Uma ficção real
Diário da Manhã
Publicado em 29 de maio de 2018 às 22:27 | Atualizado há 2 semanas
O quadrinista e diretor de animação Ermerson Rodrigues mostra hoje ao público o que ele chama de “versão beta”, da HQ de sua autoria, lançada há exatamente um ano. Agora, sua novela gráfica Cidade de Buraco Ep. 1, graças a um projeto editorial transmídia, une o livro à tecnologia, com intuito de aprofundar ainda mais a experiência do leitor com a obra.
“Vimos o que funcionou, o que não funcionou, mudamos e acrescentamos na segunda versão”, conta o quadrinista. Além do relançamento da obra e sua versão em inglês, a Hole City: Book I, a Livraria Palavrear abre hoje, também às 19 horas, uma exposição com os desenhos originais da novela gráfica. Serão expostos desenhos de 15 páginas do livro, que ficam em cartaz até o dia 18 de junho na livraria.
Para amplificar ainda mais a experiência do leitor com a HQ, a obra traz hiperlinks, que direcionam público a conteúdos semelhantes e complementares à trama de Cidade Buraco. “Ao longo da leitura, a história em quadrinhos vai fazendo convites à imersão no universo do livro através de QRCodes. Neste conteúdo completar tem, por exemplo, algumas histórias em quadrinhos de outros autores, sobre o universo, como obras de: Márcio Júnior e Gleidson Caetano. São historinhas paralelas, que dão outros ângulos e visões do que seria essa cidade”, acrescenta Emerson Rodrigues.
Outra possibilidade de Cidade Buraco é que ele estará disponível ainda em audiolivro, com audiodescrição, que busca ampliar a acessibilidade deste trabalho, alcançando também pessoas com deficiência visual. Os diversos personagens foram interpretados pelo ator Rodrigo Ungarelli, com participação especial do próprio autor Emerson Rodrigues, Daniela Fiuza e Larissa Mundim.
A TRAMA
O roteiro da novela gráfica é inspirado em um tema que sempre instigou Emerson Rodrigues: a Guerra dos Cem Anos (1337- 1453). Mas Cidade Buraco é ambientada em um futuro distantante e distópico, em que uma sociedade vive permanentemente em guerra. Logo, milhões de pessoas estão refugiadas, culturas foram soterradas, somente a baixa tecnologia está disponível e o meio ambiente encontra-se degradado.
Em meio a um mundo caótico, a Cidade Buraco do livro é o único lugar em que existe paz. Segundo Emerson Rodrigues, o local, escondido no meio do deserto, é um organismo vivo que protagoniza a série e, por meio dela, o leitor é convidado a refletir sobre os tempos atuais. “Desenvolvimento tecnológico nem sempre significa avanço. Na trincheira, as pessoas continuam existindo e coexistindo, mas as necessidades humanas mais básicas dão lugar à busca de novos modos de sobrevivência”, comenta ele.
É abordando o futuro que Emerson, em Cidade Buraco, remete a episódios do passado que trouxeram grandes prejuízos à humanidade, a exemplo do nazismo e a Guerra Fria. “Eu fico bem curioso de como as pessoas recebem essas informações. Porque falo muito das coisas que me atingem, que me interessam. Hoje estamos passando a maior crise de refugiados, desde a Segunda Guerra Mundial, e é uma coisa que a gente passa boa parte do tempo meio alheio. Enfim, tem um pouco disso de falar de coisas que estão acontecendo, mas que a gente empurra meio pro lado. É uma ficção baseada em fatos reais. Essas coisas realmente acontecem”, analisa o quadrinista.
CAMINHOS
Diretor de animação e professor na Escola Goiana de Desenho Animado, Emerson Rodrigues na animação já muito deu o que falar. Foi, por exemplo, um dos 15 brasileiros selecionados para o projeto SEA − Concept Development Master Class, que reuniu novos talentos da animação mundial em 2014, na Dinamarca, sede do The Animation Workshop. Também trabalhou em uma grande produtora de publicidade em Brasília (DF), onde já morou, o artista que nasceu no Sul do País.
Mas foi em Goiânia – para onde mudou por causa da esposa – que ele começou a trilhar os primeiros passos de quadrinista, com a publicação de Cidade Buraco, o primeiro livro lançado. “Sempre fui apaixonado em quadrinhos, estou bem contente com o resultado. Espero que as pessoas gostem”, disse o autor, adiantando que já tem o segundo episódio de Cidade Buraco escrito, mas que a publicação deverá depender da repercussão do primeiro livro, já que produzir HQs é um processo demorado e complicado.
O cenário para os quadrinhos em Goiás, ele vê crescente, com alguns nomes engatinhando. Mas, por outro lado, o audiovisual, que também trabalha, acredita estar vivendo seus melhores dias no Brasil. “O audiovisual está impresionantemente bom e sólido. Tem realmente empresas crescendo, que estão conseguindo emendar uma produção na outra. Está uma época boa. Para desenho animado e cinema é a melhor época que o Brasil já viveu e Goiânia tá bem”, avalia.
Atualmente, Emerson dirige o Mão de Macaco, estúdio para projetos autorais, em Goiânia, onde realizou sua primeira HQ (Cidade Buraco: Volume 1) e onde vem produzindo o curta-metragem em animação 2D Brazil, bem como a série de animação infantil Micronauta − projeto selecionado, em 2017, pela “World Grant” do Laboratório em Animação Bridging the Gap, realizado em Tenerife, Espanha.
SERVIÇO
Lançamento: Cidade Buraco: Livro I e Hole City: Book I
30 de maio (quarta-feira) – 19h
Livraria Palavrear (Rua 232, 338 – Setor Universitário, Goiânia)
Abertura da exposição “Cidade Buraco”: visitação entre 30 de maio e 18 de junho
Entrada gratuita
Preço de capa promocional de lançamento: R$ 40,00 (Cidade Buraco: Livro I) e R$ 30,00 (Hole City: Book I)
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