Opinião

Viva – a vida é uma festa

Diário da Manhã

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 22:34 | Atualizado há 1 semana

Viva – A Vida É Uma Festa, em cartaz no Brasil desde o dia 4, é aquela Pixar que sem­pre crescemos juntos. A Pixar dos projetos originais. A Pixar do coração. A Pixar que deixa de lado toda e qualquer inten­ção meramente mercadológi­ca, para nos levar a um mun­do novo e singular. O último grande projeto digno de aplau­sos do estúdio foi o excepcio­nal Divertida Mente, em 2015, e agora este “Viva.

Dirigido por Lee Unkrich – o diretor responsável por aque­la bomba atômica de emoções que é Toy Story 3 – viaja ao mun­do da cultura mexicana para criar um filme que fala de sau­dade. O Dia dos Mortos é o ce­nário de fundo para nos fazer acompanhar Miguel, um ga­roto apaixonado por música, mas que é reprimido pela fa­mília que baniu há muito tem­po a prática de dentro de casa. No Dia dos Mortos, após roubar o violão de um falecido gran­de cantor, Miguel vai parar no mundo dos mortos e precisa da ajuda dos falecidos entes queri­dos para voltar para casa.

A trama soa um tanto quan­to macabra lendo por alto, mas a Pixar lida com maestria toda a temática espiritual entor­no da cultura do Dia dos Mor­tos e de todo o universo apre­sentado. O principal interesse do roteiro de Lee Unkrich, Ja­son Katz, Matthew Aldrich e Adrian Molina é justamente ensinar ao público a impor­tância de nunca esquecer. De nunca abandonar quem ama­mos e valorizar os momentos juntos. Uma tarefa difícil, di­gamos, principalmente, em um mundo concentrado com avidez nas telas de celulares e tablets. Valorizar tais momen­tos tem se perdido como lágri­mas na chuva, mas Unkrich faz questão de ressaltar como são importantes, e essenciais, em nossa formação como se­res humanos.

Li diversos comentários em sites e no Youtube sobre as se­melhanças com outra anima­ção chamada Festa no Céu, que também utiliza o mote da cul­tura do Dia dos Mortos como pano de fundo. Mas as seme­lhanças param por aí. Podem até existir outras similaridades em relação a cenários, mas o in­teresse dos personagens de Viva são outros, e o tema principal, bem como seu desenvolvimen­to narrativo, foge daqueles apre­sentados pelo longa produzido por Guillermo Del Toro em 2014. Ambos são ótimos e possuem qualidades singulares, e conse­guem ter êxitos igualmente dig­nos de nota.

Viva – A Vida É Uma Festa também entra no hall dos fil­mes emotivos da Pixar. Aqueles que falam tão profundamente ao nosso âmago que é impossí­vel não se emocionar. Unkrich já havia realizado algo com maior intensidade em Toy Story 3 – o mais tocante de toda a trilogia dos brinquedos –, e com Viva, al­cança novamente o feito ao criar cenas delicadas, e emocionan­tes, onde assiste como um te­lespectador curioso as ações de seus personagens. Unkrich pas­seia com a câmera sem pressa em tais momentos, e exalta com bastante sutileza cada nuance da situação apresentada.

E Viva se destaca por utilizar a cultura mexicana não como justificativa ianque, dentro da narrativa, para enaltecer como os EUA precisa valorizar dife­rentes culturas. A mensagem, claro, existe, mas a cultura do México é usada como parte in­tegrante do texto. Ela é daquele jeito. Os personagens são mexi­canos. E o roteiro não quer en­tendê-la, apenas, mostrá-la tal qual ela é. Simples assim.

Viva – A Vida É Uma Festa é um programa obrigatório para se assistir com toda a família. Um ensinamento divertido às crianças que irão aprender a importância de amar os fami­liares. E uma mensagem po­derosa aos mais velhos que serão lembrados a nunca es­quecer quem se ama. Enfim. Divirta-se. Emociona-se. Re­comendado!

(Matthew Vilela, crítico de ci­nema do DM e do blog “Blog do Matthew Vilela”)

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