Cotidiano

“Igreja deve considerar nomeação de homens casados”

Redação

Publicado em 11 de março de 2017 às 02:14 | Atualizado há 8 anos

O papa Francisco acredita que a Igreja deve estudar se é possível ordenar homens casados para ministrar em comunidades remotas onde não existem padres. Numa entrevista publicada na quinta-feira no jornal alemão Die Zeit, o papa defendeu que a remoção da regra do celibato não é a solução para a escassez de sacerdotes católicos, mas mostrou abertura para estudar se os  “viri probati”–ou homens casados de fé comprovada – poderiam ser ordenados.

“Devemos considerar se ‘viri probati’ é uma possibilidade, e determinar quais as tarefas que podem realizar, por exemplo, em comunidades remotas”, disse. A proposta “viri probati” existe há décadas, mas tem tido maior visibilidade com este papa em parte graças aos desafios que a Igreja enfrenta em lugares como o Brasil, um país católico de grande dimensão e com uma escassez aguda de sacerdotes.

O cardeal brasileiro Claudio Hummes, amigo de longa data do papa Francisco e ex-chefe de gabinete do Vaticano para o clero, tem vindo a pressionar para que sejam permitidos os “viri probati” na Amazónia, onde a Igreja conta com um sacerdote por cada 10.000 católicos.

“Também eu tenho momentos de vazio”.

Nesta primeira grande entrevista a um jornal alemão, o papa Francisco foi também questionado sobre a fé, e a sua fé em particular, Inquirido sobre se já tinha passado por momentos em que duvidou da existência de Deus, Francisco respondeu: “também eu sei o que são momentos de vazio”.

Perguntado sobre como podem os fiéis ajudar quando as pessoas passam por crises de fé, o Santo Padre lembrou que estes períodos são uma oportunidade para crescer: “Não se pode crescer sem crises: na vida humana, acontece a mesma coisa. Mesmo o crescimento biológico é uma crise, não? A crise de uma criança que se torna um adulto. E com a fé passa-se o mesmo”, disse o sumo pontífice, lembrando que um crente que não sinta isto permanece num estado “infantil”.

Os perigos do populismo

Nesta entrevista, o papa Francisco falou ainda dos perigos do populismo crescente nas democracias ocidentais: “O populismo é maligno e acaba mal como o século passado mostrou”, disse, acrescentando um alerta para “um messianismo” que se esconde por trás deste fenómeno.

O atual momento da Igreja Católica, incluindo as críticas que são feitas à atuação do Santo Padre, também foi tema de conversa, ao que o papa Francisco respondeu: “Vou fazer-lhe uma confissão sincera sobre isso. Desde que fui eleito, nunca perdi a minha paz. Entendo que alguns possam não gostar da minha maneira de agir mas a verdade é que há tantas maneiras diferentes de pensar, é lícito, é humano, é uma riqueza.”

Seguindo esta linha de pensamento, o papa Francisco elogiou uma série de cartazes que surgiram em Roma e que, com algum humor negro, acusavam o papa de não ser misericordioso. “É bom que consiga rir-se da situação”, disse o entrevistador, ao que Francisco respondeu, “mas é claro! É uma das coisas pelas quais eu rezo, peço para ter sentido de humor”.

A entrevista terminou com o tema das possíveis futuras viagens do Santo Padre. Francisco confirmou que além de Portugal (peregrinação do 12 e 13 de maio, no Centenário das Aparições de Fátima), está na sua agenda deslocar-se à Colômbia ainda em 2017, bem como à Índia e ao Bangladesh, apontando ainda como uma possibilidade visitar o Egito.

 

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