Por que quase todo o “Brasil institucional” – estão contra o Ministério Público?
Diário da Manhã
Publicado em 6 de junho de 2017 às 02:22 | Atualizado há 8 anosNão é difícil entender porque Lula/PT e toda a esquerda estão contra os promotores/procuradores no Brasil, afinal as investigações/denúncias deles – Petrolão, BNDES, Friboi, Odebrecht, etc – embasaram a Sociedade Civil/Congresso contra o Império do PT.
Quanto à direita, essa, como se sabe, é manipulada pelos grandes empresários, que controlam a mídia, e o governo. A latrocracia (“governo das quadrilhas”) que se instalou no Brasil – ou melhor, sempre existiu por aqui – tem como base a ação das grandes empresas em conúbio com os políticos e com o governo.
O problema é que as ações dos promotores/procuradores – cuja peculiar psicologia laboral estudarei num próximo artigo, nesta quinta-feira – estão desmontando a base sobre a qual se ergueu o Brasil: empresas comprando políticos, políticos vendendo o Brasil para as empresas, o micro/pequeno/médio empresário sustentando todo mundo.
Sabemos que o governo alimenta a esquerda (“pão e circo” para o populacho ) , alimenta a direita (verbas “tipo BNDES” para os “campeões do empresariado”), alimenta a mídia, alimenta as grandes empresas e, na medida em que o Ministério Público (MP) vem descobrindo as falcatruas dessas últimas, todo o alicerce do Brasil tem vindo abaixo.
É incrível , chega a ser escandalosa, a campanha que o jornal Estado de SP – baluarte da direita grande/empresarial do país – vem encetando contra o MP. Nos últimos tempos não passa um Editorial no qual eles não esculhambam com a instituição, assim como as instâncias do Judiciário – Moro, Bretas, Vassisley – que vêm sendo adequadamente provocadas pelo MP.
Quase toda campanha que o grande empresariado faz no Brasil é vencedora; vide por exemplo como derrubaram a Maria Sílvia no BNDES – ela vinha cortando os “780 bilhões de reais” que o governo brasileiro – vide BNDES – tem dado para eles. Agora entraram em campanha sistemática contra o MP alegando que os promotores/procuradores do Brasil querem implodir o sistema político. Grandes empresários se unem com o mundo político para propalar este discurso melodramático: “os promotores estão querendo acabar com os partidos no Brasil”.
Neste particular, tal discurso “direitista” tem o apoio de grande parte do empresariado/políticos porque propala que a outra alternativa seria deixar a esquerda ganhar e , como vinha fazendo Lula/PT/Dilma, instalar aqui a venezuelização/cubanização. Para esse tipo de “grande direita” é importante escamotear que a solução do problema da governança no Brasil passa pela transparência – para a qual o MP é fundamental – e pela ação daquela sociedade civil não conspurcada pelo grande empresariado, ou seja, pequenos /micros/médio/empresários, que, honestos e sobrecarregados, têm uma outra proposta para o país. A proposta de um país gerido pelo esforço, pelo mérito, pela evolução individual, (merito-cracia), e não pela plutocracia (governo dos mais ricos ) ou pela “coitado-cracia” (governo que diz que é feito para os mais pobres, mas faz só igualar todo mundo por baixo, e manter a casta burocrática dirigente por cima ).
A sordidez da grande direita, assim como da grande esquerda, contra o MP/Judiciário nota-se na mídia : tanto a Carta Capital quanto a IstoÉ/Veja/Época já fizeram reportagem de capa sobre os altos salários dessas corporações. É um modo certeiro de colocar a sociedade civil contra eles, pois , de fato, é um de seus calcanhares de Aquiles. O problema é que esta sordidez deixa de ver os grandes setores do MP/Judiciário mais comprometidos com a moralidade pública do que com suas próprias benesses. Coloca tudo no mesmo saco, na tentativa de retirar do MP/Judiciário o apoio que a Lava Jato e outras operações têm lhes dado.
No nosso próximo artigo, quinta-feira, continuamos a assunto das perseguições contra o MP no Brasil.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra. Escreve às terças, quintas, sextas, domingos, no Diário da Manhã, Goiânia. Acesso gratuito em impresso.dm.com.br)
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