A esquerda se renova no conceito de ecosocialismo
Diário da Manhã
Publicado em 8 de julho de 2017 às 00:32 | Atualizado há 8 anosO ecosocialismo é um segmento político de esquerda surgido no final do Século XX que mistura as ideias do socialismo e ecologia. Os adeptos do pensamento ecosocialista afirmam que o sistema capitalista é um sistema inerentemente daninho, tanto a sociedade quanto ao meio ambiente. Só uma sociedade mais igualitária e planejada será capaz de superar o atual estágio de degradação do meio ambiente e salvar o Planeta. Um modelo cientificamente sistematizado de desenvolvimento, com o controle total da população sobre os abusos perpetrados contra a natureza, buscando sempre como meta um desenvolvimento social equilibrado e sustentável.
A Revolução Russa de 1917, a primeira experiência na tentativa de erradicar a exploração do homem pelo homem, foi amparada nos primórdios da jovem revolução industrial. Em sendo assim, adquiriu conceitos do capitalismo oriundos da industrialização e planejamento do modo de trabalho do proletariado moderno, ou seja, foi herdeira do modelo de produção daquela época. Um conceito que sabemos até hoje não leva em conta a preservação da natureza, dando como “infinita” a exploração dos recursos naturais. O socialismo, que até aquele momento era uma utopia, surgia contaminado pelas mazelas do velho modelo de produção industrial.
O novo homem socialista que surgia até então pouco se atinava a preservação e uso racional dos recursos naturais. Não era uma prioridade de Estado. Por total desconhecimento e ignorância, tudo era consumido ao limite e sem qualquer otimização. Um dos maiores exemplos atesta que todo o lixo radiativo da antiga URSS era simplesmente jogado no fundo do Lago Baikal!
Em geral, todos os países que escolheram a via para o socialismo, não se importavam com o fato. Igualmente quase toda a produção teórica também. Na verdade sempre existiu entre o pensamento de esquerda uma premissa messiânica que tudo iria se resolver na passagem do socialismo para o comunismo.
A vida provou que isso não era verdade, não só na questão ecológica, mas também nos problemas que se relacionam a liberdade individual como o machismo e a homofobia, ainda estão muito presentes em sociedades como a Cubana que luta contra esses males empedernidos no passado das comunidades de moldes agrários e patriarcais. A verdade é que alguns recalques individualizados são atemporais, produto da cultura de gerações anteriores, e se manifesta mesmo em sistemas que se dizem progressistas.
Pude presenciar isso quando morei na antiga URSS, hoje representado pela Rússia, uma de suas ex-repúblicas. Muito se produzia com baixa qualidade na sanha de abastecer toda a população. Lembro-me como exemplo, das canetas produzidas pela indústria estatal: não duravam duas semanas! O resultado era muito lixo industrial sem tratamento.
Acredito que o ecosocialismo é um avanço nas concepções do socialismo marxista moderno. O capitalismo é um sistema perverso: é o homem contra o homem e explorando outro homem, um sistema anárquico na sua formulação que não foi feito para dar certo. Destrói a natureza em função do lucro. Não vê fronteiras para a degradação e não se importa com as futuras gerações. Essa é a essência geral do capitalismo.
“Compreendemos desenvolvimento sustentável como sendo socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente responsável. Se não for assim não é sustentável. Aliás, também não é desenvolvimento. É apenas um processo exploratório, irresponsável e ganancioso, que atende a uma minoria poderosa, rica e politicamente influente.” [Cortez, Henrique, 2005]
(Laércio Júlio da Silva, administrador)
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