Síndrome do Desequilíbrio do Idoso
Redação
Publicado em 6 de agosto de 2018 às 21:19 | Atualizado há 6 anosA especialista em Otorrinolaringologia e chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, dra. Jeanne Oiticica, alerta que a tontura e o desequilíbrio estão entre as queixas mais comuns em idosos e representam um problema de saúde pública crescente por aumentar, significativamente, o risco de quedas. É a chamada Síndrome do Desequilíbrio do Idoso (SDI).
Em estudo populacional na cidade de São Paulo, a incidência de tontura atingiu seu pico em dois grupos etários: 49%, em indivíduos dos 46 a 55 anos de idade, e 44%, em indivíduos acima de 65 anos de idade.
Com a idade, todos os sentidos essenciais ao equilíbrio, a visão, o labirinto e a propriocepção (músculos, tendões, articulações) sofrem deterioração. De acordo com Ddra. Jeanne, embora a tontura em idosos seja multifatorial, a disfunção vestibular periférica é uma das causas mais frequentes. “A deterioração da função vestibular periférica relacionada à idade tem sido demonstrada por meio de exames complementares, que comprovam que tal diminuição deve-se à perda de células ciliadas (sensores de movimento localizados dentro do nosso labirinto) e neurônios vestibulares”, explica a especialista.
A Síndrome do Desequilíbrio do Idoso é a terceira mais frequente alteração do equilíbrio corporal nessa faixa etária, e responde por 30% dos casos. As duas primeiras são Insuficiência Vértebro Basilar – IVB (40%) e a alteração metabólica relacionada ao metabolismo de açúcar e colesterol (40%). Lembrando que estes percentuais ultrapassam 100% visto que em metade dos casos mais de uma etiologia está presente.
“A postura e o equilíbrio dependem da integração de estímulo visual, vestibular, neurológico e musculoesquelético no sistema nervoso central, e podem ser decorrentes de disfunções em qualquer um destes sistemas. A função de todos estes componentes deteriora-se com a idade. A causa da tontura no idoso é complexa e ocorre por múltiplos fatores. Acredita-se que o mecanismo da perda celular relacionada à idade decorre da somatória, predisposição genética e efeito cumulativo do estresse oxidativo e comorbidades associadas”, explica dra. Jeanne.
SINTOMAS E TRATAMENTO
Os principais sinais reportados na Síndrome do Desequilíbrio do Idoso são desequilíbrio, desvio de marcha, instabilidade, lentificação de movimentos, quedas frequentes e dificuldade para atravessar a rua, movimentação em monobloco. A limitação aumenta em locais com muitas informações visuais.
O tratamento deve ser personalizado. A reabilitação vestibular é ferramenta eficaz no tratamento da disfunção vestibular unilateral e bilateral, e trata-se do mais indicado (60% dos casos). A maioria dos pacientes precisa ser submetida a mais de uma abordagem terapêutica. “No caso de alterações metabólicas e hormonais, as mesmas precisam ser clinicamente corrigidas. Outro achado frequente entre idosos é o uso de diferentes classes de remédios (diuréticos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, ansiolíticos e antidepressivos), que muitas vezes interagem e potencializam o aparecimento de tonturas, por agravar e acentuar a disfunção decorrente da idade e do envelhecimento do sistema. Alguns medicamentos capazes de melhorar a integração sensorial do equilíbrio no sistema nervoso central podem ser indicados, caso a caso”, explica a médica.
Alimentação de qualidade, exercícios físicos regulares, alongamentos e uma boa hidratação podem contribuir para limitar/ retardar o desenvolvimento da SDI. Junto com essas medidas, o controle adequado das comorbidades associadas, evitar jejum, consumo excessivo de doces, sal e condimentos, bebidas alcoólicas e tabagismo são essenciais. “Oriento também a fazer o controle regular do uso de dois ou mais medicamentos, com o ajuste da dose e horário, restrição ou troca, a depender dos sintomas associados, visto que a interação entre as drogas pode causar tonturas”, alerta a especialista.
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