O buraco do Iris é mais embaixo?
Diário da Manhã
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 02:51 | Atualizado há 7 anosSegundo explicações, digamos assim, mais comportadas, a expressão “o buraco é mais embaixo”, nada mais é do que dizer “as coisas não são tão simples quanto parecem” ou “as aparências enganam”. No desdobramento, seria uma referência à cova na qual todos nós vamos um dia ser enterrados. A conotação sexual, um apimentado que não se ajusta a este artigo, é, também, uma boa versão nas impagáveis filosofias de boteco.
Lembro-me que a frase foi utilizada pelo ex-prefeito Paulo Garcia uma semana antes de falecer, desabafando a mim sua angústia e sofrimento pelo que considerava uma injustiça por parte do Iris ao permitir o massacre de sua gestão. Ele repetiu, creio que no dia seguinte, a mesma confissão para a deputada Adriana Accorsi que me confirmou a narrativa nos corredores da rádio 730 AM.
A tese básica do falecido dirigente petista é que Iris conhecia as dificuldades de caixa da prefeitura, sabia que, nos moldes estruturais vigentes, as finanças estavam num atoleiro em que as soluções se mostravam complexas, difíceis e, mesmo assim, colocava o fardo apenas em sua má gestão. O tempo mostrará, enfatizou Paulo Garcia, que as dificuldades tornam a vida do administrador um inferno.
Após 11 meses de gestão, Iris deve imaginar que o fantasma de Garciaestejarindonoscorredores do Paço Municipal. Sem dinheiro, às turras com os vereadores, se remexendo na crise da coleta de lixo – no agravante de uma Comurg falida – amargando, sem ter o que fazer, uma cidade em que todos os quadrantes de asfalto estão corroídos em buracos, sem conseguir agilizar obras importantes paradas, com a saúde do município na UTI e, tendo como trunfo apenas os mutirões que resolvem os problemas sazonalmente, Irisnãopodenegarque o buraco é mais embaixo.
Faça-se justiça, o homem trabalha com o vigor de um jovem atleta. Sequer dorme o necessário para cumprir suas obrigações. Mas é uma andorinha. Para garantir as promessas de palanque, muitas por sinal, a realidade é apenas o sonho de uma noite de verão. A não ser que alguma boa notícia, quem sabe a indicação do Deputado Alexandre Baldy para Ministério das Cidades seja uma delas, venha no sopro do Governo Federal, Iris Rezende vai gelar os ossos no frio de um cobertor curto. Ao cobrir a cabeça ficam os pés de fora, se acudir os membros inferiores o cocuruto congela. Resumo: a cada dia está tendo que digerir o ditado: “em casa onde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”.
Rosenwal Ferreira, jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal.
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