Um Brasil livre de aftosa
Diário da Manhã
Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 01:36 | Atualizado há 2 semanasA expectativa dos pecuaristas brasileiros é crescente em todas as regiões que detêm rebanhos bovinos e bubalinos. E Goiás não fica de fora. É que em maio deste ano, durante a reunião anual da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris, a entidade deve anunciar o Brasil como país livre da febre aftosa com vacinação. A certificação oficial pela OIE de que todo o território nacional é livre da doença com vacinação deve contribuir para ampliar e abrir novos mercados internacionais às carnes brasileiras.
No último ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa, Brasília/DF) criou um comitê para preparar ações voltadas para o alcance desse objetivo. O comitê organizador foi criado por meio de portaria do ministro Blairo Maggi, publicada na edição de 12 de maio no Diário Oficial da União.
RECONHECIMENTO
O reconhecimento pela OIE deverá consolidar o processo de reconhecimento do Ministério. No início de dezembro, quando foram declaradas novas zonas livres da febre aftosa com vacinação no Amapá, Roraima, em grande parte do Amazonas e em áreas de proteção no Pará, finalizou-se nacionalmente o processo de erradicação da doença. Em abril, completaram-se 11 anos sem registro de ocorrência no País.
Goiás, por exemplo, está há 23 anos consecutivos sem apresentar um único foco de febre aftosa. O rebanho bovino goiano é composto de cerca de 22 milhões de cabeças. José Magno Pato, presidente do Sindicato da Indústria da Carne (Sindicarne), tem cobrado das autoridades federais a “relevância de Goiás no processo sanitário do rebanho bovino e bubalino”.
DESTAQUE
Paulo Leonel, da Fazenda Conforto em Nova Crixás, modelo de produção no Brasil, situado no Vale do Araguaia e décimo município brasileiro em rebanho bovino, teceu rasgados elogios “à sanidade bovina de Goiás”. Segundo o pecuarista, “a carne goiana é disputada no mercado por sua qualidade, mas, sobretudo, pela sanidade. O Estado é um modelo para o País”, resumiu. A instituição a que Paulo Leonel se refere é a Agência Goiana de Defesa Animal e Vegetal, mais conhecida por Agrodefesa.
A cadeia produtiva da carne bovina movimenta R$75 bilhões, gera quatro milhões de empregos diretos e detém mais de um milhão de pecuaristas. O presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva, Alberto Pessina, diz “juntos já produzimos 9,5 milhões de toneladas de carne bovina e exportamos 1,8 milhão de toneladas para mais de 150 países, com geração de mais de US$ 6 bilhões em receita. São números para nos orgulhar”.
José Manoel Caixeta está há poucos meses na presidência da Agrodefesa e ressalta que o amplo trabalho decorre das sucessivas administrações. A instituição foi criada com o apoio de instituições privadas e públicas ligadas aos agropecuaristas. “Seguimos o que recomenda o bom senso, agindo com rigor no cumprimento das recomendações da ordem sanitária. No fundo é o que o consumidor final deseja, um produto de alta qualidade à mesa”, conclui.
Funrural tem redução de 40% na alíquota de contribuição
Publicada no Diário Oficial da União, a Lei 13.606, de 9 de janeiro de 2018, manteve alguns benefícios aprovados pelo projeto do Congresso, como a redução de 4% para 2,5% do valor total a dívida na entrada à vista, até o dia 28 de fevereiro; a opção de recolhimento sobre a folha (INSS) ou sobre a produção, a partir de 2019 para pessoas jurídicas, e a partir de 2018 para pessoas físicas; além da redução da alíquota de contribuição do produtor rural pessoa física para 1,2%, já em vigor.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), disse que a atuação da entidade, juntamente com a deputada Tereza Cristina, garantiu a manutenção de pontos importantes para o produtor rural.
“Nos dedicamos para que o estrago ao setor fosse o menor possível. O que não conseguimos garantir agora, tentaremos recuperar na análise dos vetos pelo Congresso Nacional e derrubar”, destacou.
Para a relatora da MP e do PLC do Funrural na Câmara dos Deputados, deputada Tereza Cristina (DEM-MS), o trabalho constante e pontual feito pelos parlamentares junto ao governo possibilitou menos vetos do que o esperado inicialmente. “A redução da alíquota já está valendo. Houve vetos, mas a espinha dorsal do meu relatório foi mantida, o que garante um respiro ao setor produtivo”, disse a deputada.
VETOS
Alegando sobrelevação de custo fiscal imputado ao Tesouro Nacional, sem previsão na Lei Orçamentária para recepção do impacto, o governo federal vetou pontos como a redução da alíquota de contribuição de 2,5% para 1,7% ao produtor rural pessoa jurídica a partir de fevereiro de 2018; a inclusão da renegociação de outras dívidas rurais com bancos públicos, em sua maioria por pequenos agricultores; e os descontos de 100% das multas e encargos legais para produtores rurais pessoa física e jurídica.
Também vetou a limitação para utilização de créditos tributários sobre dívidas igual ou inferior a R$ 15 milhões, a permissão do uso de créditos de prejuízo fiscal para liquidação do montante da dívida do Funrural e a isenção de contribuição na comercialização destinada ao plantio, reflorestamento, reprodução pecuária ou granjeira.
O setor produtivo havia pleiteado uma única contribuição sobre o produto final e a retirada da cobrança escalonada, principalmente na pecuária. “O que há é uma múltipla cobrança desses produtores. Não é justo pagar a contribuição duas, três vezes, sobre, por exemplo, a semente de soja, o plantio e a colheita, assim como sobre a produção do boi magro e boi gordo”, explica Tereza Cristina.
COMO FICA
Com a nova legislação, o produtor rural terá até o dia 28 de fevereiro deste ano para fazer a adesão ao Programa com alíquota de 2,5% do valor da dívida consolidada em até duas parcelas iguais, mensais e sucessivas. Também foi incluído na lei o parcelamento dos débitos vencidos até o dia 30 de agosto de 2017. As dívidas poderão ser parceladas em até 176 vezes com mais 60 meses para quitação total, caso o montante ainda não tenha sido liquidado.
O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), membro da FPA, comemorou a nova lei que deu um fôlego aos produtores. “Muitos agricultores nos procuraram e relataram problemas para pagar a dívida. Os valores são elevados e o setor rural está descapitalizado devido à queda excessiva nos preços pagos pelos principais produtos agrícolas. A lei, bem como a redução da alíquota, vai proporcionar um ânimo aos produtores e garantir a sustentação do setor”, destacou.
PASSIVO
As ações impetradas por entidades do setor agropecuário no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a inconstitucionalidade da contribuição ao Funrural ainda aguardam decisão do Tribunal. A deputada Tereza Cristina informou ainda que o parágrafo 4º do Artigo 1º da nova legislação garante a todos os produtores rurais, que aderirem ao Refis, sejam beneficiados com qualquer mudança de entendimento do STF sobre a constitucionalidade da cobrança.
“O que já tiver sido pago vai se transformar em crédito para compensar e até ser restituído, com extinção do parcelamento”, explica.
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