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Mutirão da saúde

Diário da Manhã

Publicado em 26 de março de 2018 às 23:54 | Atualizado há 1 semana

  •  O desafio do projeto é a arrecadação de verba, já que está sendo custeada pela doação da comunidade
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    A vida do motorista apo­sentado Alisson Re­zende, 32 anos, há sete meses se transformou. Quan­do descobriu ser portador de uma doença renal crônica – ain­da não diagnosticada – teve de abandonar a costumeira rotina de trabalho, e até realizar um transplante de rins, precisa­rá fazer hemodiálise três vezes por semana. Além disso, pre­cisa com lidar com outro pro­blema: 130 km. Ele é morador da cidade de Goiás, que ainda não conta com uma clínica de hemodiálise. Assim, ele e cerca de 100 vilaboenses com proble­mas renais enfrentam cerca de 10 horas de viagem semanais em busca do tratamento em Goiânia ou Ceres.

    “A viagem é cansativa, saí­mos de madrugada e chega­mos em casa no meio da tar­de. A própria hemodiálise nos deixa muita vezes indisposto. Obter o tratamento em minha cidade significa ter a possibili­dade de conciliar o tratamen­to com um trabalho, dar conti­nuidade aos projetos da minha vida”, contou Alisson.

    Para receber o tratamento em Goiânia, ele viaja três vezes por semana em uma van, cedi­da pela Prefeitura da cidade de Goiás. O veículo leva à capital duas turmas de pacientes que precisam fazer o tratamento (a primeira sai segunda,quarta e sexta-feiras, a segunda terça, quinta-feiras e sábado).

    “Uma clínica daria muito mais comodidade à nossa re­gião, ela beneficiaria 130 pes­soas, que percorrem longas dis­tâncias para serem atendidos em Goiânia e no município de Ceres, acarretando desgaste físi­co e emocional”, disse o secretá­rio municipal de saúde da cida­de de Goiás, João Batista.

    A boa notícia para pessoas que precisam desse tipo de procedimento na cidade de Goiás e região é que a Asso­ciação de Saúde São Pedro d’ Alcântara (Aspag), mantene­dora do centenário no hospi­tal à beira do Rio Vermelho, na cidade de Goiás, tem levado à frente o desafio de construir a primeira Clínica de Hemo­diálise da Região Rio Verme­lho. O projeto tem sido rea­lizado com persistência da associação e apoiadores, pois está sendo realizado através da doação da comunidade.

    Orçada em quase 2 milhões, a intenção do projeto, de acor­do com o presidente da Aspag, Frei Marcos Lacerda Camargo, é, além de oferecer mais comodi­dade à população, também am­plia o acesso de serviço de nefro­logia e melhora a qualidade de serviço oferecido pelo Hospital de Caridade São Pedro d’Alcân­tara. Outro intuito é descentrali­zar o serviço de saúde na capital, evitando, assim, um problema recorrente nos centros de saú­de de Goiânia: a superlotação dos hospitais.

    Depois de pronta, a Clínica de Hemodiálise pretende aten­der os pacientes hemodialíticos por meio do SUS. E a expecta­tiva da Aspag é que o espaço auxilie toda a Regional de Saú­de Rio Vermelho, abrangendo uma população total de mais de 199 mil habitantes em seus 17 municípios, que incluem: Ame­ricano do Brasil, Araguapaz, Aruanã, Britânia, Faina, Goiás, Guaraíta, Heitoraí, Itaberaí, Ita­pirapuã, Itapuranga, Jussara, Matrinchã, Mossâmedes, Mo­zarlândia, Novas Crixás e San­ta Fé de Goiás.

    A construção da Clínica de Hemodiálise está sendo de­senvolvida na Praça da Con­ceição, no Setor Santa Bárbara. O empreendimento da área to­tal a ser construída correspon­de a 855,28 m², em uma área de 1.062,21m² de terreno. “Esse é um espaço que a São Pedro já possuía, então aproveitamos, e vai encaixar exatamente uma clínica com 30 leitos, com 35 de reserva”, explicou o frei.

    COMUNIDADE

    A clínica, com ajuda da co­munidade, começou a ser cons­truída em junho do ano passa­do, e hoje tem a sua área externa quase pronta. “A saúde deveria ser um dever do Estado, mas como não possuímos em totali­dade este serviço, estamos con­tando com a doação da comuni­dade, não apenas da cidade de Goiás, como toda região para a finalização desta obra”, comen­tou frei Marcos.

    Para ajudar a incentivar as doações, algumas iniciativas fo­ram tomadas. Uma delas foi a criação de uma equipe engajada em articular pactuações e parce­rias com as entidades públicas, privadas e civis, como chamada Mãos Que Apoiam, e lançou a plataforma digital para doações: maosqueapoiam.com.br.

    A causa tem conseguido atrair diversas camadas da sociedade. A Escola Educandário Vila Boa de Goiânia (GO), por exemplo, realizou um leilão beneficente com releituras de obras famosas. Os trabalhos foram produzidos pelos alunos do ensino funda­mental, com objetivo de contri­buir com a campanha de arreca­dação de fundos para a Clínica de Hemodiálise.

    Foram espalhados ainda pela cidade de Goiás Cofres Solidários, nos pontos comerciais. Um Leilão Beneficente Fazenda 3 Marias – Itapirapuã também aconteceu.

    RESPONSABILIDADE PÚBLICA

    Quanto aos repasses públi­cos, após uma exposição no hall da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, para divul­gar aos parlamentares e funcio­nários da casa o projeto, o de­putado Karlos Cabral destinou uma emenda parlamentar no orçamento de 2018, cuja con­clusão ainda é aguardada pela associação. A clínica também espera o repasse de doação pessoal do governador Marco­ni Perillo.

     

    UM HOSPITAL HISTÓRICO

    Quando estiver pronta, a Clínica de Hemodiálise será um dos frutos solidários de um hospital que é pura resis­tência e caridade. Ultrapas­sando dificuldades financei­ras e o descaso com a saúde pública, o espaço sempre con­tinuou de pé. Vale lembrar que a instituição filantrópica, além de importante para ga­rantir a saúde da região, tam­bém faz parte de um capítulo da história do estado e da jor­nada goiana em busca rumo ao progresso.

    O Hospital São Pedro D’Alcântara foi criado em 25 de janeiro de 1825, por Carta Imperial. O imperador auto­rizou a construção do hospi­tal, dando-lhe o nome de São Pedro D’Alcântara (nome do padroeiro da casa Imperial, a Casa dos Bragança). Co­meçou então, a funcionar às margens do Rio Vermelho, numa enfermaria. O prédio foi construído depois. A inau­guração oficial ocorreu em 1908, já em um contexto dife­rente do inicial. Nessa época, o Hospital São Pedro já aten­dia a população vilaboense e as regiões vizinhas. O Hospi­tal São Pedro foi reconheci­do como Hospital Amigo da Criança em 2000, pela Orga­nização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (Uni­cef). Em 2004, pelo Minis­tério da Saúde, recebeu o IV Prêmio Professor Galba de Araújo, pelo respeito à digni­dade de Mulher e a Humani­zação do Parto.

     

    CONTA PARA DOAÇÃO PARA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE

    Aspag

    Banco do Brasil

    Agência: 0277-1

    C/C: 22.619X

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