STF arquiva último processo contra Demóstenes Torres
Hélio Lemes da Silva Filho
Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 01:55 | Atualizado há 7 anosO Supremo Tribunal Federal concedeu a quinta vitória consecutiva ao ex-senador Demóstenes Torres em processos derivados das operações Vegas e Monte Carlo. Desta vez, a decisão extinguiu o processo aberto pelo Conselho Nacional do Ministério Público. A vitória em todos os cinco processos colocou um fim nas acusações formais e encerrou um ciclo que esclareceu a inocência de Demóstenes no caso Cachoeira. O procurador irá agora se aposentar do Ministério Público e se dedicar exclusivamente à atuação política, que tem como objetivo a candidatura ao Senado em 2018.
“É mais uma vitória da verdade. A decisão de me aposentar é difícil, é praticamente uma vida inteira dedicada ao Ministério Público e isso pesa emocionalmente. Agora, sinto que esse ciclo chegou ao fim e o meu objetivo é, se a população de Goiás me der novamente essa oportunidade, voltar para a política e continuar desempenhando um trabalho consistente por Goiás e pelo país”, afirmou Demóstenes, confirmando o projeto de entrar com um pedido de aposentadoria, segundo ele, “o mais breve possível”.
Ao se afastar das atividades do MP, Demóstenes ganha condições de percorrer o interior se apresentando à população. Nos bastidores, as informações que circulam apontam que o ex-senador já estava ansioso para começar a percorrer o estado. Também existe uma demanda crescente de pedidos para a participação de Demóstenes em eventos públicos nas principais cidades goianas.
O advogado responsável pela defesa de Demóstenes, Pedro Paulo de Medeiros, relatou que a decisão foi unânime na segunda turma do STF. “Mais uma vez ficaram evidentes os excessos cometidos durante as operações. Os grampos, que foram eficazes como uma cortina de fumaça política naquele momento conturbado do país, foram descartados judicialmente e os processos vem caindo um a um”, explicou o advogado.
O advogado explica que além da anulação das gravações pelo Supremo Tribunal Federal, o processo contava com muitos elementos que destruiam as acusações no mérito. “Foi apresentada uma perícia realizada pelo próprio Ministério Público, com o apoio da Receita Federal e outros órgãos fiscais, atestando que o patrimônio de Demóstenes poderia até ser superior ao que é hoje”, afirma. “Demóstenes foi o político mais investigado na história recente do país e ao cabo todas as acusações foram desmontadas e se transformaram em pó”, conclui.
Na visão de membros da base aliada, a decisão impulsiona ainda mais as pretensões de Demóstenes de retornar às disputas eleitorais em 2018. As sucessivas vitórias na Justiça estão gabaritando ainda mais o discurso do ex-senador para o embate eleitoral em um cenário onde as mais recentes pesquisas mostram uma indefinição em relação ao eleitorado sobre em quem votar para o Senado nas próximas eleições.
É mais uma vitória da verdade. A decisão de me aposentar é difícil, é praticamente uma vida inteira dedicada ao Ministério Público e isso pesa emocionalmente”
MINISTROS APONTAM POSSIBILIDADE PARA RETOMADA DO MANDATO
Durante o julgamento da segunda turma do Supremo Tribunal Federal, que garantiu a quinta vitória do ex-senador Demóstenes Torres na Justiça, os advogados do petebista identificaram sinais no posicionamento dos ministros que podem abrir caminho para a retomada do mandato perdido em 2012.
O advogado Pedro Paulo de Medeiros disse que o ministro Dias Tóffoli afirmou, durante a sessão dessa terça-feira, que seria preciso nada mais do que um processo de Reclamação protocolado junto ao STF em caso de qualquer instituição descumprir a decisão do próprio Supremo de anulas as gravações e extinguir processos em tramitação ou já arquivados contra Demóstenes baseados nessas provas. “O processo que tramitou no Senado e que culminou com sua cassação é um caso desses. Portanto, caso o Senado não acolha, ou mesmo não analise em tempo razoável o pedido já feito há meses para que seja o processo anulado pelo próprio Senado a defesa deverá pedir ao STF que anule o processo do Senado e devolva o mandato para que Demóstenes o exerça até o final de 2018”, afirma Pedro Paulo de Medeiros. .
O advogado explica ainda que é justamente esse um pedido da defesa para o Senado Federal. Como o processo de cassação se inicia com um processo administrativo que foi embasado nas gravações ilegais, todas as decisões consequentes desse processo deveriam ser anuladas, incluindo a cassação em si.
“O ministro não estava analisando a questão em si, mas mostra que já há um entendimento dentro do STF de que as provas nulas viciam todo o processo. Creio que, caso o Senado demore a analisar o caso ou ainda tenha uma resposta negativa, podemos retomar o mandato com uma ação no Supremo”, analisa o advogado.
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