MP move ação para que Saneago pare imediatamente a cobrança da taxa de esgoto
Diário da Manhã
Publicado em 14 de junho de 2018 às 01:33 | Atualizado há 2 semanasO Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública contra a Saneago pedindo a suspensão da tarifa de tratamento de esgoto cobrada dos consumidores de Goiânia atendidos pela ETE–Estação de Tratamento de Esgoto, localizada na avenida Perimetral na divisa do setor Goiânia 2 com o São Judas Tadeu. De acordo com a promotora Maria Cristina Miranda, a cobrança “está em desconformidade com as exigências e normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente”.
Na ação, o MPE defende que a medida tem que ser tomada de forma imediata, em caráter de urgência, até que a Saneago passe a cumprir os parâmetros exigidos em lei e a até que situação seja regularizada. Proposta pelas promotoras de Justiça Maria Cristina de Miranda e Marísia Sobral Massieux, a ação sustenta que a ETE atende mais de 75% dos consumidores que têm esgoto tratado em Goiânia mas não cumpre os parâmetros mínimos de eficiência, não fazendo tratamento adequado do esgoto.
A ação teve como base uma perícia ambiental feita pela Polícia Técnico Científica de Goiás com laudo referente a ETE. O laudo apontou que a unidade “não representa eficiência suficiente, visto que o efluente lançado no Rio Meia Ponte incrementa os níveis de poluição deste e eleva os riscos à saúde humana, com funcionamento da atividade se dando em desacordo com normas regulamentares e legais pertinentes”. O laudo apresentado na ação mostra que o esgoto tratado pela Saneago com eficiência atinge somente 38% quando o exigido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente é de 60%.
Na ação, aponta o MP, a Saneago continua cobrando a taxa de tratamento de esgoto do consumidor mesmo prestando um serviço ineficiente. O MP afirma que apesar de em 2008 ter firmado um termo de ajuste com a Saneago, para que fosse providenciada a instalação e implementação do tratamento secundário do esgoto, de forma a atender aos parâmetros e condições exigidas em lei, este acordo não foi cumprido pela empresa pública. “Além de não realizar o tratamento do esgoto domiciliar, a Saneago recebe outros dejetos na ETE que, igualmente, não são tratados, e que tem capacidade de majorar exponencialmente o grau de contaminação à população”, apontaram as promotoras.
O MP sustenta também que, “apesar da ineficiência do tratamento de esgoto, a Saneago é remunerada por este serviço, tendo em vista que a tarifa de esgoto é constituída por dois fatores, a coleta e o tratamento. Ocorre que, em Goiânia, a coleta de esgoto é praticamente integral e o tratamento não é satisfatório”, aponta o MP.
De acordo com a AGR–Agência Goiana de Regulação, órgão responsável pela definição da tarifa, a taxa de esgoto corresponde a 20 por cento do valor da tarifa de água a ser cobrado na proporção do esgoto efetivamente tratado, mas como isto não está ocorrendo, não pode ser cobrado. “Trata-se de situação absurda, na qual o consumidor paga por um serviço que não é prestado e, ainda, é abastecido com água do mesmo rio que recebe esgoto sanitário praticamente não tratado. É impositivo, portanto, cessar a cobrança irregular destes valores, até que se tenha uma prestação de serviço adequada e segura por parte da Saneago”, afirmam as promotoras na ação.
O Ministério Público Estadual pede ainda a fixação, em caso de descumprimento, de multa diária à Saneago no valor de R$ 5 mil. No mérito da ação é pedida também a condenação da Saneago ao pagamento de indenização a título de danos morais coletivos, com destinação dos recursos ao Fundo Municipal do Consumidor, todos os valores arrecadados pelas tarifas de esgotamento sanitário dos últimos cinco anos.
SANEAGO
Ainda ontem à tarde, o presidente da Saneago, Jalles Fontoura, concedeu entrevista coletiva negando qualquer irregularidade na cobrança da taxa de esgoto na Capital. Para o presidente da Saneago a denúncia não procede. “O esgoto é tratado e retirado, no mínimo, 50% das impurezas, cumprindo o propósito da ETE e dentro da legislação. A medição é feita diariamente. Os dados estão disponíveis para qualquer pessoa que queira acessar. Esta ação foi feita em cima de desinformação. A análise está equivocada. Fazemos a coleta de esgoto em 92% dos lares de Goiânia. Já o tratamento é realizado em 80%. todos os dados estão aqui para quem quiser ver e analisar. Não existe isto que está sendo proposto na ação do MP”, afirmou o presidente da Saneago na coletiva.
Não representa eficiência suficiente, visto que o efluente lançado no Rio Meia Ponte incrementa os níveis de poluição deste e eleva os riscos à saúde humana, com funcionamento da atividade se dando em desacordo com normas regulamentares e legais pertinentes” laudo da Polícia Técnico Científica de Goiás
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