A vindita de Kajuru contra Iris
Diário da Manhã
Publicado em 31 de maio de 2018 às 04:20 | Atualizado há 7 anosOutra do Kajuru. Mais outra do Kajuru! O vereador tem outro surto de vedetismo e pede a cassação do prefeito Íris Resende Machado. Mais um pedido temerário, sem fundamento político e sem base jurídica. Uma pretensão tão teratológica que o prefeito, com mais de 50 anos de lutas políticas no lombo, simplesmente deu de ombros. Não é mesmo coisa para ser levada a sério.
O ex-deputado Vilmar Rocha, presidente do PSD, nunca foi aliado de Íris Resende. É um tradicional adversário do MDB. Mas sempre se conduziu na vida pública com equilíbrio. Ouvido pelo Diário da Manhã na tarde de ontem, logo após a apresentação do pedido de Kajuru, Vilmar comentou o seguinte: “Como não sei ainda os fundamentos do pedido, não posso opinar, mas quero adiantar que, neste momento de instabilidade por que passa o país, não é aconselhável que as pessoas fiquem gastando energia com coisas de pouca relevância. O Momento não é propício para leviandade”, afirmou.
Kajuru já vinha anunciando há dias que faria isto. Na sessão de ontem à tarde da Câmara Municipal de Goiânia, ele entrou com com pedido oficial de afastamento (impeachment) de Iris Resende. Na verdade, não é pedido de impeachment, mas de cassação de mandato. Os prefeitos não estão sujeitos a impedimento, podendo responder ao processo sem prévio afastamento do cargo.
O vereador, no documento apresentado, pede também o indiciamento da secretária de Saúde, Fátima Marué, por improbidade administrativa, “por lesão ao erário”. Outro pedido estaparfúrdio, pois a Câmara não é órgão policial para “indiciar” quem quer que seja por crime, existindo para isso a polícia judiciária, que decerto investigará os fatos se for noticiada segundo a praxe.
Em todo o caso, o presidente da Câmara, vereador Andrey Azeredo declarou que vai verificar se existe fundamento jurídico no pedido. “Se a presidência constatar que se trata apenas de motivação política, o documento será arquivado”, reafirmou. Jorge Kajuru, em seu pedido, enumera uma série de denúncias que ele considera “como infrações político-administrativas praticadas pelo prefeito Iris Rezende”.
Entre os dez ítens catalogados, ele faz referência a: impedir o funcionamento regular da Câmara; desatender pedidos de informações solicitados pelos vereadores; deixar de publicar leis e atos do Legislativo; descumprir o orçamento para o exercício financeiro; omitir ou neglicenciar a defesa dos bens ou interesses do município, afastar-se da prefeitura sem autorização da Câmara e ainda proceder de modo incompatível com a dignidade e decoro do cargo.
Sobre a secretaria Fátima Mrué, o vereador aponta o que considera irregularidades como assinatura de contrato sem licitação, pagamento de mestrado para duas servidoras ao custo de R$ 114 mil, compra sem licitação de software, no valor de R$ 4 milhões, falta de gestão dos produtos disponíveis no almoxarifado da Secretaria de Saúde com datas vencidas, etc.
O verdadeiro motivo desta ação contra Íris está no fato dele ter prestigiado a secretária da Saúde, cuja cabeça os jacobinos de fancaria vêm solicitando com aflitiva urgência. Íris entende que os membros do seu governo ficam nos cargos enquanto forem merecedores da confiança do prefeito, e não dos vereadores, já que o regime é presidencialista. É prerrogativa exclusiva do chefe do Executivo nomear, e exonerar, os ocupantes de cargos comissionados.
Ao manter Fátima Murié, o prefeito nada mais faz do que exercer sua autoridade. De resto, Íris sempre foi cioso de sua autoridade e não abre mão de exercê-la na sua plenitude. Isto tem irritado alguns vereadores, que acham que Íris deve ceder aos seus caprichos.
APARECER NA MÍDIA
Esta ação do vereador se dá num momento em que ele passa por dificuldades políticas. Candidato declarado a senador, Kajuru vem aparecendo bem nas pesquisas, mas falta-lhe uma coligação de peso pela qual possa concorrer. Ele quis entrar na chapa de Ronaldo Caiado. O senador do DEM, porém, não o acolheu. Uma alternativa seria ingressar na chapa emedebista, mas Daniel Vilela e outros caciques do MDB não o querem. Vetado por Caiado e por Daniel, o vereador vem fazendo movimentos de aproximação com o governador José Eliton.
Apesar de sua velha inimizade com Marconi Perillo – de quem ele já não fala mal–, o vereador vem dando declarações amistosas sobre o atual governador. Seria uma manobra para tentar entrar na chapa da Base Aliada? Pode parecer uma ideia maluca, mas, em se tratando de Kajuru, tudo é possível.
O problema é que por lá o trânsito anda congestionado. Demóstenes Torres e Lúcia Vânia disputa a a segunda vaga senatorial. A primeira é de Marconi Perillo. Sem uma boa aliança, ele corre o risco de sequer ser candidato, pois seu partido pode sacrificá-lo a fim de conseguir lugar em uma boa chapa proporcional.
]]>