“Insegurança nossa de cada dia.”
Redação
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 22:19 | Atualizado há 7 anosHá poucos dias me ligaram, às 2 horas da manhã, a voz de um rapaz dizia: “Mãe, eles me pegaram, não conte para ninguém, eles querem me matar, faça tudo que eles mandarem e o rapaz chorava e dizia: mãe eu te amo!”
No desespero acreditei piamente que seria a voz de meu filho, pedindo 500 mil reais e disse-me que até 10 horas da manhã ficaríamos falando, então o Banco abriria. O recado: é para levantar 500 mil reais e pediu meu celular para a Raquel. O bandido disse que ela ficaria comigo no celular ela era sobrinha do bandido e ficaria conversando comigo. O outro telefone era para ficar fora do gancho e às vezes o bandido falava. Sabiam que meu marido estava viajando. Sabiam tudo de nossa vida, inclusive que meu outro filho mais velho, poderia ser executado posteriormente.
Não sei onde consegui total equilíbrio raciocínio, calma absoluta para os diálagos com o bandido e a tal Raquel. O bandido era imundo, chamou-me de todos nomes feias possíveis e falou bobagens, imoralidades absurdas. Percebi um sotaque diferente, mas não sei de onde. A tal Raquel, cúmplice, pediu que eu mantivesse o celular ligado no corredor. E quando a moça chegasse para trabalhar pela manhã “é para dispensar sem falar nada.”
Eu estava encurralada totalmente com os 2 telefones presos, sem ação. Mas Deus me deu sangue frio diálogo sem ficar nervosa, em momento nenhum perdi o equilíbrio ou mostrei desespero e desorientação. Eu me desconheci tal a aparente calma externa e frieza que demonstrava. Por dentro eu estava morrendo!!! Foi quando sem saída nenhuma escrevi numa folha de papel, já que os 2 telefones estavam presos. Na escrita pedi meu vizinho de apartamento para ligar para a casa de meu filho e dei o número para confirmar se ele estaria bem. Meu filho atendeu, conversou com ele estava em casa e bem. Ele explicou o que estava acontecendo. Falei com meu filho tudo tranquilo.
Esse vizinho e a mulher caíram do céu! Então ele pegou o telefone e conversou e desarmou o bandido desmascarando-o. O vizinho disse que ele ficou rindo curtindo com a cara dele. Agradeci aos queridos vizinhos, agradeci a Deus de joelhos. Meus vizinhos ficaram uns minutos me fazendo compainha, me deram água etc. Quando tudo resolvido, desabei na cama como um mulambo, um boneco de pano de tanta exaustão – 48 minutos de tensão, o relaxamento me deu uma sensação de moleza e prostação que nunca senti antes. Se não escrevesse chamando meus vizinhos o que poderia me acontecer?
Escrevi isso para que muitos tomem cuidado, também tomem como exemplo e veja a insegurança total em que vivemos. Esse trote é comum fiquei sabendo. Até quando nossa Goiânia, nosso estado estarão à mercê de bandidos de todos os naipes? Será que merecemos isso? Trabalhamos corretamente, pagamos os impostos mais altos do planeta, somos cidadãos honestos e úteis – e recebemos em troca insegurança máxima.
Pior: coisas desse tipo acontecem toda hora em qualquer lugar. Nossos filhos, netos, parentes, amigos correm perigo, estejam em escolas, igrejas, em casa, em praças, no cabeleireiro, no simples atravessar as ruas. O que mais me impressionou foi a ousadia e a grosseria do bandido, a imoralidade de suas palavras, as ameaças claras e veladas e o conhecimento de nossa Vida e rotina.
Enquanto não existir a Pena de Morte nada vai mudar, vai só piorar. Com leis frouxas, obsoletas, a corrupção galopantes dos políticos, que só pensam gananciosamente nos bilhões a serem retirados do povo. Eternamente seremos reféns da total insegurança a cada hora, cada dia, todos dias em qualquer lugar. Pena de Morte, só esse tipo de medida para varrer os bandidos e suas bandidades de nossas Vidas.
(Augusta Faro Fleury de Melo, poeta, escritora, membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, Academia Goiana de Letras e pioneira da poesia infantil em Goiás. Tem os livros “A Friagem” e “Boca Benta de Paixão” (contos e adultos) traduzidos em inglês, espanhol e alemão)
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