Cotidiano

Outubro rosa: tatuadora goiana realiza gratuitamente reconstrução do mamilo

Diário da Manhã

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 09:32 | Atualizado há 7 anos

O primeiro sofrimento começa com o diagnóstico, posteriormente os fios de cabelo se vão. Como se o golpe na autoestima fosse pouco, muitas guerreiras ainda perdem os seios. Mesmo com a reconstrução da glândula mamária, com a prótese de silicone, tem um pequeno grande detalhe que a cirurgia plástica não consegue refazer, a auréola.

A fim de ajudar vítimas que tem a sua autoestima multilada por causa do câncer de mama, a tatuadora goiana Isabela Piagetti, do estúdio West Ink Tattoo, reconstrói gratuitamente usando tinta e arte o “bico do peito”. De acordo com ela, o projeto surgiu por conta de uma cliente que estava com a mãe passando pelo procedimento de mastectomia. A mulher, que vamos identifica-la apenas como Ana Paula, havia retirado toda a mama e ficou com uma grande cicatriz.

“Por conta dessa marca, ela não saía mais na rua, não usava uma roupa bonita e estava entrando em depressão”, conta a tatuadora. Ainda de acordo com Isabela, a cliente foi com a mãe até o estúdio para cobrir a cicatriz ou até mesmo reconstruir os mamilos.

“Ana Paula estava desesperada, pois já havia gasto tudo que tinha nas quimioterapias. Decidi então fazer o procedimento sem cobrar nada. Quando a tatuagem ficou pronta, ela ficou toda feliz e eu percebi que fez uma diferença enorme na auto estima dela”, explica.

Isabela ressalta que começou o projeto sem nenhuma ajuda de outro tatuador ou fornecedor. Entretanto, depois de uma semana de campanha, a agenda do mês estava lotada inclusive com mulheres que vieram de outras cidades e estados.

Piagetti acrescenta que as, agora clientes, procuram a campanha com a intenção de sentir de novo algo feminino, já que em muitos casos a mama é retirada por completo. Outras queriam transformar aquela marca em símbolo de superação, de modo com que quando veja a tatuagem se lembre do que passou.

A mestre em Direito, Caroline Regina dos Santos, explica que é possível conseguir a prótese de silicone e a cirurgia gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Contudo, para isso, a paciente precisa entrar em uma rede de regulação e em seguida será colocada em uma fila. O tempo de espera para o procedimento é incerto, já que depende se o caso é de urgência ou não. A cirurgia é feita em hospitais da rede pública.

Já a psicóloga Carmen Silvia afirma que independente da orientação sexual da mulher, o seio é considerado um lugar erógeno. É local que demarca um território de prazer e também liga a maternidade por ser um caminho de nutrição do filho.

Além disso, a nossa autoimagem está muito associada à nossa autoestima. “Todos as vezes que temos essa imagem alterada, os nossos recursos de estímulos por nós mesmos também são mobilizados”, explica.

Ainda de acordo com a especialista, a cirurgia da mama quando muito agressiva deixa marcas profundas, cicatrizes grandes e por mais que posteriormente a mulher passe por outra cirurgia reparadora existirá sempre uma sombra. Desse modo, é importante que a paciente quando se olha no espelho se enxergue na totalidade, com os valores entre outros. “ O corpo deve ser complemento de uma alma saudável e repleta de beleza”, acrescenta.

Isso parece fácil para algumas pessoas, mas é muito difícil para outras. Por isso, as vítimas precisam em alguns momentos de apoio psicológico para que os impactos emocionais possam ser equilibrados.

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