A dor crônica
Diário da Manhã
Publicado em 17 de maio de 2017 às 02:04 | Atualizado há 2 semanasA fibromialgia é uma doença invisível, que causa dores por todo o corpo e que não se manifesta fisicamente, não há lesões, inflamação, ou degeneração do tecido. A luta para conseguir tratamentos é difícil e raramente os pacientes conseguem distinguir se a dor é muscular, nas articulações ou se é provocada por alguma outra doença.
Buscando conscientizar as pessoas da existência da doença, Goiânia ganhou um dia da fibromialgia. Comemorado anualmente, dia 12 de maio, tem como objetivo debater assuntos relacionados à fibromialgia, promover trocas de experiência e informações sobre o assunto entre profissionais, pacientes e a sociedade como um todo. Além de abrir espaço para os profissionais da área apresentarem novos estudos e pesquisas relacionados com a fibromialgia.
Dificilmente os pacientes conseguem distinguir se a dor é muscular ou nas articulações, muitas vezes não há nenhum lugar que não seja sentida uma forte dor causada pela fibromialgia. Além da dor, a doença traz consigo outros sintomas como fadiga, sono não reparador, problemas de memória e concentração, ansiedade, formigamento/dormência, depressão, tonturas e até alterações intestinais. Os pacientes têm grande sensibilidade ao toque e à compressão de pontos no corpo.
Ainda não se sabe ao certo o que causa a doença. Apenas algumas pistas do aparecimento da fibromialgia. As pessoas que apresentam os quadros da doença têm uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem a doença. Quadros mais comuns são de dores localizadas crônicas, que progride para o desenvolvimento de dor por todo o corpo. Seria como se o cérebro interpretasse de maneira exagerada aos estímulos, ativando o sistema nervoso fazendo a pessoa sentir mais dor. A doença pode aparecer também após eventos que envolvem traumas físicos, psicológicos ou mesmo uma grave infecção.
Cecília Teixeira é a criadora do grupo FibroGoiás, um grupo de apoio para os que possuem esta terrível doença. Ela conta que criou o grupo logo após ser diagnosticada com a doença em 2010. “A FibroGoiás logo veio após perceber a necessidade de se criar um grupo de grande abrangência em nosso Estado, pois não havia nada nesse sentido para que buscássemos e lutássemos por nossos direitos mesmo sendo um grupo hoje existente na rede social facebook no momento. Porém, estamos organizando para que a FibroGoiás se torne uma associação ou uma ONG com CNPJ e sede própria em nossa capital brevemente (em andamento)”, explica.
Cecília é pedagoga pós-graduada, professora concursada, escritora e poetisa. Aposentada por invalidez proporcional desde 2013, já que a fibromialgia e depressão não entram no quadro de doenças no estatuto do servidor público. “Hoje sou uma pessoa com a Síndrome de Fibromialgia e Transtorno Recorrente Depressivo e portadora da Síndrome de Tietze, e ainda possuo deficiência física por Mobilidade Reduzida. Sou uma jovem mulher que foi aposentada aos quarenta anos de idade pela Junta Médica municipal da Prefeitura de Goiânia por não ter mais condições de exercer minha carreira no magistério após a tentativa da readaptação de função”, lamenta.
A doença é mais recorrente em mulheres de 20 a 30 anos, chegando a ser de 8 a 10 vezes mais frequente do que em homens. Além disso, existem mais chances de ocorrer a fibromialgia em pacientes que tenham histórico familiar com esse diagnóstico. Uma vez que não existe tratamento específico para a doença, a ênfase está em minimizar os sintomas e melhorar a saúde geral dos pacientes. O tratamento tem como foco aliviar as dores, melhoria na qualidade do sono, restauração e restabelecimento do do equilíbrio emocional.
Clima
É normal que os atingidos pela fibromialgia sintam que as dores e incômodos da doença pioram dependendo do clima. Os fibromiálgicos podem queixar-se que têm sempre frio ou sempre calor ou ainda de forma alterada. Esse sintoma chama-se sensibilidade à temperatura.
Segundo estudos, o corpo é incapaz de se adaptar às mudanças de temperatura juntamente com a um baixo limiar de tolerância à dor devido a estímulos de calor e frio.
A universidade de Utrech, da Holanda, realizou uma pesquisa intitulada “A influência do clima sobre os sintomas diários de dor e fadiga nas mulheres com fibromialgia”. A pesquisa sugere que o clima não tem um efeito regular e uniforme em todas as pessoas com a doença. O estudo revela que algumas pessoas com esta condição são muito sensíveis a determinados fatores climáticos, enquanto outras não apresentam o mesmo quadro.
A doença em crianças e adolescentes
Apesar de a doença se manifestar, em grande parte, em mulheres já maduras, a fibromialgia tem diversos casos e relatos de homens que também sofrem com a doença. No entanto, estudos demonstram que uma porcentagem considerável de crianças e jovens abaixo dos 18 anos padecem de fibromialgia ou doenças similares.
Nestes casos, o mais difícil é o diagnóstico. O problema é que poucos médicos têm como diagnóstico a fibromialgia quando pretendem ver o que se passa com uma criança ou jovem que sente cansaço e dores musculares.
Tratamento é possível
Não existe uma cura definitiva, mas formas de tratar que ajudam a aliviar os sintomas
Terapia para fazer com que as crianças encarem a sua condição e aprendam de onde vem a dor para melhor poderem lidar com ela. É considerada uma das mais eficazes em pessoas mais jovens.
Massagens e fisioterapia contra a dor devem ser feitas recorrendo a profissionais, de preferência com experiência em fibromialgia infantil, e não por alguém que não sabe o que faz
Um exercício de baixa intensidade, moderado, ajuda as crianças a conviver melhor com os sintomas da doença. Uma sessão de natação uma vez por semana pode fazer milagres.
Medicação é o método menos recomendado. Existem vários fármacos usados em adultos porém não estão comprovados como úteis para aliviar os sintomas em crianças. Deve ser usada em último recurso
]]>