Tontura não significa labirintite
Diário da Manhã
Publicado em 27 de abril de 2018 às 02:00 | Atualizado há 7 anosNão é só a labirintite que causa tonturas e vertigem nas pessoas. A campanha Semana da Tontura que está sendo realizada pela primeira vez no Brasil neste ano, promovida pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), pretende conscientizar as pessoas sobre o tema, destacando que a tontura é um sintoma que pode ser atrelado a diversos diagnósticos.
A tontura é uma queixa muito frequente na população geral. São inúmeras as causas, mas pelo perfil do paciente é possível identificar as mais comuns. Quando uma pessoa termina de se exercitar na esteira, por exemplo, e volta a pisar no chão, é normal sentir um pouco de falta de equilíbrio, e não há motivos para se preocupar segundo os médicos. Outra situação que costuma provocar tontura é a pressão baixa. Isso acontece porque falta irrigação no cérebro, e não por labirintite.
De acordo com o médico otorrinolaringologista, membro colaborador do departamento de Otoneurologia da ABORL-CCF, Pedro Ivo Machado, labirintite é uma doença raríssima, porém muito frequentemente responsabilizada, equivocadamente, em episódios de tontura
Ele explica que a tontura é mais frequente em pacientes do sexo feminino a partir dos 50 anos. “Nesta faixa etária as alterações metabólicas e a VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna) são causas frequentes”, alerta. Já entre os adultos jovens, a doença de Ménière e a enxaqueca estão entre os diagnósticos mais comum quando o sintoma é tontura.
Na infância, conforme o médico, é a Vertigem Paroxística Benigna da Infância (VPBI), que é equivalente a um enxaquecoso, e acomete, principalmente, crianças com história familiar positiva de enxaqueca e com erros alimentares. Ainda conforme o especialida, outra causa comum é a cinetose, tontura desencadeada pelo movimento. Ele garante que são várias as doenças diferentes com o mesmo sintoma, como patologias cardíacas, neurológicas, vasculares e até emocionais.
Para o médico radiologista Jacio Dantas, de 55 anos, que já teve quatro episódios de tontura ao longo de 30 anos, o emocional foi quem provocou as vertigens. “No meu caso foi realmente a questão do estresse. Um dia, quando levantei fiquei tonto e cai no chão. Passei por uma bateria de exames para descobrir a causa. Tomografia e ressonância de crânio, exames laboratoriais para ver questões metabólicas, avaliação cardiológica com ecocardiograma e eletrocardiograma, mas não deu nada alterado”, afirma.
PROCURAR UM MÉDICO
Segundo o médico Pedro Ivo, quando uma pessoa tem tonturas e vertigens com frequência ele deve procurar um profissional otorrinolaringologista, de preferência com atuação em otoneurologia, que vai interpretar e entender os sintomas, sendo necessário em alguns casos a realização de exames, como exames de sangue, testes vestibulares, auditivos e exames de imagem. Ele ainda alerta que as doenças do labirinto quase nunca causam desmaios, mas elas podem ser acompanhadas de zumbidos ou perdas auditivas.
O labirinto está localizado na orelha interna e é composto por um conjunto de órgãos sensoriais responsáveis pela detecção de movimentos do corpo, que contribuem para a manutenção do equilíbrio.
MEDICAÇÕES
O especialista ainda ressalta que algumas medicações podem ter a tontura como possível efeito colateral. “Existem remédios que afetam o labirinto e outros que causam tontura por outros motivos. O diagnóstico correto é imprescindível, já que o sucesso do tratamento depende da identificação correta da causa do sintoma”, revela.
Em via de regra, medidas não farmacológicas, como mudanças de hábitos alimentares e início de uma rotina de atividades físicas, já podem gerar resultados satisfatórios. Muitas doenças do labirinto têm cura e todas têm tratamento ao menos para controle, por isso é tão importante sua investigação.
ENTENDA
1) De forma rápida e objetiva, a definição de labirintite é: inflamação do labirinto;
2) Órgão sensorial que detecta os movimentos feitos pelo ser humano, labirinto é o nome da parte interna do ouvido;
3) Detectar movimentos é um sentido, assim como visão, olfato, audição, tato e paladar.
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