Polícia Civil indicia donos por crimes
Diário da Manhã
Publicado em 10 de maio de 2017 às 00:18 | Atualizado há 8 anosA Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor encaminhou para o Poder Judiciário os inquéritos indiciando sete postos de combustíveis e seus representantes legais por crimes nas relações de consumo. O inquérito iniciado com a Operação Bomba-Baixa resultou na apuração de diversas modalidades de crimes detectadas pelos policiais como diferença entre o volume de combustível marcado nas bombas e que efetivamente chegava aos tanques dos veículos e adulteração de combustíveis mediante adição de produtos químicos.
O delegado titular da Decon, Webert Leonardo, explicou que alguns casos detectados inicialmente foram arquivados por falta de provas e que outros ainda prosseguem as investigações porque os policiais detectaram ainda mais fraudes contra as relações de consumo. “O que se apurou na investigação foi que abusos contra os consumidores eram cometidos de variadas formas e que as mais comuns eram a diferença no volume e os combustíveis batizados”, explicou.
Os relatórios acompanhados de perícias criminais já estão disponíveis para o Ministério Público oferecer denúncia contra os envolvidos. Junto com os detalhes do que foi descoberto o delegado anexou os equipamentos apreendidos durante as investigações e os famosos “corpos estranhos” encontrados nas bombas e seus periféricos que eram usados para fraudar o abastecimento.
A mais comum era um chip ou outro equipamento eletrônico que reduzia o volume de combustível que saía da bomba e entrava no tanque. Através de um dispositivo previamente programado o que era para ser um litro tinha, na verdade, apenas 800 mililítros, ou o popular “0800” conhecido no mercado. O consumidor pagava por um litro, mas levava no tanque de seu carro uma quantidade 20% menor. Um tanque cheio, ou 40 litros de combustível que o consumidor pagava chegava no veículo apenas 32 litros, o que no valor cobrado nas bombas hoje, R$ 3,50 em média, dá uma prejuízo de R$ 28,00 para quem abastece seu carro.
Outra forma de fraude cometida contra os consumidores era a adulteração do combustível pura e simples, em que aditivos químicos eram colocados nos tanques para aumentar o volume com qualquer coisa, menos álcool ou gasolina.
Indiciamento
O delegado indiciou donos de postos de combustíveis e representantes legais que responderão criminalmente pelos delitos relatados. Em Itumbiara os policiais chegaram a prender em flagrante o proprietário do posto Petrogold Ltda que foi indiciado. Em Goiatuba há outro posto também relatado no inquérito que pertence a uma grande rede de postos de combustíveis: o Auto Posto Millenium Goiatuba. A rede Millenium é do empresário Zelio Cândido, também proprietário da distribuidora Álcoolbras, de Senador Canedo. Zelio foi candidato a prefeito de Senador Canedo pelo PSB.
Em Goiânia os postos Central, Chaparral, Santa Helena, Centro Oeste e Itália também foram incluídos na relação de fraudadores de combustíveis e seus proprietários indiciados criminalmente.
O delegado explicou ainda que as investigações prosseguem até com outro viés, visando identificar os cartéis de donos de postos que alinham preços de combustíveis.
A reportagem procurou o empresário Zelio Cândido sem sucesso. Seu telefone 99217-XXX não atendeu. Na Álcoolbras e na Millenium Distribuidora também foi deixada solicitação de retorno, o que não foi feito.