Água: uma riqueza natural ameaçada
Diário da Manhã
Publicado em 2 de abril de 2018 às 22:40 | Atualizado há 7 anosAproximadamente 70% da superfície terrestre está coberta por água de mares, lagos e rios. Infelizmente, o recurso natural sofre agressões humanas no seu ciclo ecológico de permanente renovação, fundamental para a vida. Devido a constante mudança climática, o sistema ecológico da água já apresenta significativos sinais de alteração, capaz de afetar radicalmente os habitats do homem e da fauna e flora. Apesar da importância do tema e dos fóruns em defesa da água, o recurso natural precisa ser levado muito a sério. Talvez a maior ameaça à água como bem comum seja a ganância privatizante e mercantilizante do capitalismo globalizado.
A água é valiosa, preciosa e sem ela ninguém vive. Em todos os países do mundo, há uma disputa de empresas pela gestão dos sistemas de captação, tratamento e abastecimento de água, particularmente nas grandes cidades. Os sistemas de abastecimento são algo fundamental, indispensável, mas fazer a sua gestão não é uma tarefa fácil. A crise hídrica em virtude da falta de água já é vivida em muitas regiões. A desespero é enorme. As fontes e nascentes já estão comprometidas pela desordenamento industrial, produtivista e consumista do capitalismo predador e excludente, que menospreza o meio ambiente como se fosse de pouca validade ou banal. Mas enganam aqueles que dessa forma pensam.
A integridade do ciclo ecológico da água depende muito dos oceanos, sua saúde e capacidade de evaporação. A água já foi afetada pela povoação irregular de áreas nativas, acidificação, poluição, pesca predatória e extinção de animais silvestres, entre tantos outros prejuízos. Uma mudança fundamental só pode vir com uma transformação de paradigma na nossa relação com a água e com os sistemas ecológicos naturais, recuperando a sua resiliência.
É de suma importância conscientizar de que a degradação ambiental é prejudicial não apenas para o próprio ecossistema, mas também afeta na saúde da população. O alto consumo ocasiona a produção de poluentes que são lançados no meio ambiente e, consequentemente na água, causando danos à saúde humana e a natureza. Há, portanto, uma necessidade de mudança de comportamento social para a diminuição da contaminação e desperdício de água.
É de suma importância ver a água e diagnosticar o estado dela como bem comum que cabe ao governo administrar de forma responsável. Convivemos com um direito fundamental violado e agimos como se não fosse um problema coletivo de cidadania e de humanidade. É necessário acontecer desastres como o da barragem de rejeitos da Samarco, em Minas Gerais, destruindo e contaminando todo o vale do Rio Doce, ou da Hydro Alumínio, no Pará, para despertarmos sobre a gravidade das ameaças às nossas águas? Sobre o Rio Meia Ponte, Rio Araguaia, Ribeirão João Leite, ambos no estado de Goiás, quando os órgãos gestores e de fiscalização dos recursos naturais vão radicalizar a preservação e punição para crimes ambientais?
(Roberto Hidasi, advogado ambiental. E-mail: robertohidasi@yahoo.com.br)
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