Educação Ambiental: realidade e desafios
Diário da Manhã
Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 22:23 | Atualizado há 7 anosNos últimos anos a população de modo geral está se conscientizando da importância da preservação do meio ambiente e cada vez mais o ser humano, como cidadão, vem assumindo sua responsabilidade. A preservação ambiental é uma das questões mais importantes que devemos tratar neste século 21.
As agressões à natureza não cessam, o que prejudicará o padrão de vida das gerações futuras. Entre os piores ataques estão os desmatamentos e queimadas de florestas e matas. Os cientistas já provaram que, sobretudo nas regiões tropicais, como o Brasil, a retirada da cobertura vegetal provoca alterações no regime de chuvas, tornando o clima mais seco e quente.
É importante a articulação de ações educativas voltadas para a preservação do meio ambiente e a escola é o espaço mais indicado e privilegiado para implementação dessas atividades, uma vez que, ela através da Educação Ambiental deve levar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente, conscientizando-os de forma a tentar gerar novos conceitos e valores sobre a natureza, alertando sobre o que se pode e deve ser feito para contribuir na preservação do meio, tentando assim, estabelecer um equilíbrio entre homem e natureza na busca por um mundo melhor, e desta forma possa disseminar tal conhecimento para a sociedade.
Na Faculdade Alfredo Nasser e no Colégio de Aplicação realizamos durante todo o ano várias ações e projetos no Jardim Botânico Amália Hermano Teixeira, na Vila Redenção, desenvolvidos por meio de um Termo de Cooperação Técnica com a Prefeitura de Goiânia, assinado em outubro de 2015. Por meio dessa parceira implantamos equipamentos voltados à visitação pública, propiciando lazer e práticas esportivas, áreas para piqueniques, parque infantil, biblioteca especializada, além de programas de pesquisa desenvolvidos no local que visam à conservação e preservação das espécies de flora e fauna e dos lagos.
Entendemos que, nesse contexto, a escola apresenta-se como um espaço social que através do ideal educativo deve proporcionar um constante repensar de valores e posturas. Esse cenário nos leva a repensar, a redimensionar os limites e as fronteiras do conhecimento onde esta inserida a Educação Ambiental.
Devemos ousar inovar e caminhar, principalmente com intencionalidade em tudo aquilo que se faz, tendo em foco o que é melhor para o planeta e para nós, o papel da educação está centrado na construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário. E é isso que se espera da Educação Ambiental.
A expressão “Educação Ambiental” surgiu apenas nos anos 70, sobretudo quando surge a preocupação com a problemática ambiental. A partir de então surge vários acontecimentos que solidificaram tais questões, como a Conferência de Estocolmo em 1972, a Conferência Rio-92 em 1992, realizada no Rio de Janeiro, que estabeleceu uma importante medida, Agenda 21, que foi um plano de ação para o século XXI visando a sustentabilidade da vida na terra, dentre outros.
A educação ambiental no Brasil tornou-se lei em 27 de Abril de 1999, pela Lei Nº 9.795 – Lei da Educação Ambiental. É importante lembrar que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma política nacional específica para a Educação Ambiental. Entretanto, apesar de difundida e isoladamente praticada, a Educação Ambiental ainda enfrenta desafios. Os principais deles referentes à qualificação dos professores que, muitas vezes, não recebem treinamento adequado para abordar o tema em suas disciplinas, além da própria ausência de um projeto pedagógico consolidado para dar conta da tarefa.
Percebe-se que os professores tem o conhecimento sobre o tema, mas ninguém participou e nem são oferecidas capacitações referentes ao mesmo e nem incluem o tema Educação Ambiental como temas transversais em seus planos de aula. Além de que, falta uma maior compreensão e colaboração por parte da comunidade escolar em colocar em prática ações que contribuam para a melhoria do meio ambiente.
É necessário que sejam proporcionadas aos educadores condições para que possam trabalhar temas e atividades de educação ambiental que possam conduzir a práticas pedagógicas, materiais didáticos, guias curriculares e projetos que incentivem o debate, a reflexão sobre as questões ambientais e a construção de uma consciência crítica.
É preciso que haja inter-relação entre as disciplinas do currículo escolar e a comunidade, para que juntos realizem uma educação ambiental voltada para a mudança do comportamento humano, tendo a Escola como um agente transformador da cultura e principalmente da conscientização das pessoas para o problema ambiental a partir de sua própria realidade.
Observa-se que a escola procura transmitir para os educandos de maneira isolada e fragmentada um conhecimento pronto sobre o meio ambiente e suas questões, onde o modo como a Educação Ambiental é praticada nessas escolas, é apenas como projeto especial, extracurricular, sem continuidade, descontextualizado, fragmentado e desarticulado, e apesar da disposição do MEC sobre a educação ambiental, não há efetivamente o desenvolvimento de uma prática educativa que integre disciplinas.
Se a prática pedagógica for bem desenvolvida, conseguirá formar cidadãos de bem que possam servir a humanidade, neste mesmo viés da educação consistirá um ser ético que será capaz de lutar, de questionar, e sensibilizar as pessoas a respeitarem os ciclos vitais e pôr limites e evitar essa grande defasagem feita pelos seres humanos.
Mesmo com todas as dificuldades, a Educação Ambiental ainda pode contribuir formando cidadãos, críticos e alto-conscientes de suas atitudes e realidades, bastando para isso todos agirem com maior compromisso e responsabilidade.
É através da educação ambiental que se torna possível conscientizar e mobilizar a sociedade sobre a necessidade de se implementar um estilo de vida sustentável que permita a existência humana na terra em sua plenitude no futuro. Somente a educação ambiental pode viabilizar que um número amplo e heterogêneo de indivíduos se envolva mais efetivamente com a questão ambiental.
As mudanças ecológicas somente acontecerão e serão concebíveis quando houver modificações nas mais diversas áreas da sociedade. Dessa forma, é importante que existam medidas políticas, jurídicas, técnico-científicas, institucionais, econômicas e, principalmente, atividades educativas voltadas à proteção, recuperação e melhoria socioambiental.
A transformação necessária para o desenvolvimento sustentável tem a sua base na educação. Todos precisam entender sobre o que é sustentabilidade e a sua importância para que a interação do homem com o meio ambiente seja uma relação de coexistência e não de exploração. Sendo assim, a educação assume posição de destaque para construir os fundamentos de uma sociedade verdadeiramente sustentável. Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição necessária para isso.
(Alcides Ribeiro Filho, professor e empresário)
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