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A viagem ao infinito de Stephen Hawking

Diário da Manhã

Publicado em 14 de março de 2018 às 21:22 | Atualizado há 2 semanas

  •  Conhecido pelas teorias que mudaram o pensamento científico moderno, Hawking se tornou um dos mais importantes pensadores da modernidade
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    No dia 8 de janeiro de 1942 completaram-se 300 anos da morte de Galileu Galilei. O italiano é conhecido por ser um dos fundadores do método expe­rimental, o que modernizou toda a ciência. Foi o primeiro a pesquisar os astros, publicando o livro O Men­sageiro Sideral sobre descobertas das fases da lua e de vênus. No dia 8 de janeiro de 1942, dia dos tricen­tenário da morte de Galileu, nascia Stephen William Hawking, outro ser vivo, humano, bípede, que depois daquela data iria alterar o pensa­mento científico com suas teorias e descobertas. Nesta quarta-feira (14/03) faleceu aos 76 anos de ida­de o físico e pesquisador britânico em sua casa, na Inglaterra. Além de um exemplo no campo das ciências, o pensador também se tornou um símbolo de determinação por re­sistir durante muitos anos a uma esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa.

    Coincidentemente no dia 14 de março, data da morte de Hawking, também é o dia que nasceu o pen­sador Albert Einstein. O aconteci­mento foi comunicado pela família de Stephen para a imprensa ingle­sa. Os filhos Lucy, Robert e Tim dis­seram que estão “profundamente tristes pela morte do pai” e que ele “era um grande cientista e um ho­mem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos”. A causa exata da morte de Stephen ainda não foi revelada.

    Hawking nasceu em Oxford, na Inglaterra, mas se mudou para St. Ablans, a cerca de 30 km de Lon­dres, quando tinha apenas oito anos de idade. Estudou na Univer­sity College, de Oxford, que tam­bém foi à faculdade onde estudou o seu pai. De acordo com algumas biografias sobre a vida do físico, ele queria cursar matemática, porém a sua família queria que Stephen se dedicasse ao estudo de medi­cina. Na universidade não havia o curso de matemática disponível na grade curricular, entre o “sim” e o “não”, Stephen optou por cursar a faculdade de física, se formando no ano de 1962. Três anos depois, Ste­phen Hawking recebeu sua primei­ra premiação na classe de licencia­tura em Ciências Naturais. Ele saiu de Oxford e foi para Cambridge fa­zer uma pesquisa na área de cos­mologia, já que não havia essa área na universidade em que estudava.

    MENSAGEIRO SIDERAL

    Em Cambridge iniciou suas pes­quisas sobre cosmologia que rende­ria um doutorado na área e um con­vite para atuar como professor de matemática na faculdade. O traba­lho intenso e sua genialidade o co­locaram rapidamente na posição de diretor do Departamento de Mate­mática Aplicada e Física Teórica na Universidade de Cambridge. Suas principais áreas de especialização sempre foram a cosmologia teórica e gravidade quântica. Ele chegou a escrever 14 livros sobre esses temas, entre estes o conhecido O Universo numa casca de noz e Uma breve his­tória do tempo, que se tornou best­-seller mundial.

    Uma das teorias que ganhou mais força a partir das ideias de Stephen a Teoria-M ou Teoria das Cordas. Proposta por Edward Wit­ten, no ano de 1995, a teoria das cordas afirma que o universo é for­mado por cordas vibratórias osci­lantes feitas de energia, e que, com a vibração das mesmas, cria-se a matéria, em todos seus aspectos. Outro estudo que foi aprofunda­do na cabeça de Stephen é em rela­ção ao buraco negro. Esse aconte­cimento astrofísico extremamente intrigante foi onde Stephen debru­çou seus pensamentos nos últimos anos de vida. Ao contrário do que pensava, o buraco negro não des­trói toda a matéria, como faz com a luz, por exemplo, mas foi registra­do que algumas partículas conse­guem escapar desse vórtice.

    ELA

    Stephen Hawking viveu boa parte de sua vida em uma cadei­ra de rodas. Aos 21 anos de idade foi diagnosticado com esclerose la­teral amiotrófica (ELA), uma en­fermidade neurodegenerativa pa­ralisante rara, com média de dois novos casos a cada 100.000 pes­soas por ano. A doença faz com que a pessoa perca o controle dos músculos do corpo, pouco a pouco. Hawking, por exemplo, era capaz de controlar apenas um músculo de todo seu corpo: o da bochecha. Após o diagnóstico, em meados dos anos de 1960, Hawking desa­fiava as previsões que davam mais dois anos de vida ao físico. O único músculo que ele conseguia movi­mentar servia para sua comunica­ção por meio de um computador que interpretava seus gestos faciais e os traduzia para uma voz eletrô­nica, que virou sua marca regis­trada.O médicos consideram sua longevidade um mistério, porque a doença não tem cura. De acordo com as estatísticas, a morte acon­tece geralmente entre 24 e 36 me­ses depois do diagnóstico, provo­cada pela incapacidade de respirar.

    FILME BIOGRAFIA

    Em 2014, o filme A Teoria de Tudo contou um pouco da vida do pensador moderno. O filme britâ­nico biográfico do gênero drama e romance, dirigido por James Marsh e escrito por Anthony McCarten. O filme foi inspirado na obra Travel­ling to Infinity: My Life with Stephen de Jane Hawking, que descreve seu relacionamento com o físico teórico Stephen Hawking e o desafio com a doença do neurônio moto esclerose lateral amiotrófica (ELA).

    O filme é estrelado por Eddie Redmayne, cuja atuação lhe valeu o Oscar de Melhor Ator, e por Felicity Jones, além de Charlie Cox, Emily Watson e David Thewlis em papéis coadjuvantes. Teve sua pré-estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2014 e foi lançado nos Estados Unidos em 7 de novembro de 2014 e no Reino Uni­do em 1º de janeiro de 2015.

     

    FRASES STEPHEN

    “Se as máquinas produzirem tudo o que precisamos, o resultado vai depender de como as coisas serão distribuídas. Todos podem usufruir de uma vida de luxo e prazer se a riqueza produzida pelas máquinas for compartilhada. Ou a maioria das pessoas pode acabar miseravelmente pobre se os donos das máquinas se posicionarem com sucesso contra a redistribuição da riqueza. Até agora, a tendência parece seguir na segunda opção, com a tecnologia conduzindo a uma desigualdade cada vez maior.” “Somos apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela muito comum. Mas podemos entender o universo. Isto nos torna muito especiais.” (em entrevista à revista alemã Der Spiegel, 1988)   “Acredito que o desenvolvimento pleno da inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana.” (entrevista à BBC, 2014)   “Vivo com a perspectiva de uma morte precoce há 49 anos. Não tenho medo de morrer, mas também não tenho pressa.” (entrevista ao jornal britânico The Guardian, maio de 2011)   “Percebi que mesmo as pessoas que afirmam que tudo é determinado de antemão e que não podemos fazer nada para mudar, mesmo essas pessoas olham para os lados antes de atravessar a rua.” (de Buracos Negros, Universos Bebês e Outros Ensaios, 1994)   “Se os extraterrestres nos visitarem algum dia, acredito que o resultado será parecido a quando Cristóvão Colombo desembarcou na América, um resultado nada positivo para os nativos.” (no documentário Into the Universe, do The Discovery Channel, 2010)   “Eu acredito que a explicação mais simples é: não existe Deus. Ninguém criou o universo e ninguém dirige nossos destinos. Isso me leva ao profundo entendimento de que provavelmente não existe céu e nem vida após a morte. Temos apenas esta vida para apreciar o grande projeto do Universo, e sou muito grato por isso.”
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