Cotidiano

A ameaça é nacional

Diário da Manhã

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 01:34 | Atualizado há 1 semana

O Instituto Sou da Paz, em par­ceria com a Secretaria de Seguran­ça Pública de Goiás (SSP), divulgou numa coletiva de imprensa rea­lizada ontem uma pesquisa que aponta o perfil e a origem das ar­mas de fogo utilizadas em ativida­des criminosas. De acordo com o levantamento, 70,6% das armas apreendidas são de pequeno por­te (curto alcance) e de uso permi­tido, ou seja, são as armas de mais fácil acesso ao cidadão comum.

“Ações das forças policiais goianas na apreensão de armas representam um duro golpe con­tra a criminalidade”, exaltou o se­cretário de Segurança Pública, Ri­cardo Balestreri, ao apresentar o estudo. Dos cinco tipos de armas mais apreendidos, apenas um é de calibre restrito, o que demons­tra que as forças policiais de Goiás possuem equipamentos e armas mais potentes do que os disponí­veis no mercado ilegal.

Para o gerente do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, a nacio­nalidade brasileira de sete em cada dez armas reforça a necessidade de um maior controle do mercado in­terno, e desmistifica a ideia de que a arma do crime vem do exterior. Ao mesmo tempo, ter 21,3% de peças de calibre longo, portanto a mino­ria, aplaca em parte a sensação de que os delitos são praticados com armamento pesado, superior ao poder de fogo do Estado.

“Os dados nos mostram que te­mos que olhar mais para as fron­teiras dos estados do que ficar falando do Paraguai. Claro que existe tráfico internacional, mas os dados apontam que a arma usada para delinquir é nacional e de bai­xo calibre. Mais da metade do que foi apreendido em Goiás é revól­ver”, diz Langeani.

O Instituto Sou da Paz analisou 5.186 armas envolvidas em crimes entre julho de 2016 e julho de 2017. Entre as armas apreendidas de cali­bre longo, que têm maior poder de destruição, estão 798 espingardas, 204 carabinas, 69 rifles, 14 subme­tralhadoras e 22 fuzis. Juntas, elas somam 21,3% do material anali­sado. As de calibre curto, 2.738 re­vólveres, 839 pistolas e 195 garru­chas, correspondem a 72,8%. Para o restante, 5,9%, não há informação.

Depois do Brasil, vêm os Es­tados Unidos, com 5% da origem das armas aqui apreendidas. Os demais países fabricantes, como Argentina e Itália, respondem por pouco mais de 1%, cada, e Áus­tria, República Tcheca e Israel, menos de 1% do material ana­lisado no levantamento. Outras nacionalidades além das men­cionadas somam, juntas, cerca de 9,5% aparecem sem informa­ção sobre a nacionalidade.

Os pesquisadores encontra­ram 2 mil armas com numera­ção de série preservada, sendo que 70% delas foram fabricadas antes de 2003, quando a atual Lei do Desarmamento entrou em vigor. Para Langeani, o dado sugere que na política anterior, mais branda em relação ao aces­so e à circulação de armas, os desvios eram maiores. “A arma é um bem com duração longa de vida útil, então ainda estamos arcando com os custos da falta de controle de décadas atrás”, conclui o representante do Ins­tituto Sou da Paz.

“Goiás mostra que é possível reduzir violência a partir de visões científicas e estratégicas”

 

“Apesar de todas as dificulda­des que vivenciamos no âmbito da segurança no Brasil, nos últi­mos 11 meses Goiás apresentou quedas significativas em todas as modalidades criminais”, afirmou o secretário de Segurança Públi­ca, Ricardo Balestreri, ontem, ao apresentar balanço das ações rea­lizadas no período em que está à frente da SSP. “O Estado mostra que é possível reduzir a violência a partir de uma gestão pautada por visão estratégica e científica”, disse.

Entre os resultados destacados por Balestreri, está a redução de to­dos os indicadores criminais entre março de 2017 e janeiro de 2018, na comparação com igual período de março de 2016 até janeiro de 2017. Homicídios recuaram 11,24% e la­trocínios retrocederam 24,22%. Tentativas de homicídio apresen­taram queda de 16,19%.

Outras quedas foram registradas em roubos de residência (-16,88%); roubos de veículos (-21,56%); rou­bos a transeuntes (-26,74%); e rou­bos ao comércio (-32,61%). Houve, ainda, redução de 5,38% no núme­ro de furtos em residências, ao pas­so que furtos de veículos cederam 8,58%. Frutos a transeuntes caíram 19,26% e furtos ao comércio retro­cederam 14,65%. Os casos de estu­pros tiveram queda de 4,29%.

“Buscamos uma gestão pauta­da pela visão estratégica e científica, sob a determinação do governador Marconi Perillo”, disse o secretário. “A redução da criminalidade teve início na gestão do vice-governa­dor Zé Eliton à frente da SSP”, ex­plica. “O que fizemos foi dar con­tinuidade a este trabalho”, destaca.

O secretário também ressal­tou as ações de valorização das forças policiais. Entre elas, a pro­moção de quase 2 mil policiais militares, 759 policiais civis, 302 bombeiros militares e 20 servido­res da Superintendência de Po­lícia Técnico-Científica (SPTC). Citou, ainda, o instituto de inde­nização por apreensão de armas de fogo e por mandado de prisão cumprido.

Ricardo Balestreri tam­bém lembra do reajuste de horas extras (AC-4) de todas as forças policiais e os concursos que garan­tiram 2,5 mil vagas na Po­lícia Militar, 600 na Polí­cia Civil e 290 no Corpo de Bombeiros (CMB). Outros novos concursos já foram autorizados: duas mil va­gas para a PM, 620 para a PC e 274 para o CMB.

Entre março e janei­ro deste ano, também foram realizadas ações para modernização das instituições. Destaque para a re­novação da frota locada das po­lícias em 2,2 mil veículos, cons­trução do Instituto Médico Legal (IML) de Itumbiara e melhorias na estrutura física dos batalhões da PM em Goiânia e Posse.

As atividades de inteligência fo­ram regulamentadas com a criação da Agência Central de Inteligên­cia. Realizou-se o mapeamento das facções criminosas que atuam em Goiás. Também foi criado o novo Código de Ética da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros que mo­derniza as práticas militares no que diz respeito à observância de prin­cípios básicos de cidadania.

Por fim, Balestreri agradeceu o empenho de todos os servidores que atuam na Segurança Públi­ca do Estado. “Temos os melho­res policiais do Brasil. Consegui­mos excelentes resultados graças ao empenho de cada homem e mulher que, diariamente, saem de casa comprometidos com a defesa da população nas mais di­versas áreas”, conclui.

Estiveram presentes, entre ou­tras autoridades, o superinten­dente executivo da SSP, tenen­te-coronel Newton Castilho; o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Divino Alves; o delegado-geral em exercício da Polícia Civil, Marcelo Aires; a su­perintendente de Polícia Técni­co-Científica, Rejane Barcelos; e a superintendente do Procon, Darlene Costa Araújo.

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