Cotidiano

Mesmo sem furor, bares festejam Copa

Diário da Manhã

Publicado em 19 de junho de 2018 às 01:00 | Atualizado há 7 anos

“Neste momento, o mundo está de olho no fabuloso escre­te brasileiro”. A frase do jornalista Nelson Rodrigues traduz com fi­delidade o sentimento que paira sob imaginário coletivo quando o Brasil entra em campo. Cronis­ta que acompanhou de perto as conquistas de 1958, 1962 e 1970, ele registrou como ninguém o sen­timento pessimista que tomava conta da população após a falha do goleiro Barbosa na Copa de 1950. No entanto, Nelson via todas essas manifestações que colocavam em xeque a capacidade futebolística do escrete canarinho com maus olhos. Daí surgiu seu famigerado complexo de vira-latas.

Com a bola rolando e sem o en­tusiasmo registrado nas edições anteriores da Copa do Mundo, os bares estavam no último domin­go repleto de gente assistindo a es­treia da seleção brasileira no mun­dial. Embora o resultado não tenha sido dos mais atraentes para os tor­cedores – o escrete canarinho em­patou com a Suíça em 1 a 1–, a pre­visão da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é de que o segmento deve faturar du­rante os trinta dias de Copa algo em torno de R$ 10 bilhões, mais ou me­nos o mesmo valor de quatro anos atrás. O Estado de Goiás, por sua vez, pode ter alta de 26,5% nos pre­ços em relação à Copa de 2014.

Na edição passada, a Copa do Mundo já havia incrementado a receita de bares e restaurantes, que teve lucro praticamente na mesma casa do que foi previsto pela Abra­sel antes de a pelota rolar nos cam­pos da Rússia. Segundo o chefe da Divisão Econômica da Confedera­ção Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, o comércio ainda está ten­tando se recuperar do tombo pro­vocado pela recente crise econômi­ca, que abalou o País nos últimos anos e gerou desemprego e outros problemas sociais. “Ainda tentan­do se reerguer após recente crise econômica, os serviços de alimen­tação fora do domicílio não conta­rão com fluxo turístico nacional e, principalmente, internacional de quatro anos atrás”, explica.

Torcedor fervoroso e cheio de superstições quando o Brasil pisa em campo, o jornalista Nasser Na­jar, 25, relatou que irá variar os laze­res nos dias em que tiver jogos do Brasil. Para ele, que não perde ne­nhum jogo e faz questão de assisti­-los do início ao fim, o mundial tem um clima diferente dos encontra­dos em outros jogos, como os cam­peonato brasileiro. “Em dia de jogo do Brasil, a gente comemora, grita, xinga e canta desenfreadamente”, diz ele, evidenciando a tradição que permeia o ato de torcer pela seleção canarinha no decorrer do Mundial. “Também precisamos evitar assis­tir as partidas com gente que não está nem aí para a áurea do jogo, que dizendo que o Brasil vai perder a Copa”, afirma o jornalista.

No bar do chinelinho, próximo ao Instituto Federal de Goiás (IFG), os torcedores aproveitaram a ansie­dade para beber uma cerveja e as­sar um churrasco, antes de a bola rolar. Porém, ainda que o clima que imperava no local fosse de festa, era praticamente impossível não en­contrar alguém com temor em re­lação ao estilo de jogo da seleção brasileira contra a Suíça. “Aqui é frequentado majoritariamente por jovens, mas em época de Copa a gente enche bastante”, atesta o pro­prietário do estabelecimento, sem tirar os olhos do televisor, que pas­sava a partida de estreia do Brasil.

AUMENTO

O Serviço de Proteção ao Cré­dito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas di­vulgou na última semana pesqui­sa realizada nas capitais brasilei­ras em que mostrava o aumento de movimento nos bares e restauran­tes. Segundo o estudo, que o Diá­rio da Manhã noticiou na edição do último domingo (17), a expec­tativa é de que pelo menos 60 mi­lhões de consumidores brasileiros desembolsem dinheiro com produ­tos ou serviços relacionados à Copa do Mundo. Ainda que 25% dos en­trevistados admitam não gostar de futebol, as partidas do Brasil devem movimentar R$ 20,3 bilhões nos se­tores de comércio e serviços.

Em nota, a Associação Nacional de Restaurantes orientou os torce­dores a ficarem atento aos horários dos jogos que serão televisionados. Segundo a entidade, os estabeleci­mentos que desejarem transmitir os jogos terão de pedir autorização e pagar taxa para a Fifa e para o Gru­po Globo. “Nesse sentido, segundo informativo ANR nº 015/2018, dis­ponível na íntegra no site da enti­dade e assinado pela Dias e Pam­plona Advogados, o Grupo Globo, titular dos direitos de transmissão da Copa do Mundo, fez um acordo com a Fifa para permitir a exibição pública dos jogos, desde que ob­servadas determinadas condições, como, por exemplo, não existir co­brança de ingresso ou exploração comercial”, explica a nota.

 

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