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De ameaça mortal a ponto turístico

Diário da Manhã

Publicado em 11 de março de 2018 às 00:56 | Atualizado há 1 semana

Também conhecida como ‘es­trada para a morte’ é o trecho de 56 quilômetros que sai do nordeste de La Paz (capital da Bolívia), para a região de Yungas. Em 1995 o Ban­co Interamericano do Desenvolvi­mento categorizou-a como a estra­da mais perigosa do mundo. Em 2006 foi estimado que cerca de 200 a 300 viajantes eram mortos por ano ao longo da estrada. A via possui vá­rias cruzes deixadas ao longo do ca­minho onde veículos caíram. Após a construção de uma via alternati­va em 2007 esse número diminuiu. Por mais letal que seja a estrada, tor­nou-se um dos pontos turísticos da Bolívia para apreciadores de espor­tes radicais. Milhares de turistas des­cem de bicicleta o caminho que só tem três metros de largura e é mar­geado por precipícios e cachoeiras.

O Caminho para Los Yungas é uma das poucas vias que conec­tam a região dos Yungas até a capi­tal. Após sair de La Paz, a estrada pri­meiramente ascende cerca de 4,650 metros até La Cumbre, antes de des­cer 1,200 metros até a cidade de Co­roico, transitando rapidamente do terreno altiplano para a floresta tro­pical, a estrada serpenteia através de encostas íngremes e penhascos. Em boa parte com apenas uma faixa, a estrada tem poucas barreiras de contenção. Na maioria de seus tre­chos cabe apenas um veículo. Du­rante a estação chuvosa–que dura de novembro à março–a chuva e o nevoeiro podem dificultar severa­mente a visibilidade, e o escoamen­to de água pode transformar a estra­da em um legítimo lamaçal.

Uma das regras de trânsito do lo­cal é que o condutor nunca deve se manter à direita da pista, o condutor deve se manter à margem esquerda da pista, ou seja, à beira do precipí­cio. Isso faz com que o veículo mais rápido seja obrigado a parar para que a passagem possa ser negocia­da com segurança. Ao contrário da maioria das estradas da Bolívia, em Los Yungas o motorista é obrigado a manter-se à esquerda, pois isso dá ao condutor maior visibilidade da roda externa do veículo, o que tor­na a viagem mais segura. A via foi construída nos anos 1930, durante a Guerra do Chaco: um conflito ar­mado entre Bolívia e Paraguai que durou de 1932 até 1935. Prisionei­ros paraguaios foram usados como mão de obra para a estrada.

TURISMO

Desde os anos 1990, quando co­meçou a ganhar visibilidade como uma das estradas mais perigosas do mundo, a estrada já recebeu milha­res de turistas de todas as partes do mundo–inclusive do Brasil. A fama de estrada perigosa não afasta o pú­blico do desejo de observar a imen­sidão e o relevo presentes na pai­sagem que é muito bonita, apesar de assustadora. Existem inclusive empresas de turismo que se encar­regam de guiar esses aventureiros com mais segurança. Darren Peter­son, o gerente de uma dessas em­presas, afirma que “Tem que descer com cuidado, não como um louco. Se for rápido demais ou com mui­to medo o ciclista pode sofrer uma queda grave. Mas quando a pessoa vai com calma e foca a atenção o tempo todo, a descida é fácil”.

Mesmo com todos esses cui­dados e acompanhamento por profissionais experientes, a estra­da continua sendo perigosa e ex­posta a várias intempéries. Cerca de 18 ciclistas morreram na rota desde 1998. A estrada foi “moder­nizada” durante um período de 20 anos que terminou em 2006. Em vários trechos a pista foi alar­gada de uma para duas pistas, ganhou camada asfáltica e uma nova sessão que liga Chusquipa­ta e Yolosa, dando ao motorista a opção de evitar o trecho norte da pista original, considerado o mais perigoso. Atualmente, esse trecho foi quase totalmente inuti­lizado por viajantes, porém con­tinua sendo uma atração radical para ciclistas. A nova rota possui múltiplas pistas, pontes e drena­gem, e é considerada segura por quem transita.

Patterson garante que a bele­za natural da região faz a aventu­ra valer a pena. “É um dos lugares mais bonitos que já conheci. Dá para ver montanhas com mais de 6 mil metros de altura, glaciares e paisagens impressionantes. Pas­samos pela selva, por cachoeiras, rios e por um bosque que fica no meio das nuvens”, descreve. Os tu­ristas também podem ver planí­cies nevadas, lhamas pastando e pequenas vilas. A maior parte do caminho (cerca de 90%) é com­posto por descida. Por ter tornado­-se uma verdadeira atração, vários documentários televisivos já utili­zaram a rota como cenário. Tam­bém já foi utilizada por uma mar­ca de carros para a criação de uma propaganda publicitária para TV.

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