População apoia fechamento de bares
Diário da Manhã
Publicado em 17 de março de 2017 às 02:16 | Atualizado há 1 semanaA proposta apresentada pelo Comando do Policiamento da Capital (CPC) de limitar o funcionamento de bares, distribuidoras de bebidas nas madrugadas foi colocada em discussão com lideranças de bairros, membros de Conselhos de Segurança Comunitários e Tutelares, além de representantes do setor empresarial desse segmento.
Após o DM divulgar o teor da proposta feita pela Polícia Militar para a Câmara de Vereadores, os setores diretamente envolvidos se movimentaram. O comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Ricardo Rocha, levou em mãos para o presidente da Câmara Municipal, vereador Andrey Azeredo, a proposta para elaboração de lei regulamentando o horário de funcionamento de bares e distribuidoras de bebidas. Ele explicou que isso se deve ao fato de que é nos bares e distribuidoras, e seus arredores, onde acontecem expressivo número de crimes como tráfico de drogas, assaltos, furtos e homicídios, elevando as estatísticas para números alarmantes.
“Sabemos que se isso for regulamentado com horários de funcionamento diferenciados para dias da semana e finais de semana essas estatísticas tendem a cair de maneira considerável. É preciso fazer uma tentativa diversa para conter a violência e para reduzir a criminalidade em nossa capital”, explicou o oficial.
O DM promoveu uma audiência informal entre representantes de bares e similares, lideranças comunitárias, policiais militares e integrantes de conselhos tutelares dos direitos das crianças e adolescentes e membros dos conselhos comunitários de segurança pública. Todos opinaram de forma democrática e transparente sobre a proposta de fechar bares, distribuidoras de bebidas e similares como quer o comando da PM. De forma unânime todos consideraram que nos bairros a proliferação de distribuidoras de bebidas se tornou um grande problema porque promovem aglomerações em pouco espaço, vendem bebidas para menores, concentram vendedores e consumidores de drogas e fazem ajuntamentos de bêbados e desocupados até tarde da noite. As estatísticas são inglórias para esse segmento, porque 20% somente de homicídios em 2016 foram cometidos nas imediações desses comércios.
O primeiro a se pronunciar foi o tenente-coronel Ricardo Rocha, que agradeceu a participação da sociedade nesse debate aberto e transparente. Junto com ele estavam o tenente-coronel Henrikson, sub-comandante do CPC; capitão Itarley, gerente dos Conselhos de Segurança do Estado de Goiás e outros oficiais e praças. O comandante lembrou que encaminhou para o presidente da Câmara, vereador Andrey Azeredo, mas até agora não houve qualquer movimentação do Legislativo. Ele observou que a Polícia Militar tem em Goiânia cerca de 2.500 policiais na capital e aproximadamente 1.800 subordinados diretamente ao CPC. Isso dá uma média de um policial para cada grupo de 800 habitantes, uma estatística perversa.
O capitão Itarley frisou que o funcionamento de bares, distribuidoras de bebidas e similares, como lojas de conveniência são fatores de risco e que potencializam a violência e criminalidade em Goiânia e que isto deve ser revisto no tocante ao horário de funcionamento. Inclusive com o consumo de drogas nas suas imediações. “Queremos fechar uma torneira por onde a violência e a criminalidade escorrem em nossa cidade. Estamos cansados de segurar a violência sozinhos e precisamos do envolvimento da sociedade para conter essa criminalidade”, frisou. Ele lembrou que existem experiências vitoriosas no combate ao crime e que todas passaram pela regulamentação do horário de funcionamento desse tipo de comércio.
O advogado Agenor Cançado Filho, representante da Abrasel, falou em nome de bares e similares. “Todos sabem que Goiânia tem um turismo de eventos e negócios muito forte. Precisamos lembrar que fechar bares poderá gerar ainda mais desemprego e colocar pessoas no mercado de trabalho pedindo serviço”.
Darci Moreira, líder comunitário do Jardim Atlântico, é um dos mais experimentados condutores desse debate. Ele foi prefeito de Aparecida do Rio Doce e sua gestão foi premiada pelo comando da Polícia Militar porque durante os quatro anos de mandato não houve um único homicídio na cidade. “Acredito que grande parte desse sucesso se deva ao fato de que naquela experiência determinamos o fechamento de bares após a meia noite. Se fizermos um trabalho agora de regulamentar isto vamos conter a violência”. Ele lembrou que nos Estados Unidos, em diversos estados, nada funciona após as 23 horas, como a Califórnia, somente ambientes fechados como boates.
Carlos Sulim, diretor da SMT e líder comunitário da Vila Redenção, também opinou favorável. “Um amigo meu saiu para uma distribuidora de bebidas para tomar uma cerveja, foi assaltado no local, tomou um tiro na coluna e ficou paraplégico em uma cadeira de rodas. Não sou contra os comerciantes, mas é preciso fazer alguma coisa para não perdermos a guerra contra a violência”.
Ulisses Souza, líder comunitário da Vila União. “Temos de colocar um freio nos abusos de bares e distribuidoras de bebidas. Não podemos mais ver nossos jovens morrendo por causa de bobagens que podem ser evitadas”.
Ailton José, conselheiro do 43º Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), mostrou um documento de donos de bares que ele conhece e que concordam com a regulamentação de horário. “Muitos concordam com o fechamento até por economia de trabalho deles e de seus funcionários. O que deve ficar aberto são só algumas farmácias e os serviços básicos como unidades de segurança e de saúde”.
Edinamara Aparecida de Oliveira Souza, do Recanto das Minas Gerais, disse que é preciso fechar bares e distribuidoras de bebidas e intensificar o combate ao tráfico e consumo de drogas nas ruas.
Alba Dourado, conselheira tutelar, endossou a iniciativa do debate e apoia o fechamento de bares e distribuidoras. “Temos visto com muita dificuldade o que tem acontecido. São muitas as ocorrências de jovens comprando e consumindo drogas próximo a esses pontos de comércio”.
William Costa, conselheiro tutelar, observou que se o horário de funcionamento for regulado com rigor as pessoas vão se acostumar a comprar bebidas e irem para suas casas ou locais restritos e seguros e a violência vai diminuir por sua vez. “Precisamos apoiar a Polícia Militar em sua iniciativa para conter a violência”.
TESTE
Waldemir Filho, presidente do 6º Conseg, observou que a medida já foi testada em outras cidades e deu certo. “Hoje somente com as abordagens que são feitas já é possível conter em parte a violência, mas é possível fazer mais fechando bares e distribuidoras. O indivíduo sabe que o bar vai fechar e ele irá embora”.
João Paulo, membro do 24º Conseg, afiançou o quanto a violência e a criminalidade sobem próximo a bares e distribuidoras de bebidas. “Nas imediações são vendidas drogas, o que aumenta a violência”.
Todos concordaram que será necessário um trabalho de pressão na Câmara de Vereadores para que a proposta ganhe projeção e entre na discussão do Legislativo. O tenente-coronel Ricardo Rocha propôs a união de todos para ampliar esse debate e levar a proposta para o plenário da Câmara.
Todos agradeceram a abertura que o Diário da Manhã fez para acolher esse debate e ajudar na formulação de medidas que diminuam a criminalidade e violência.
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