A água na vida do homem
Diário da Manhã
Publicado em 11 de julho de 2017 às 00:03 | Atualizado há 8 anosAo estudarmos o Gênesis no antigo testamento, lemos ao capítulo I, “O Espírito de Deus era levado sobre as águas, flutuava sobre as águas; que o firmamento seja feito no meio das águas…”.
Diante desse capítulo que podemos chamar de Império das Águas, em que todos os sinalizadores apontam para o entendimento de que tudo surgiu a partir do elemento água. Seria também o homem originário desse composto?
Lemos ainda no Livro Sagrado, ao capítulo 1, v 24: E Deus disse, produza a terra alma vivente segundo seus répteis, e bestas feras da terra segundo sua espécie;
E ainda ao versículo 25 do mesmo capítulo, o Senhor cria o gado, répteis e bestas;
O versículo seguinte do mesmo capítulo, diz o Senhor: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança e senhoree sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre toda a Terra e sobre todo réptil que move na Terra.” (Bíblia Sagrada, Antigo Testamento, Ge I, v 26 -)
O que constituiria uma contradição quando da afirmativa “és terra e para a terra voltareis”, pois ao versículo 26 exposto, na criação do homem não está claro o “como”, apenas diz: “Façamos o homem…”, mas, não afirma tê-lo feito a partir de um punhado de barro.
Se havia a prevalência das águas sobre tudo, com todos os indicativos de dela tudo proceder, e em nossos dias, sabemos com o auxílio valioso da Ciência que o corpo humano, “a obra prima de Deus”, é constituído 60% de água. Essa certeza, nos deixa confusos sobre esses fatos. Mesmo sabendo não mais importar, se o primeiro escriba bíblico ouviu mal ou se vem sendo traduzido por milênios com essa ressalva em aberto.
A presença da água na vida tem a sua importância já referendada em todos os seguimentos, quer científico, quer filosófico o religioso. Todos são unânimes da impossibilidade de se viver com mínima qualidade de vida, observados os padrões conhecidos, sem o seu consumo e uso prático em quase 100% das atividades do homem.
Perfeitamente compreensível à valoração do líquido da vida por Moisés quando redige o livro Genesis, se permitindo colocá-lo em dois níveis, embaixo na terra e sobre o firmamento. Na conceituação dos antigos, a água era o elemento indispensável para a sustentação da vida em todos os reinos.
Em toda a sua trajetória no planeta, a humanidade interligou suas atividades, quase em seu todo à dependência da ação direta ou indireta do precioso líquido.
Com o crescimento populacional quase sem controle, seu consumo chega a níveis críticos, associando-se é claro, a infeliz contribuição do homem, desmatando, ora pelo pasto, ora pela madeira, quando não, pela desmedida ganância imobiliária. Dirão todos, é o progresso e há um preço a pagar. Justificativa da ambição e desesperação financeira.
Repetitivos afirmarão não ter conhecimento das possíveis consequências, ou mesmo, que as autoridades do meio ambiente emitiram autorização para o caso, isentando o empreendedorismo de qualquer responsabilidade.
Os avisos da mãe natureza estão surgindo sem sutileza, de forma direta e sem direito a dúvida. Basta observarmos a crise hídrica no Brasil, haja vista, grande parte do nordeste não ter notícias de chuva, alguns estados há dois, três anos de incertezas. O nordestino, esse forte, plagiando o autor de Sertões e Veredas; sobrevive há séculos à teimosia da região.
Uma nova característica na questão H2o se configura nas crises em eventualidades como na cidade de São Paulo, Brasília e outras, com racionamento e tudo mais.
Curiosamente, quase sempre, nenhum dos “lucrardários” dessas ações ante-ecológicas, são “convidados” a indenizar na proporção dos danos, os sistemas ambientais desmantelados, pela incúria dessa gente que só pensa em ganhar. E prosseguem com a estratégia de devastar para ocupar, não importando o tamanho dos transtornos e prejuízos que causam à Sociedade.
É interessante notar que nas localidades em que a crise hídrica se mostrou mais intensa, houve uma conscientização voltada para a economia de água. Hoje mesmo em São Paulo, onde parece que a crise passou, os cidadãos continuam empenhados na redução do consumo.
Num país em que existem comissões até pró vale gás, deveria se firmar (parabéns se já existe) associações compostas pelas comunidades atingidas pelos racionamentos e suas consequências. Quem sabe a ação disciplinadora de tais organizações, abrangendo toda a população, melhoraria a educação ecológica, podendo numa segunda fase influir em outras unidades federativas, de maneira a que adotem sua política estratégica para conservação e preservação.
Não se discute a responsabilidade do cidadão no que respeita a tão relevante assunto. São merecedoras dos mais altos elogios tais iniciativas em lutar para garantir a estrutura aquosa. Mas envidar esforços extraordinários para auxiliar as autoridades existentes na área, se transformando em voz única na denúncia das infrações que possam Por em risco o abastecimento de água, bem como de outras questões alusivas.
(Nilson Ribeiro, empresário do ramo gráfico)
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