O tempo determinado

A coerência do pregador “eclesiastes” é fatalista e unidimensional quando ele diz que tudo tem seu tempo determinado. Chega a nos dar uma sensação de telespectadores da vida quando analisado de forma crua e nada espiritual. Mas, se olharmos com outro enfoque, considerando que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita para os homens; logo, ela proporciona dois fluxos: a divina e a humana. Logo, para poder interpretá-la bem é necessário o reconhecimento da sua face humana, para depois, compreender a sua mensagem divina.

O mundo é concreto, mas é nossa casa – mesmo que temporária. Casas temporárias desvendam o nosso mais intenso desconforto com a vida e nós, talvez, seja por isso que nos deparamos com tantas pessoas insatisfeitas ou até mesmo perdidas nos caminhos da vida. Além disso, temos a inevitável e não menos factível consciência da morte, e sabemos através da fé ( até mesmo para os incrédulos) que a morte não é o nosso ultimo estagio, será apenas uma mudança ou uma troca do corruptível pelo incorruptível, do terreno para o celestial, do passageiro para o eterno.

Aqui na Terra estamos em constante mutação. Nada é eterno, não sabemos o que ocorrerá no próximo minuto seguinte, talvez seja por isso que muitas pessoas vivem de passado, pois é a única coisa concreta que temos. Para os fortes restam a fé. Ela que guia na escuridão e diante o invisível. Pela fé acreditamos que o próximo abraço do chão não vai doer – ou nem ocorrer. E é por essa palavrinha tão pequena, mas com um poder imensurável, que por mais que negamos, acreditamos que amanhã será um dia melhor.

E, voltando aos versículos de Eclesiastes, é importante que nos lembremos de que tudo é efêmero, de que tudo passará, de que é impossível perpetuarmos os momentos que vivemos, queiramos ou não, sejam eles escolhidos ou não. E, que, o tempo de ajuntar os estilhaços e se fortalecer de novo é particular, cada um tem seu metabolismo, cada um tem seu próprio tempo. E por mais que você pense que seu processo está vagaroso e infindável, procure focar a felicidade na sua jornada e não em seu destino, pois, é em alguma curva da vida, uma pausa no sinaleiro do destino  que o imprevisto acontece e sua história muda.

(Josanne Gonzaga, coach, administradora de empresas e escritora (04 Livros publicados, e participação em 03 Antologias).  E-mail [email protected], watzap 62 8185-2302)