prefeitos e lideranças em todo o Estado, mas pelo trabalho empreendido – quer na condição de parlamentar ou à frente de diversas secretarias.
Em carta aberta direcionada a seus apoiadores, Thiago citou uma frase do filósofo, ensaísta, jornalista e ativista político espanhol José Ortega y Gasset: “O homem é o homem e sua circunstância”. E esclareceu que este momento, para ele, não é o de disputar a reeleição.
As circunstâncias desse brilhante político, em seus 12 anos de vida pública, são impecáveis: foi secretário municipal, secretário em diversas pastas no governo do Estado, deputado estadual e deputado federal em seu segundo mandato.
Somente o salto na educação que Goiás viveu entre 2011 e 2013, colocando nosso Estado nas primeiras posições do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), já demonstra o brilhantismo de suas atuações. Foi marcante sua atuação na criação do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC). Na Secretaria de Desenvolvimento (SED), foi um grande incentivador da política de incentivos fiscais, que evidenciou Goiás no cenário nacional. Na Câmara Federal, trabalha com dinamismo nas discussões sobre educação, cultura, meio ambiente, inovação e economia digital, sendo um parlamentar respeitado pelas grandes lideranças nacionais.
Teve papel importantíssimo como mediador da permanência do PSD na base governista, caso contrário, teria o partido migrado para a oposição. Vilmar Rocha, tão logo saiu do governo já despejou toda a sua contrariedade com a candidatura de José Eliton, esquecendo de tudo que por ele fizeram, transformando a gratidão e companheirismo nos lastros espúrios da ingratidão e das artimanhas. Um oportunismo que enoja e que é acobertado com uma “decisão partidária” – mas quem esteve próximo sabe que não é. Os que defendem a unidade da base o veem como persona non grata, mas silenciam-se em respeito à unidade de seus deputados e principais lideranças. Resta-me lamentar profundamente por tudo isto.
Na política pode faltar tudo, menos um sentimento: motivação.
Talvez tenha sido o que bateu forte no coração de Thiago Peixoto. Tenho convicção de que ele não carrega mágoa do governador José Eliton e de Marconi Perillo, pois sabe o quanto os dois desejaram a sua participação na chapa majoritária. Thiago está acima de pretensão de cargos e espaços, demonstrando-nos hombridade frente à sua decisão.
Ao amigo de longa data, Marconi Perillo (mais de 30 anos), resta-me o pedido: reveja esta indicação de sua primeira suplência. Não por mim ou pelos que me cercam, mas pelos 33 prefeitos e lideranças que acompanham Thiago Peixoto. Esteja certo que eles irão procurá-lo. Não há mal que não possa ser revertido. Até o dia 17 de setembro pode haver esta mudança. Caso contrário, dói-me dizer, pessoalmente terei muita dificuldade de aceitar esta situação, que culminou na desistência de reeleição de uma das principais lideranças da base aliada – o deputado federal Thiago Peixoto.
Tenho profunda admiração, respeito e confiança no governador José Eliton. Creio na sua capacidade em continuar a marcha de progresso que caracteriza Goiás hoje. Lamento, profundamente, a política sórdida e mentirosa de seus oponentes, que vêm vociferando suas falácias impiedosamente. Reitero o meu voto a ele e à Senadora Lúcia Vânia.
Fico a imaginar se Vilmar Rocha é merecedor deste espaço. Ficará ele inerte, pois dificilmente pedirá votos para José Eliton e, ao final, será contemplado com uma vaga que é o sonho de muitos políticos? Isto não é justo! É espúrio! Inaceitável!
Não desmereço a pessoa do ex-governador Marconi Perillo, pois sei de sua postura firme em aceitar as deliberações dos acordos firmados. Mas o que tenho ouvido são declarações de profunda insatisfação de prefeitos e lideranças políticas. Nunca lhe omiti minhas opiniões, mesmo nos mais difíceis momentos, não seria agora que o faria.
Fica aqui a minha indignação e meu descontentamento por uma situação difícil de digerir. Marconi Perillo nunca foi de aceitar imposições e sua suplência em mandato anterior, teve uma pessoa de caráter ilibado que é Ciro Miranda. Ainda há tempo de mudar e torço para que mude.
Na política não deve haver imposição, mas consenso. E, ele, tenho plena convicção que não existe nesta indicação.
Ao senhor Vilmar Rocha, apenas uma pergunta: em 30 de março no DM o senhor disse que “o ciclo do Tempo Novo se esgotou”, então, qual a razão para o senhor permanecer nele? E, o que pior: sem nenhuma participação.
A Thiago Peixoto, minha solidariedade e apoio. Estamos juntos amigo!
(Cleverlan Antônio do Vale, gestor público, administrador de empresas, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, sócio na empresa Valle Assessoria e Comunicação, articulista do DM)
]]>