Brasil precisa erradicar aftosa
Diário da Manhã
Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 01:22 | Atualizado há 7 anosA arroba da carne bovina nacional passará no decorrer de 2018 por pequena reação nos preços em nível de produtor, mas sem causar “grandes expectativas”, na análise do presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato, feita, ontem, ao Diário da Manhã. Ele não arrisca pontuar percentuais, mas lembra que nas importações de carnes o mercado internacional não avança tanto, apesar dos esforços do Ministério da Agricultura. O mercado interno está mais ou menos estático.
Em sua opinião, mercados importantes como o Japão, a Coréia do Sul e os Estados Unidos esperam que “o Brasil erradique, de uma vez por todas, a febre aftosa”. Estados como Goiás, por exemplo, o último foco ocorreu há mais de 23 anos. “Uma vitória que contou com os esforços dos pecuaristas do nosso Estado”, assinala com o conhecimento de quem vive o segmento há mais de cinquenta anos, como pecuarista, secretário da Agricultura, presidiu o Fundepec, entre outras participações públicas e privadas.
José Magno Pato vê o mercado doméstico como “grande aliado” do segmento da cadeia da carne. Segundo o zootecnista, o consumo interno cresceu e tornou-se um dos maiores do mundo. Atualmente, o brasileiro ampliou seu cardápio, consumindo carnes de frangos e suínos. O dirigente classista observa que esse crescimento se deve às campanhas de consumo adotadas pelas associações de produtores de aves e de suínos.
O processo de modernização da criação desses animais, adotado pelo brasileiro em geral e pelo goiano em particular, provocou a melhoria dos plantéis. A qualidade sanitária dos alimentos, entre outros fatores positivos, favorece o aumento do consumo. A garantia de fornecimento contribui, por outro lado, para as compras continuas tanto no mercado interno quanto no externo, acredita.
COTA HILTON
Apesar de tudo, José Magno Pato é da opinião que o pecuarista brasileiro poderia apostar mais na Cota Hilton, que fornece aos consumidores um carne de maciez incontestável. “Assim com fazem o Uruguai e a Argentina, que estão mais próximos de nós”, assinala.
A cota Hilton surgiu através de um acordo comercial concedido nas Negociações Multilaterais Comerciais do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), no ano de 1979, realizada em um dos hotéis da cadeia norte-americana Hilton, justificando, assim o seu nome. Quando a rede hoteleira foi instalada na Europa na década de 50, o propósito inicial era servir, em suas unidades, cortes de carne bovina com o mesmo padrão que servia nos Estados Unidos. Desde então, a União Européia resolveu atribuir uma cota para realizar exportações de cortes bovinos.
A cota Hilton compreende uma determinada quantidade de carne bovina fresca ou resfriada, sem osso e com alto padrão de qualidade, destinada à exportação para a UE. Essa exportação é concedida anualmente a países produtores e exportadores de carnes. Dentre eles estão credenciados: Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia, EUA e o Canadá.
AÇÃO DO SINDICARNE
O processo de industrialização da carne bovina é registrado a partir da década de 1960, com a implantação dos primeiros frigoríficos. Hoje, essa planta é responsável pelo abate de três milhões de bovinos ao ano e conseqüente produção de 600 mil toneladas de carne. O rebanho bovino soma 22 milhões de cabeças. Com uma população de seis milhões e meio de pessoas, registra-se um excedente de 275 mil toneladas de carne para abastecimento do mercado interno e exportação destinada a mais de cem países. Goiás liderança no ranking de confinamentos, com mais de um milhão de reses.
O rebanho sofre contínuo melhoramento genético, segurança sanitária, bem-estar animal, entre outros fatores ligados a manejo e certificação. A manutenção do controle sanitário é desenvolvida pela Agrodefesa, organismo estadual que pratica a defesa sanitária animal e vegetação em Goiás. É considerada uma das mais eficientes do País e responsável por aplicar normas utilizadas nos 154 países vinculados à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris, França.
Essa atuação tem parceria com o Fundo da Pecuária em Goiás (Fundepec). Na verdade, trata-se de um fundo, criado para complementar as ações sanitárias e de desenvolvimento da pecuária. Objetiva, ainda, indenizar criadores em caso de sacrifício de animais com doenças de notificação compulsória, além de financiar pesquisas na área da produção. O Fundepec Goiás é pioneiro no Brasil e foi elogiado por auditória da OIE, em 2014, como referência no trabalho de parceria pública e privada, buscando aperfeiçoar a qualidade sanitária dos rebanhos.
PREÇOS DA ARROBA
Preços andando de lado para arroba do boi gordo na região Sul de Goiás nos últimos sete dias. De um lado a baixa oferta de animais terminados controla as quedas de preços e do outro, as expectativas quanto ao comportamento da demanda nos próximos dias, diminuem o ímpeto das compras por parte das indústrias que reduz ofertas de compra acima da referência.
Atualmente, a arroba do macho terminado está cotada em R$142,50, à vista, livre de Funrural. Alta de 5,6% nos últimos trinta dias. Na região, as escalas de abate giram em torno de dois a três dias. Para a vaca gorda o cenário é de queda. Na região, a cotação está em R$133,00/@, nas mesmas condições. Queda de 0,7% no período. Nos próximos dias, a expectativa ainda é de baixo volume de negócios, com retomada gradativa dos pecuaristas aos negócios. O diferencial de base em relação a Araçatuba-SP está negativo em 2,36%.
]]>