A reforma protestante e o espírito do capitalismo
Diário da Manhã
Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 23:20 | Atualizado há 7 anosNeste ano, comemoram-se os quinhentos anos de um acontecimento que mudou os rumos da história do cristianismo no mundo: a Reforma Protestante. Falemos um pouco dela.
Liderada por um intelectual engajado em polêmicas filosóficas e teológicas, o alemão Martinho Lutero, a reforma protestante contestou, em suas 95 teses, importantes valores do catolicismo nos tempos do Papa Leão X. Lutero criticou a venda de indulgências como forma de remissão dos pecados. Para ele, o cristão devia conectar-se diretamente com o criador mediante a oração e palavra de Deus expressa na Bíblia. Somente a fé em Deus levaria à salvação dos seres humanos.
As distintas tipologias do protestantismo materializam-se, nos dias de hoje, em várias ramificações. São elas: Presbiterianos, Batistas, Anabatistas, Assembleia de Deus, Adventistas, entre outras denominações, mas todas têm, apenas, uma origem comum: a Reforma Protestante.
A influência desse movimento mudou a maneira punitiva como era vista a riqueza oriunda do trabalho. Nesse sentido, os estudos do grande sociólogo conterrâneo de Lutero, Max Weber, evidenciam a direta correlação (até então desconhecida) entre a ética protestante e o espírito do capitalismo. A partir daí, a riqueza oriunda do trabalho honesto não se constituía em pecado. Passava, aliás, a ser uma virtude. Não é por acaso que onde o capitalismo mais prospera? Estados Unidos, Suíça, Alemanha são nações nas quais impera a ética protestante.
As ideias revolucionárias contidas na Reforma Protestante que tanto mexeram com os pilares do catolicismo não teriam prosperado sem o apoio político. No caso de Lutero, o apoio foi dado pelos príncipes alemães. Outro fator que influenciou no sucesso que teve o pai do protestantismo relaciona-se com a vida privada desse reformador. Ele, ao casar com Catarina Von Bora, sentiu a influência dela em sua vida. A esposa do reformador tornou-se a segunda pessoa mais importante da reforma. Sua habilidade no trato com os negócios da família e com a saúde física e mental de Lutero (que sofria de depressão) municiou o espírito do reformador em torno de sua causa. Causa que se mostra cada vez mais viva após 500 anos. Basta observar a considerável expansão dos evangélicos em países, até então, eminentemente católicos, como é o caso do Brasil.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de Cheiro de Biblioteca)
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