Opinião

Cinematografia analógica II

Diário da Manhã

Publicado em 11 de julho de 2017 às 01:12 | Atualizado há 8 anos

Re­por­ta­mos no ar­ti­go an­te­ri­or  uma sín­te­se da pro­du­ção ci­ne­ma­to­grá­fi­ca uti­li­za­da no ci­ne jor­na­lis­mo, abran­gen­do jor­nais ci­ne­ma­to­grá­fi­cos e do­cu­men­tá­rios de cur­ta me­tra­gem, uti­li­za­do pe­lí­cu­las  com re­cur­sos li­mi­ta­dos na so­no­ri­za­ção di­re­ta  nas fil­ma­gens em 35mm que, às ve­zes po­de­ria  se uti­li­zar gra­va­do­res mag­né­ti­cas em sin­cro­nia  mo­men­tâ­nea  na cap­tu­ra das ima­gens. De­pois em la­bo­ra­tó­rio  pro­ces­sa-se  a gra­va­ção  em ban­da so­no­ra jun­to  com o ne­ga­ti­vo  das ima­gens, ori­gi­nan­do uma có­pía po­si­ti­va pron­ta pa­ra pro­je­ção, aon­de es­tão de­vi­da­men­te em sin­to­nia  as ima­gens com a so­no­ri­za­ção.

Se exa­mi­nar­mos um frag­men­to   de fil­me, ve­mos que com­por­ta, ao la­do da fi­ta  de ima­gens, uma mar­gem com cer­ca  de dois mi­lí­me­tros, so­bre o qual é vi­sí­vel um den­te­a­do os­ci­lan­te ir­re­gu­lar ou uma li­nha par­ti­da va­ri­á­vel. Es­sa pis­ta so­no­ra equi­va­le aos sul­cos tra­ça­dos na ebo­ni­ta, que per­mi­tem aos an­ti­gos dis­cos de vi­tro­la re­pro­du­zir uma par­ti­tu­ra de mú­si­ca  ou uma can­ção. A pis­ta nes­se ca­so, ob­ti­da por meio de um pro­ces­so fo­to-elé­tri­co, e não pe­la gra­va­ção com uma agu­lha pre­sa ao di­a­frag­ma. A li­ma­lha de fer­ro con­ti­da no mi­cro­fo­ne pro­vo­ca  os­ci­la­ções elé­tri­cas trans­mi­ti­das a  uma cé­lu­la fo­to-elé­tri­ca que emi­te rai­os lu­mi­no­sos mais ou me­nos in­ten­sos, se­gun­do as os­ci­la­ções. As­sim são re­pro­du­zi­dos os den­te­a­dos e as li­nhas da pis­ta so­no­ra. A cé­lu­la fo­to-elé­tri­ca po­de ser sub­sti­tu­í­da por um es­pe­lho os­ci­lan­te.

Na re­pro­du­ção, o fun­cio­na­men­to do apa­re­lho é in­ver­so. A pis­ta so­no­ra des­fi­la di­an­te de uma cé­lu­la­la fo­to-elé­tri­ca, que já não é gra­va­do­ra, mas sim lei­to­ra so­no­ra. Es­ta trans­for­ma as va­ri­a­ções lu­mi­no­sas em os­ci­la­ções  elé­tri­cas, que um apa­re­lho pa­re­ci­do com  que  os an­ti­gos rá­di­os de sa­la trans­for­mam em pa­la­vras, trans­mi­ti­das, de­pois da am­pli­fi­ca­ção, por in­ter­mé­dio de al­to-fa­lan­tes.

Quan­do se gra­va um fil­me  no es­tú­dio- e ao con­trá­rio que se su­ce­de com o fil­me des­ti­na­do à pro­je­ção – uti­li­zam-se  du­as pe­lí­cu­las, di­tas pe­lí­cu­la-ima­gem(ne­ga­ti­vo de ima­gens) e pe­lí­cu­la-som ( ne­ga­ti­vo de som). A trans­mis­são da pri­mei­ra é so­fre­a­da, a da se­gun­da é con­tí­nua, mas am­bas sin­cro­ni­za­das ri­go­ro­sa­men­te.

A se­pa­ra­ção da gra­va­ção em fi­ta-ima­gem e fi­ta-som apre­sen­ta van­ta­gens. Re­gis­tra-se ul­te­rior­men­te, além do mais, uma fi­ta mú­si­ca, que se­rá so­bre­pos­ta às du­as fi­tas.

Na pro­je­ção, só exis­te um fil­me, con­ten­do as três fi­tas: ima­gem,som,mú­si­ca; es­tan­do as du­as úl­ti­mas so­bre­pos­tas na pis­ta so­no­ra. A ima­gem so­no­ra não es­tá exa­ta­men­te ao la­do da ima­gem  fo­to­grá­fi­ca à qual cor­res­pon­de, por­que es­tá úl­ti­ma no mo­men­to em que a pro­je­ção a tor­na vi­sí­vel ao es­pec­ta­dor, é ani­ma­da por um mo­vi­men­to des­con­tí­nuo.

Os fil­mes pro­du­zi­dos  na bi­to­la 35mm tan­to cur­tas co­mo lon­ga me­tra­gens po­dem ser re­du­zi­dos pa­ra 16mm  pa­ra   pro­je­ções  di­ver­sas nes­sa bi­to­la co­mo nas emis­so­ras de Tvs.

Já es­tá mais que com­pro­va­do que, as pro­du­ções  ci­ne­ma­to­grá­fi­cas  ana­ló­gi­cas em 35mm  apre­sen­tam me­lhor qua­li­da­de de pro­je­ções de ima­gens e de du­ra­bi­li­da­de. En­tre­tan­to, atu­al­men­te os cus­tos des­sas re­a­li­za­ções  são ele­va­dís­si­mos fa­ce à de­sa­ti­va­ção dos prin­ci­pa­is la­bo­ra­tó­rios de re­ve­la­ção e co­pi­a­gem  de fil­mes.  E aí en­tão é  que en­tra às pro­du­ções di­gi­tais com tec­no­lo­gia de pon­ta e com­pu­ta­do­ri­za­da.

Pa­ra fil­ma­gens em  16mm  vi­san­do pro­je­ções di­re­tas  e/ou  em Tvs  aon­de ain­da se uti­li­zam os re­cur­sos de so­no­ri­za­ção   pa­ra re­por­ta­gens,es­ses  são mais efi­ci­en­tes que às pro­du­ções em 35mm.

Ge­ral­men­te uti­li­za­va-se  câ­me­ras com   pe­lí­cu­las com fo­to­gra­mas de ima­gens e  pa­ra som, sen­do  es­ses for­ma­dos por ban­das mag­né­ti­cas ( as mes­mas das an­ti­gas fi­tas cas­se­tes). Daí cap­tu­ra­va-se ao mes­mo tem­po  as ima­gens  e os sons. Fo­ram bas­tan­tes uti­li­za­das nas re­por­ta­gens  ex­ter­nas  com en­tre­vis­tas en­tre ou­tros fa­tos. Nos es­tú­di­os  so­men­te as ima­gens eram re­ve­la­das, exis­tin­do tam­bém fil­mes  em 16mm  au­to­re­ve­la­véis.  A câ­me­ra mais co­nhe­ci­da nes­sa bi­to­la  era  a fa­mo­sa Au­ri­con, (fo­to)..

 

(Vi­cen­te Vec­ci, edi­ta há  33 anos em Bra­sí­lia-DF o Jor­nal do Sín­di­co- www.jor­nal­do­sin­di­cobsb.com.br, e-mail: sin­di­co@jor­nal­do­sin­di­cobsb.com.br.Tra­ba­lhou no DF nas dé­ca­das de  70/80 com o  ci­ne-jor­nal  O Bra­sil em No­tí­cias, pro­du­zi­do pe­la  Pro­du­ções Ci­ne­ma­to­grá­fi­cas Bra­sil Cen­tral)

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