Saúde

Anvisa aprova novo antibiótico para combater bactérias multirresistentes

Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 00:46 | Atualizado há 7 anos

A Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o novo antibiótico ceftolo­zana-tazobactam, comercialmen­te conhecido como Zerbaxa, para o tratamento de pacientes com in­fecções causadas por bactérias re­sistentes, entre elas, enterobacté­rias produtoras de ESBL ou BLEE (β-lactamase de espectro estendi­do) e Pseudomonas aeruginosa. Desenvolvido pela farmacêutica MSD, o novo antibiótico está apro­vado para infecções intra-abdomi­nais complicadas e infecções do trato urinário complicadas.

A resistência bacteriana tem se agravado progressivamente. Esti­ma-se que 700 mil pessoas mor­ram anualmente em todo o mun­do devido ao fenômeno. Dados divulgados recentemente revelam que até 2050, infecções por bacté­rias multirresistentes poderão ma­tar 10 milhões de pessoas no mun­do por ano, impacto maior que a mortalidade por câncer.

No Brasil, a realidade não é di­ferente. De acordo com dados da Anvisa, cerca de 25% das infecções registradas no país são causadas por micro­-organismos multir­resistentes – aqueles que se tornam imunes à ação dos antibióticos. Na lista das bactérias com menos opções de tratamento dispo­níveis, elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017, está a Pseudo­monas aeruginosa.

Atualmente, até 40% dos ca­sos de P. aeruginosa detectados no Brasil apresentam resistência aos carbapenêmicos, como o me­ropenem, que é o antibiótico mais usado para tratar infecções graves. “O antibiótico ceftolozana-tazo­bactam, atualmente, é conside­rado a melhor opção para tratar infecções causadas por Pseudo­monas aeruginosa. Esse tipo de bactéria sempre foi um desafio para nós médicos, pois são muito frequentes em ambientes hospi­talares, particularmente nas UTIs”, destaca Clóvis Arns da Cunha, in­fectologista e professor da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR).

Frequente agente infeccioso, a Pseudomonas aeruginosa pode ser resistente aos antibióticos es­colhidos inicialmente para o trata­mento. Sem antibióticos eficientes contra bactérias resistentes, muitos procedimentos médicos, como ci­rurgias e quimioterapia para pa­cientes com câncer poderiam ser suspensos ou postergados. “Nós utilizamos antibióticos em com­plicações infecciosas de diversos procedimentos hospitalares, o que possibilitou vários avanços em vá­rias áreas da saúde, incluindo os transplantes, por exemplo. Se as bactérias se tornarem resistentes aos antibióticos que temos dispo­níveis hoje, poderemos voltar à era pré-antibióticos, onde um simples ferimento infectado poderá cau­sar graves danos”, alerta o médico.

Segundo estudos clínicos, o novo antibiótico ceftolozana-ta­zobactam demonstrou 87% de eficácia no tratamento de infec­ções bacterianas intra-abdomi­nais complicadas, quando com­paradas ao tratamento padrão com meropeném – eficácia de 83%, antibiótico de referência para o tratamento de bactérias resistentes. Já para tratamento das infecções do trato urinário causadas por Pseudomonas ae­ruginosa, os números são ainda mais expressivos e a nova tera­pia demonstrou eficácia de 75%, quando comparados ao levoflo­xacino (eficácia de 47%), utiliza­do como comparador para trata­mento desta infecção[3].

 

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