Entretenimento

Catedral Metropolitana completa 80 anos

Diário da Manhã

Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 23:22 | Atualizado há 1 semana

Apenas quatro anos se passam da criação da Pa­róquia de Nossa Senhora Auxiliadora, a Catedral Metro­politana, da fundação de Goiâ­nia. Os fiéis ainda agradecem a Deus pela implantação do tem­plo em pleno Cerrado. Se os jesu­ítas tiveram participação religio­sa e cultural ativa na descoberta do Brasil, entre elas a inclusão do tupi-guarani na formação do idioma português, o clero foi co­adjuvante na edificação da capi­tal goiana. O presente trabalho jornalístico contou como fonte o Livro Notas Históricas, do mon­senhor Nelson Rafael Fleury (Sé­rie Memória Religiosa, Ed. PUC Goiás), sob autorização da Cúria Metropolitana.

Há uma história relevante em todo esse ciclo envolvendo não apenas um templo religioso, mas a própria vida da nova Capi­tal, fundada por Pedro Ludovico Teixeira e que teve como primei­ro prefeito, o professor Veneran­do de Freitas Borges. Há em todo esse processo a semente da fé, do amor e da esperança.

PRIMEIRO TEMPLO RELIGIOSO

O decreto da criação da Paró­quia de Nossa Senhora Auxilia­dora de Goiânia, foi expedido pela Cúria Arquidiocesana de San­ta’Ana de Goiás, em 22 de dezem­bro de 1937, sendo nomeados res­pectivamente vigário e coadjutor cônego Abel Ribeiro (primeiro vi­gário) e padre Francisco de Sales Peclat, cujas provisões se datam de 22 de dezembro de 1937.

A matriz, a primeira de Goi­ânia, que também é o primeiro templo religioso da nova Capital, recebeu cerimônia da bênção no dia 24 de dezembro de 1937 e teve novenário e missa presidida pelo padre Peclat. A Comissão Orga­nizadora dos festejos foi presidida pela primeira dama Gercina Bor­ges Teixeira. Seus primeiros diri­gentes foram o cônego Abel Ri­beiro e o padre Peclat.

FAZENDEIRO DOA A ÁREA

O terreno onde hoje se encontra a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Auxiliadora era uma área de terras que pertencia às fazendas de Andrelino de Morais, membro da tradicional família goiana, Ro­drigues de Morais.

No início da década de 1930, quando a Comissão de Estudos para a localização da futura capi­tal de Goiás optou pela região da Campininha, no município de Campinas, imediatamente o go­verno estadual providenciou a de­sapropriação da área na qual se­ria construída a nova cidade. Esses terrenos pertenciam, principal­mente, às fazendas Botafogo, Ma­cambira e Vaca Brava. Parte delas, cerca de dois alqueires, Andrelino doou à Igreja Católica, destinados às obras religiosas.

URBANIZAÇÃO DE GOIÂNIA

Em 1947, a empresa Coimbra Bueno e Cia. Limitada apresen­tou a planta geral de urbanização de Goiânia. Nessa planta são des­tacados os pontos de convergência de cada Setor, entre eles, a Praça da Catedral, no Setor Sul. O terre­no doado à Igreja era extenso e in­cluía as duas quadras adjacentes à Praça do Cruzeiro, onde hoje está a Paróquia São José e o Colégio Ma­ria Auxiliadora, no Setor Sul.

Além de todo o espaço ocupa­do pelos prédios da Pontifícia Uni­versidade Católica de Goiás (PUC Goiás), incluindo a Praça Univer­sitária. O local escolhido pelo en­tão arcebispo de Goiás, Dom Ema­nuel Gomes de Oliveira, para ser edificada a Igreja Matriz da pri­meira paróquia de Goiânia, que mais tarde seria a sua Catedral, foi a quadra residencial que fica entre as ruas 10, 14, 19, 20, no Centro.

Antes de decidir por essa área, cogitou-se a construção da Igreja Paroquial na quadra 81, da Aveni­da Tocantins, entre as ruas 3 e 29, projeto que foi abandonado.

EDIFICAÇÃO DA CATEDRAL

No dia 18 de maio de 1947 o ar­cebispo de Goiás escolheu e no­meou os membros da comissão que assu­miriam a tarefa de obter os recursos financeiros para a cons­trução da Catedral. Além do ar­cebispo Dom Emanuel, partici­pou dessa reunião também o seu auxiliar, Dom Abel Ribeiro Ca­melo. A comissão foi nomeada de Pro ErigendaEcclesia. Como presidente foi escolhida a senho­ra Ambrosina, esposa do então governador Jerônimo Coimbra Bueno, e vice-presidente, a se­nhora América do Sul Roriz.

A planta da Catedral foi escolhi­da pelo próprio arcebispo. O pro­jeto é de autoria do arquiteto sale­siano padre Consolini. A princípio, seria a Matriz da Paróquia São João Bosco, dos Padres Salesianos, em São João del-Rei (MG).

ESTILO MODERNO ECLÉTICO

O estilo da Catedral de Goiânia é o moderno-eclético, com influ­ência de alguns estilos europeus da arte sacra moderna, como o neo-românticos, neobasilical, ne­ogótico. Alguns chegam a entre­ver nas alterações que sofreu a planta original, o desejo de colo­car na obra alguma coisa do esti­lo art déco, usado nos prédios da Praça Cívica, como marca de Goi­ânia, embora o estilo não tenha exercido nenhuma influência na arte sacra. Há quem associe a tor­re da Catedral a características das primeiras construções da capital.

No início das obras, o arce­bispo queria lo­calizar a igreja bem na ponta da quadra, voltada para a Rua 20. Ele desejava que os lotes que davam para a Rua 19 não fos­sem atingidos pela construção. Mas o então governador Coimbra Bueno, que era perito no assun­to, convenceu-o a localizar a igreja no centro da quadra, tornando-a a mais destacada das construções vizinhas. A obra ficou alguns anos só nos alicerces e, em 1949, du­rante o paroquiato do padre José Quintiliano, teve início o levanta­mento das paredes.

INAUGURAÇÃO

Em 1955, com a morte do arce­bispo Dom Emanuel, Dom Abel foi eleito vigário capitular. Ele se dedicou ao projeto de reformula­ção da estrutura física da Provín­cia Eclesiástica, com a criação da Arquidiocese de Goiânia. Ele de­veria agir rapidamente para que o primeiro arcebispo da Arquidio­cese de Goiânia pudesse encon­trar, na sua chegada, pelo menos uma Catedral provisória estrutu­rada, embora inacabada.

De 1950 a 1955, passaram pela paróquia o cônego Carlos Planger, o padre Jesuflor, o pa­dre Alípio Martinez, o cônego Antonio Ribeiro de Oliveira, que ficou pouco tempo porque foi sagrado bispo em 1961, e o pa­dre João do Carmelo Xavier.

Com os esforços da Comissão das Obras da Catedral, no dia 10 de maio de 1956, Dom Abel pro­cedeu à bênção e à inauguração da Catedral, com a presença de autoridades, associações religio­sas e muitos fiéis.

No dia 8 de dezembro de 1966, o então núncio apostólico no Brasil, o cardeal Dom Sebastião Baggio, sagrou a Catedral. Fo­ram 19 anos, dos alicer­ces à sagração. A partir des­se rito litúr­gico, a Igreja Nossa Senho­ra Auxiliadora constituiu-se Catedral defi­nitiva da Ar­quidiocese.

]]>


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias