Mais de 30 mil pessoas nas ruas em Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 29 de abril de 2017 às 00:42 | Atualizado há 8 anosGoiânia parou no dia 28 de abril: bancários, motoristas de ônibus, professores, eletricitários, profissionais de saúde, servidores públicos federais e estaduais, estudantes e trabalhadores rurais tomaram conta das ruas centrais da capital para protestar contra os projetos do governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) de Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista.
O ato público contra as reformas teve início em frente a Assembleia Legislativa, onde dirigentes de todas as centrais sindicais se reuniram. Os deputados federais que votaram a favor da Reforma Trabalhista foram o alvo dos dirigentes da CUT-GO, UGT, Força Sindical, NCST, Conclutas, CTB, CSB, Intersindical.
Presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores em Goiás, Roosevelt Dagoberto disse que os trabalhadores devem gravar bem o nome dos deputados federais que rasgaram a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Presidente da União Geral dos Trabalhadores em Goiás, Manoel Bonfim falou os nomes dos deputados Delegado Waldir (PR), Flávia Morais (PDT) e Rubens Otoni (PT) que votaram contra a Reforma Trabalhista, mas enfatizou: “não vamos dar sossego aqueles treze outros deputados que votaram a favor da Reforma Trabalhista retirando direitos dos trabalhadores. Vamos intensificar a luta, denunciar os nomes deles para a categoria. Não podemos deixar que sigam avante, tirando direitos, acabando com a aposentadoria e prejudicando os trabalhadores”, frisa.
Presidente do Sindicato dos Bancários em Goiás, Sérgio Luiz Costa ressalta que treze dos dezessete deputados goianos votaram na Reforma Trabalhista contra os direitos dos trabalhadores. Segundo Sérgio Costa, as mudanças na CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas aprovadas pelo Parlamento, representam “o retorno dos trabalhadores aos tempos da escravidão, ficando sem direito a férias e com jornadas de trabalho de doze horas. Isto é retrocesso, e não podemos admitir retrocesso para o povo trabalhador”, denúncia.
Railton Nascimento, professor do Sinpro (Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Goiás) fez um balanço positivo da paralisação, que segundo ele atingiu mais de 70% das escolas privadas de Goiânia. Bia de Lima, presidenta do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás), que representa professores e merendeiras de escolas estaduais e municipais, afirma que em Goiânia 80% das escolas não funcionaram e que em todas as 36 regionais do Sintego houveram manifestações contra as reformas do governo Temer.
“Os trabalhadores em Goiás e em todo o Brasil estão dizendo em alto e bom som que não admitem pagar a conta do desgoverno Temer, que já deixou 14 milhões de brasileiros desempregados. Se alguém tem que pagar a conta são os corruptos e os sonegadores de impostos, ao invés de tirar direitos dos trabalhadores, Temer e sua equipe deveriam cobrar os R$ 415 bilhões que bancos, grandes empresas, grandes latifundiários e grandes empresas de comunicação devem para a Previdência e para a Receita Federal”, atira.
Os manifestantes caminharam da Assembleia Legislativa em direção á Praça do Bandeirante, passando pela Praça Cívica. Milhares portavam cartazes com os nomes dos deputados que votaram pela Reforma da Previdência, faixas com dizeres “Fora Temer” e com críticas ao aumento da idade da aposentadoria ou ao aumento do tempo de contribuição. Estudantes, aposentados e religiosos das mais variadas manifestações também integraram o protesto. A Polícia Militar acompanhou os manifestantes por todo o trajeto, mas não houveram confrontos. Apenas um pequeno grupo de adolescentes, vestindo roupas ao estilo “black-block”, iniciou tumulto, que foi reprimido sem prejuízo ao ato das centrais sindicais.
HINO
A cantora Mayra foi uma das atrações do evento, cantando músicas de Gonzaguinha (Vamos a luta) e Geraldo Vandré (Aroeira) e ao final cantou o hino nacional brasileiro, sendo acompanhada por todos os manifestantes. Os deputados estaduais Isaura Lemos (PC do B), Adriana Accorsi e Luis Cesar Bueno e o deputado federal Rubens Otoni (todos do PT), também participaram da manifestação e fizeram discursos contra as reformas e a retirada de direitos dos trabalhadores.
Além da manifestação no centro de Goiânia, as centrais sindicais também impediram o pleno funcionamento do transporte coletivo na capital, paralisando as atividades da Metrobus, impedindo a saída dos ônibus na garagem da empresa, no Padre Pelágio. Manifestantes ligados também bloquearam a BR-060,em Anápolis, na altura da UEG (Universidade Estadual de Goiás) e também em trechos da BR-153 em Goiânia e da BR-050 e Catalão, formando filas de até dez quilômetros de engarrafamento. Após negociações, bombeiros e da polícia rodoviária federal efetuaram o desbloqueio das rodovias.