Novo Ministério da Segurança Pública com velhos desafios
Diário da Manhã
Publicado em 2 de março de 2018 às 23:10 | Atualizado há 7 anosRaul Jungmann assumirá o Ministério da Segurança Pública criado pelo presidente Michel Temer (MDB) por meio de um decreto, sendo este o 29º ministério do Governo Federal.
Criado para servir como uma base nacional das forças de segurança pública, o novo ministério deverá manobrar para enfrentar os velhos desafios, o de combater a criminalidade que, no Brasil, tem grupos organizados, liderados por chefes — e cujos escritórios estão instalados dentro dos presídios, inclusive dos federais, considerados como sendo de segurança máxima.
Segundo o ministro Raul Jungmann em entrevista à Rádio CBN, o Ministério da Segurança Pública servirá de base para articulação entre governo federal e secretários de estado no planejamento de metas e estratégias.
A nova base poderá ser comparada com a sede da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), coordenando todos os órgãos de segurança do País, como a Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícias Civis dos respectivos estados; Polícia Militar; Polícia Ferroviária Federal e Corpo de Bombeiros.
Não vai demorar o anúncio de que o novo ministério também será a sede de uma central de inteligência de segurança, com fortes vínculos com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) por meio do SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência), órgãos responsáveis pela produção de conhecimento na área de segurança nacional, integrando todos os demais órgãos de segurança pública.
Foi uma medida além do interesse administrativo. O novo Ministério Extraordinário da Segurança faz parte de um projeto que tende a ser adotado por outros países em desenvolvimento, onde o crime organizado vem sufocando as forças policiais por sua ousadia e poder de recrutamento de pessoas, sobretudo os jovens de comunidades carentes.
Com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, Raul Jungmann terá a experiência de comandar uma pasta complexa e talvez a mais bem elaborada dentro no sistema de governo com referência à segurança pública, já que, dependendo dos resultados obtidos pelas forças armadas no Rio, o ministério terá como foco novos modelos de intervenção, com experiência dos erros e acertos na guerra contra o crime naquele Estado.
Para os governadores e secretários de segurança pública, o ministério será uma rota mais definida na busca de recursos e soluções para os problemas gerados pela criminalidade. Será um caminho definido para os chefes de estados, porém, não significa que haverá respostas rápidas e eficientes nas reivindicações, até porque o governo já anunciou que o maior problema para o novo ministério ainda é a falta de dinheiro, ou seja, os mesmo problemas enfrentados pelos governadores na busca de soluções que atenda os direitos da população.
Não podemos esperar resultados em curto prazo. Há um emaranhado de problemas a serem resolvidos no novo Ministério da Segurança, a começar pela elaboração de seus planos estratégicos, operacionais e administrativos, inclusive na busca de experiências de outros países que já têm suas bases de segurança unificada, integrando ações e operações de inteligência e logística de combate ao crime.
(Izaías Sousa, especialista em Segurança Pública e Privada. www.revistaseguranca.com.br)
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