A forma da água
Diário da Manhã
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 22:40 | Atualizado há 7 anosA marginalidade torna os diferentes iguais. Esse poderia ser o mote do filme ‘A forma da Água’ (‘The Shape of Water’). Temos ali, em meio à Guerra Fria, na qual EUA e Rússia preferem a destruição do mundo a uma derrota, um romance improvável e lindamente filado e interpretado.
A paixão entre uma criatura fantástica meio peixe, meio homem, uma espécie de sereia ou iara masculina, e Elisa, a faxineira muda de um laboratório experimental secreto em que a ‘fera’ está presa. O encontro entre os diferentes possibilita uma épica fábula, onde a morte simbólica é inevitável para se ter um final feliz em uma nova dimensão.
Os personagens de apoio desse encontro – um desenhista de anúncios publicitários homossexual com o trabalho rejeitado pela utilização cada vez mais comum da fotografia; um espião russo que deseja salvar a criatura; e uma faxineira, colega de Elisa, que começa a descobrir o empoderamento feminino – completam o quadro.
A direção de Guillermo del Toro congrega a fantasia da situação com o drama do sofrimento dos protagonistas e o amor que pode tudo harmoniza. O ritmo acelerado, a delicadeza das imagens e a sincronicidade da trilha sonora envolvem e apontam para uma salvadora conclusão: a ficção pode não salvar, mas reconforta.
(Oscar D’Ambrosio, jornalista, mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, doutor em Educação, Arte e História da Cultura)
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