Cotidiano

Soja está em alta no mercado

Diário da Manhã

Publicado em 13 de março de 2018 às 00:56 | Atualizado há 2 semanas

Pesquisadores do Cepea afirmam que os valores do complexo soja estão em alta no mercado brasileiro, devi­do à quebra na produção argenti­na, à firme demanda externa pela oleaginosa nacional e à maior pro­cura doméstica por farelo de soja. No acumulado de março, o Indica­dor Esalq/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 1,67%, a R$ 79,68/saca de 60 kg na sexta-feira.

No mesmo comparativo, o Indi­cador Cepea/Esalq Paraná registrou alta de 2,37%, a R$ 73,94/sacos de 60 quilos no dia 9. Segundo dados do USDA, a produção na Argentina está estimada em 47 milhões de to­neladas, expressivos 18,7% inferior à projeção anterior e o menor vo­lume desde a temporada 2011/12.

Quanto à produção brasileira, o USDA indica 113 milhões de tone­ladas, apenas 0,96% abaixo da safra passada, que foi recorde. Esses nú­meros estão próximos aos da Conab (Companhia Nacional de Abasteci­mento), que indica produção nacio­nal de 113,02 milhões de toneladas, 1,31% maior que a estimada em fe­vereiro e a segunda maior safra da história, caso se confirme.

Mesmo com o aumento na produção, tanto o Departamento quanto a Conab indicam aumento nas exportações de soja em grão, resultando em diminuição nos es­toques de passagem.

COLHEITA

Em meio às chuvas das últimas semanas, os trabalhos de campo prosseguem em todo o Estado de Goiás. A colheita de soja foi con­cluída em 65% dos quase 3,4 mi­lhões de hectares plantados, mas está atrasada na comparação com 2017, quando 80% das lavouras já haviam sido colhidas nesse mes­mo período. Os dados são do Ins­tituto para o Fortalecimento da Agropecuária Goiana (IFAG).

Em função do crescimento de 3,3% na área plantada, a Associa­ção dos Produtores de Soja e Mi­lho de Goiás (Aprosoja-Go) acredi­ta que a produção goiana da oleaginosa deve supe­rar a marca de 11 mi­lhões de tonela­das este ano. Já a Com­p a n h i a Nacional de Abas­tecimento (Conab) estima a safra brasileira de soja em 113 milhões de toneladas.

Mesmo entregando essa gran­de oferta, o mercado internacio­nal está aquecido. Assim como em outros Estados, a comerciali­zação avançou rapidamente nas últimas semanas em Goiás. Nes­te momento, a Aprosoja-Go cal­cula que 60% da produção espe­rada para esta safra já foi vendida.

Um dos produtores que apro­veitou a melhora do mercado para fechar negócios foi o diretor da Aprosoja-Go, Rubens Loyola. Ele, que ainda está colhendo soja em Piracanjuba, no Sul do Esta­do, avalia que este é um momen­to interessante para os produtores. Rubens fechou algumas vendas e hoje tem cerca de 40% de sua co­mercialização comercializada.

Ele conta que, para começar a vender, costuma partir de uma produtividade modesta, de 50 sa­cas por hectare, e procura chegar na colheita com 30% da produ­ção estimada vendida. Assim, garante o pagamento de pelo menos parte dos custos. “Eu te­nho feito vendas picadas, aos pou­cos vou travando uma pequena quantidade de soja aproveitando os momentos de mercado. À me­dida que a colheita vai avançando e consolidando a produtividade, eu também tenho vendido mais soja”, afirma Rubens.

REAÇÃO DO MERCADO

A seca que está castigando as lavouras de soja na Argentina é a grande responsável pelo movimen­to altista no mercado. O Departa­mento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou relatório afirmando que as perdas argenti­nas chegam a 8 milhões de tonela­das sobre uma expectativa inicial de 55 milhões de toneladas.

O que também incentivou as vendas de soja no Brasil foi a re­cente alta do dólar em relação ao real. Dados do Banco Central bra­sileiro mostram que a moeda ame­ricana valorizou 2,5% entre o dia 1º de fevereiro e 7 de março, passan­do de R$ 3,16 para R$ 3,24. Nesse mesmo período, os contratos de soja com vencimento para maio de 2018 acumularam alta de quase 7% na Bolsa de Chicago, chegando a 10,65 dólares por bushell.

Porém, na última sexta-feira, o mercado em Chicago registrou forte queda, de mais de 20 pontos nos principais contratos negocia­dos. Este movimento reflete os nú­meros divulgados pelo USDA na quinta-feira (8/3), que trouxeram aumento nos estoques america­nos devido à esperada redução nas exportações do país. Contudo, diante da consolidação das perdas na Argentina, os fundamentos do mercado ainda se mantêm altistas para os preços da soja, o que deve gerar novas oportunidades.

Seguindo a tendência de valo­rização, o preço da soja disponí­vel em Goiás subiu 10% em pouco mais de um mês. De acordo com o IFAG, a saca de 60 quilos era co­mercializada a R$ 60,94 no dia 1º de fevereiro. Já na última quarta­-feira (7/3), o mercado goiano re­gistrou a média de R$ 67,03 por saca de soja, um dos maiores pre­ços dos últimos meses.

GESTÃO DA COMERCIALIZAÇÃO

O consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, avalia que o produtor rural está mais profissional na gestão da comercia­lização. Ele lembra que no cenário de preços baixos registrado no últi­mo trimestre de 2017 e no início da colheita este ano, os produtores fi­caram reticentes em fechar vendas porque a margem de lucro estava extremamente apertada. Segundo Ênio, as vendas aceleraram quan­do os produtores começaram a en­xergar altas separadas ou conjuntas na Bolsa de Chicago e no câmbio.

Mas diante da volatilidade do mercado, o consultor alerta ser arriscado o produtor segurar a soja, esperando o pico de preços. Em vez disso, ele orienta focar na margem de lucro. “Você tem que administrar seu negócio. E como você faz isso? Olhando a margem. Eu não sei se Chicago vai subir ou vai cair, mas soja a R$ 68, R$ 69, R$ 70 por saca é um preço que dá margem ao produtor e quando dá boas margens, elas devem ser aproveitadas”, aconselha.

Além de ficar de olho nas la­vouras de soja da Argentina, Ênio recomenda atenção ao movimen­to do câmbio, já que os momentos de altas fortes do dólar tendem a ser passageiros. O consultor tam­bém orienta acompanhar a de­manda interna de soja e as expor­tações mensais da oleaginosa. Isso porque se o Brasil exportar muita soja, algo em torno de 67 a 70 mi­lhões de toneladas, os estoques internos vão diminuir e os preços devem estar aquecidos mais ao fi­nal do ano. [Com auxílio de Laura de Paula, da Aprosoja-GO]

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