Opinião

Deus existe?

Diário da Manhã

Publicado em 25 de maio de 2017 às 01:34 | Atualizado há 8 anos

Em nosso planeta, mundo carente ainda de maior grau de espiritualidade, Deus tem sido objeto de toda espécie de abusos e das mais grotescas explorações. Foi em razão desses abusos, praticados principalmente pelo sacerdócio organizado, das diversas seitas, desde as arqui-seculares heranças egípcia e greco-romana, e, depois, também pela nefasta influência da Igreja Romana, que assumiu as rédeas do Cristianismo nascente, transitando pelas idades antiga, média, moderna e contemporânea, que a ciência acabou por afastar-se de vez das correntes da fé, tendo como funestas consequências o surgimento de doutrinas exóticas e ininteligíveis, na filosofia e nas ciências.

Ao longo de seu predomínio, a Igreja de Roma acabou por enxertar nos ensinos de Jesus Cristo, a que deram o nome de Cristianismo, dogmas próprios do Hinduísmo e da Doutrina Egípcia, que nada têm a ver com os preceitos cristãos, de espontânea simplicidade e rara beleza.

2  Gerald Benedict, em seu livro “Filósofos em 5 Minutos”¹, transmite-nos essa realidade histórica, às páginas 119/123, e, particularmente, à página 123, in Existe um Deus(?), informando:

“Seja qual for o significado da palavra “Deus”, a discussão anterior supõe que de alguma forma Deus existe. O debate é eterno, mas voltou à tona recentemente graças ao livro de Richard Dawkings², Deus, um delírio. Os que não acreditam em Deus citam em seu favor a ausência de provas objetivas da existência de qualquer tipo de ser supremo, quanto mais do Deus criador das religiões bíblicas. Atualmente, a biologia evolutiva e a astrofísica absorveram o conceito de Deus ao dar conta satisfatoriamente das iniciativas que antes eram atribuídas à onipotência divina. Voltaire (1694-1778)³ disse a famosa frase: “Se Deus não existisse, teríamos que inventá-lo.” A implicação é que se a biografia de Deus fosse escrita, sua concepção poderia ter ocorrido quando nossos antigos ancestrais, temerosos, estupefados e desesperados para explicar o ambiente hostil onde lutavam para sobreviver e precisando de ajuda de um superior, começaram a fazer perguntas. Para eles, a ideia de um deus – ou deuses – manifestado nas forças da natureza servia como resposta.”

3 – O autor informa que o nome de Deus foi muito desdenhado e explorado ao longo dos séculos, transmitindo-se às populações despreparadas e às futuras gerações conceitos errôneos e inadmissíveis sobre a Inteligência Suprema do Universo.

Diz ele:

“Devido a todas as concepções erradas, distorções dogmáticas, ginásticas teológicas e complicações filosóficas, usar apalavra Deus para se referir a algo essencial acaba sendo quase blasfêmia. Na opinião de Buber,4 “Deus é de todas as palavras humanas, a que arrasta consigo a carga mais pesada. Não há outra palavra que tenha sido tão conspurcada e aviltada… Justamente por isso, não posso renunciar a ela”. Segundo Buber , a palavra havia sido tão corrompida que levou a um “eclipse de Deus…”

4 – Entre esses exóticos acréscimos, enxertou-se, com outras palavras, o que os egípcios tinham como principais divindades nacionais – “Osiris, Ísis e Órus” e que os hinduístas apontavam como trindade deísta – “Brahma,Vishnu e Shiva”.

Essa inserção levou o grande poeta persa, Rudyhard Kipling, à seguinte crítica, transcrita, na obra, pelo autor:

“Três em Um, Um em Três? De jeito algum! Para meus próprios deuses eu me volto. Visto que provavelmente eles me fornecerão maior alívio que seu Cristo frio e suas intrincadas Trindades”.

5 – Todavia, bons ventos nos sopram mais que prováveis possibilidades de que é chegado o momento em que esses dois aspectos da sabedoria – Ciência e Religião –, coadjuvados pela Filosofia, resgatarão os seus antigos elos de intimidade, que sempre existiram, conforme demonstramos nos Títulos anteriores.*

  • – De meu livro, inédito: “Deduções Filosóficas e Induções Científicas da Existência de Deus”.

Referências:

¹ – “Filósofo em 5 Minutos” (The Five Minutes Philosopher) – Editora BEST SELLER Ltda. (Tradução de Patrícia Azevedo) – 1ª edição – 2011.

² – Richard Dawkings (1941 –?), britânico, geólogo, etiólogo e escritor de divulgação científica. Obras: “El Espejismo de Dios”, “The Magic of Reality”, além de outras.

³ – François-Marie Aruet de Voltaire foi dos mais fecundos escritores franceses, além de ensaísta e filósofo. Escreveu dezenas de obras. Citem-se: ”Édipo”, “Elementos da Filosofia de Newton”; “Zadig”; “Brutus”; e “Zaire”, além de muitas outras.

4 – Martin Buber (1878 – 1965), filósofo, escritor e pedagogo austríaco. Obras: “Eclipse de Deus – considerações sobre a Relação entre Religião e Filosofia”; “O Caminho do Homem segundo o Ensinamento Clássico”, entre outras.

 

(Weimar Muniz de Oliveira. [email protected])

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