Cotidiano

CNI quer Indústria 4.0 no Brasil

Diário da Manhã

Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 00:04 | Atualizado há 1 semana

A Confederação Nacional da Indústria – CNI anun­ciou que está preparando um conjunto de propostas e ações que será apresentado para os can­didatos à presidência da República nas eleições deste ano. São medi­das que, no entender da CNI, deve­rão estimular e apoiar a adoção de tecnologias digitais pela indústria.

Entre elas, destaca-se a criação de um programa nacional que reú­na instituições capazes de apoiar a indústria na elaboração de planos empresariais de digitalização. “Cada empresa terá necessidades e objeti­vos diferentes com a adoção de no­vas tecnologias. Por isso, as soluções muito provavelmente, serão custo­mizadas”, avalia a CNI.

Outra proposta é sobre o finan­ciamento da implementação dos planos de digitalização. “Será pre­ciso mobilizar recursos para a mo­dernização das empresas, pois o grau de investimento também vai variar de caso em caso”, completa Gonçalves.

Segundo a CNI, que anda muito preocupada com a desindustriali­zação precoce do Brasil, a opção do modelo 4.0 é urgente para a com­petitividade de mais da metade dos setores da indústria brasileira.

Estudo inédito da Confedera­ção Nacional da Indústria mapeou necessidade de adoção das tecno­logias digitais em 24 setores da in­dústria.

O QUE É INDÚSTRIA 4.0

A “Indústria 4.0” é considerada a nova fronteira da produção indus­trial e tornará a forma como se pro­duz hoje obsoleta. Depois do fordis­mo e do taylorismo, da automação e da robótica, neste modelo as di­gitais tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. A principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização.

As principais tecnologias envol­vidas são: internet das coisas, ro­bótica avançada, impressão 3D, manufatura híbrida, big data, com­putação em nuvem, inteligência ar­tificial e sistemas de simulação vir­tual. Segundo a CNI, a combinação entre as tecnologias abre um le­que inédito de possibilidades, no­vos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobi­lidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre ou­tros. Cada vez mais nos aproxima­mos do mundo dos Jetsons.

De acordo com estudo realizado pela CNI, de 24 setores da indústria brasileira, pelo menos 14 precisam adotar, com urgência, estratégias de digitalização para se tornarem in­ternacionalmente competitivos. O texto intitulado “Confederação Na­cional da Indústria (CNI) Oportuni­dades para Indústria 4.0: aspectos da demanda e oferta no Brasil” ain­da não foi publicado, mas uma ver­são simplificada já está disponível na internet. O documento cruzou dados de produtividade, de expor­tação e taxas de inovação de diver­sos setores industriais brasileiros e os comparou ao desempenho dos mesmos segmentos nas 30 maiores economias do mundo, que, juntas, representam 86% do PIB mundial.

O objetivo é identificar quais ati­vidades poderiam ser mais benefi­ciadas pela adoção de tecnologias digitais voltadas ao aumento da efi­ciência, quais correm o maior risco diante do avanço da nova onda tec­nológica em países que concorrem com o Brasil e qual a capacidade de absorção e desenvolvimento de tec­nologias pela indústria nacional.

PONTOS FRACOS

Os 14 setores em situação mais vulnerável são os de impressão e reprodução; farmoquímico e far­macêuticos; químicos; minerais não metálicos; couro e calçados; vestuário e acessórios; têxteis; máquinas e aparelhos elétricos; equipamentos de transporte; produtos de metal; máquinas e equipamentos; móveis; artigos de borracha e de plástico.

Em geral, os segmentos apre­sentam produtividade inferior à média internacional e baixa inser­ção no comércio exterior. “A mi­gração para a Indústria 4.0 exigirá um esforço maior principalmen­te para empresas menos inova­doras, menos familiarizadas com a adoção de novas tecnologias, o que demonstra a necessidade de estabelecer iniciativas direciona­das. Além disso, dado o hiato de produtividade, os setores sofrerão cada vez mais com a concorrência internacional, tornando a urgên­cia muito elevada”, avalia o geren­te-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves.

Para a CNI, a Indústria 4.0 vai se impor como uma necessida­de para todos os setores. Mesmo em áreas onde hoje o Brasil se en­contra em situação relativamente confortável, em função das suas vantagens comparativas, o avan­ço tecnológico em outros países poderá provocar pressões com­petitivas no futuro. “Temos de ver a Indústria 4.0 como uma chan­ce de recuperarmos rapidamen­te o tempo que perdemos nas úl­timas duas décadas, quando a nossa produtividade cresceu mui­to lentamente”– João Emílio Gon­çalves, coordenador do estudo.

IMPLANTAÇÃO

Identificadas as demandas, a fase seguinte é a de implementa­ção do plano. Isso envolve a coor­denação da compra e instalação das soluções tecnológicas, bem como sua integração na linha de produção de cada empresa. Esse trabalho é feito pelo que a CNI cha­ma de “empresas integradoras”.

“Agora se propõe o foco nas em­presas integradoras porque po­dem se constituir no mecanismo de transmissão das inovações das tecnologias da Indústria 4.0”, diz o documento. O estudo recomenda a destinação de recursos às empre­sas, como para a capacitação de técnicos e gestores. As verbas po­deriam ser disponibilizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BN­DES) e pela Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa (Finep).

COMPRAS GOVERNAMENTAIS

Outra forma de estimular a disse­minação de tecnologias digitais na indústria seria aproveitar processos de compras das instituições públi­cas para estabelecer exigências que favorecessem soluções técnicas.

“A ideia é que, ao gerar deman­da para aplicação em outros cam­pos econômicos que não a ativida­de industrial, o governo apoiaria a construção de capacitação técni­ca, que poderia também gerar so­luções para a indústria brasileira”, sugere o estudo da CNI.

A entidade cita como áreas que poderiam adquirir tecnologias re­lacionadas ao modelo de Indús­tria 4.0 as de transporte, seguran­ça pública, energia e saúde. Neste último, a adoção de soluções de inteligência artificial poderia, por exemplo, contribuir tanto na ela­boração de diagnósticos quanto no desenvolvimento de novas drogas.

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