Cultura

Indignação e solidariedade

Júlio Nasser

Publicado em 2 de maio de 2017 às 23:29 | Atualizado há 8 anos

Uma das maiores manifestações de trabalhadores dos últimos anos aconteceu na sexta-feira passada, porém o cenário em várias cidades foi de repressão violenta e desproporcional. Aqui em Goiás, a Polícia Militar protagonizou mais um episódio de violência, recorrentes em atos populares, a agressão contra Mateus Ferreira. Contra a ação violenta em manifestações e em solidariedade a Mateus está sendo organizado um protesto em forma de vigília.
O estudante de Ciências Sociais Mateus Ferreira teve a face e o crânio atingidos pelo policial Augusto Sampaio de Oliveira Neto, capitão da PM. O policial já recebeu do governo estadual as medalhas do Mérito Policial Militar e da Ordem do Mérito Tiradentes, “por serviços visando à preservação da ordem pública”, o que indica que ele tem histórico na contenção de manifestações. Além disso, o capitão também já teve processos abertos contra ele por abuso de autoridade.
A Polícia Militar anunciou o afastamento do policial que agrediu Mateus, mas a indignação com a ação da PM prossegue entre vários grupos. O comandante-geral da PM, Divino Alves, se manifestou a respeito: “Houve excesso, não há como fugir a esta situação, houve o excesso na ação praticada por esse policial militar e em decorrência disso o comando da instituição instaurou o inquérito policial militar que irá apurar as responsabilidades”.
Mas pessoas que participam frequentemente de manifestações em Goiás discordam que este seja um caso isolado, como relata um estudante de Ciências Sociais que não quis ser identificado: “Faz algum tempo que a violência da polícia é direcionada para tentar intimidar as pessoas independentes, anarquistas de participar dos protestos. Eu mesmo já tive que fazer um exame neurológico porque tomei uma pancada na cabeça porque estava tocando tambor em uma manifestação e os policiais ficam ofendidos com esse tipo de ação ilegal e violenta”
O estudante, que participou ativamente dos protestos de 2013 pelo transporte, continua questionando a finalidade da ação truculenta da PM durante os atos públicos: “O objetivo da polícia nos protestos não é tentar conter uma confusão e sim machucar bastante as pessoas pra que elas fiquem traumatizadas, fiquem com medo e nunca mais vá nos protestos. Isso é uma coisa muito clara pra mim desde 2013, eles querem machucar quem eles consideram importantes nas manifestações, pra que eles tenham protestos ordeiros, controlados por quem tem interesse profissional pelas manifestações e não pelas pessoas que de fato sentem as dores cotidianas com o transporte coletivo, a educação, a previdência”
Na página criada para o evento foram postadas mensagens de apoio ao jovem militante e de indignação com a ação policial: “Naquele ato que foi motivo de orgulho e libertação das garras de um Estado opressor e totalitário, o que se observou foram as indigestas cenas de selvageria e truculência, daquele policial covarde e criminoso contra o jovem Mateus, que ali estava, assim como todos, invocando seu direito à livre expressão e manifestação. Termino dizendo: A injustiça que se faz com um, é uma ameaça que se faz a todos. Solidariedade a família e aqueles que marcham a favor da igualdade, da democracia e por dias melhores”.

Texto do evento que convoca para o ato em solidariedade ao estudante Mateus Pereira

Em conjunto com familiares, amigos e colegas, convocamos os estudantes da UFG para a paralisação das aulas no dia 03/05, quarta-feira, para participação na vigília que acontece em frente ao Hugo na terça e na quarta. A vigília acontece em apoio ao Mateus, contra a violência policial e reivindicando uma posição do governo do Estado.
O estudante de Ciências Sociais – Políticas Públicas Mateus Ferreira cursa sua segunda graduação, participava do ato contra a reforma da Previdência e trabalhista e sofreu a tentativa de assassinato por parte de um capitão da Polícia Militar.

 

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