Cultura

Milagres da Eucaristia

Diário da Manhã

Publicado em 15 de junho de 2017 às 03:00 | Atualizado há 1 semana

Entre as tradições que ganham espaço no imaginário da festa de Corpus Christi está a celebração da Eucaristia, que exalta a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, principal figura do Cristianismo, uma das mais amplas religiões monoteístas do planeta. Entre aqueles que estudam a Eucaristia, existe um grupo de cristãos teóricos que usa o termo ‘presença real de Cristo na Eucaristia’ para expressar uma doutrina que acredita na presença real e substancial de Jesus durante a comunhão, ou seja, a hóstia e o vinho não seriam apenas um símbolo ou metáfora ao corpo e sangue de cristo, mas sua real e verdadeira presença. Várias visões são lançadas sobre essa mesma premissa, em várias vertentes do cristianismo: católico, ortodoxo, luterano, anglicano, metodista, presbiteriano, entre outros.

Ao contrário de todos esses subgêneros do cristianismo, que afirmam a real presença de Cristo na Eucaristia, outros grupos cristãos como igrejas que professam o Cristianismo Liberal observam a comunhão (também chamada de Santa Ceia) como um evento estritamente simbólico: um memorial da última ceia e da Paixão de Cristo, através de elementos com significado subjetivo e simbólico. A explicação para o ritual seria a ordenança de Jesus, que ciente da simbologia recomendou o ritual a seus seguidores. Essa visão é conhecida como Memorialismo ou visão Zwingliana (referência ao suíço Huldrych Zwingli, um dos líderes do movimento de reforma protestante naquele país, que surgiu em Zurique no século XVI).

Vários acontecimentos e milagres católicos remetem ao tipo mais conservador e tradicional de interpretação da eucaristia. Um deles, narrado pelo site Últimas e Derradeiras Graças, aconteceu na Coréia do Sul (país onde cerca de 60% da população não segue formalmente alguma religião), na cidade de Naju, ano de 1994. É conhecido como Milagre de Júlia. Na ocasião, a jovem Júlia teve a eucaristia transformada em carne e sangue dentro de sua boca, enquanto o padre colocava a hóstia consagrada sobre sua língua. Várias testemunhas presenciaram fenômenos na Capela de Naju, na Coréia, desde então. Outro milagre eucarístico bastante conhecido aconteceu em meados do ano 600, o Milagre de Lanciano.

 

Milagre de Lanciano

Na cidade italiana de Lanciano, que na época era conhecida como Anxanum, em meados do século VIII, um hieromonge (monge e padre ao mesmo tempo) foi designado para celebrar uma missa no mosteiro de São Longuinho. Ao executar o rito em latim, usando pão sem fermento, o monge duvidou da doutrina católica da transubstanciação (transformação do pão e do vinho em Corpo e sangue de Jesus Cristo). Durante a missa, quando ele pronunciou as palavras de consagração (“Este é o meu corpo, este é o meu sangue”) com dúvida em sua alma, viu a hóstia transformar-se em carne viva, e o vinho em sangue, que coagulou em cinco glóbulos irregulares e de diferentes formas e tamanhos. A Igreja Católica considera o milagre autêntico.

O sangue e o Corpo de Cristo ainda estão preservados em formato de relíquia na Igreja de São Francisco, em Lanciano. De acordo com o Catholic Education Center Resource (Centro de Pesquisa e Educação Católica), algumas análises foram feitas, mas ainda não existem documentos suficientes para comprovar o milagre cientificamente. Dr. Odoardo Linoli é um professor de anatomia e ex-comandante do Laboratório de Anatomia do Hospital de Arezzo. Ele foi o único médico a analisar a relíquia de Lanciano, assistido apenas pelo Dr. Rugerro Bertelli, professor aposentado de anatomia na Universidade de Siena (região da província de Toscana, no centro da Itália). A análise envolveu a extração cuidadosa da substância da relíquia, preservada por mais de 1200 anos.

Lione apresentou os resultados em março de 1971, que apontaram que a carne analisada é realmente humana, assim como o sangue. A carne consiste em um músculo do coração, o miocárdio. O tipo sanguíneo do sangue é AB, contendo traços de minerais comumente encontrados no sangue, como fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio. O grupo sanguíneo AB entre habitantes da área onde o fenômeno aconteceu é extremamente raro, e extende-se apenas por 0,5 e 1 por cento da população de Lanciano. Em contrapartida, é predominante na palestina e regiões do Oriente médio, local do nascimento de Jesus, sendo o tipo sanguíneo de cerca de 15% da população. Tal coincidência reforçou a fé dos moradores de Lanciano de que Cristo esteve fisicamente presente ali.

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