Projeto na Chapada dos Veadeiros pode desapropriar 541 famílias
Diário da Manhã
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 02:08 | Atualizado há 8 anosO vice-governador José Eliton manteve reunião esta semana com moradores de municípios situados na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), ocasião em que afirmou que é preciso ter muito cuidado com a possibilidade de expandir a unidade de conservação, também conhecida como Área de Proteção Ambiental (APA). “O debate nos causa uma grande preocupação quanto ao processo de desenvolvimento regional”, disse José Eliton.
O PNCV, criado em 1961, protege uma área de 65.514 hectares do Cerrado goiano. De acordo com projeto de ampliação da APA, de autoria do Governo Federal e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), essa área passaria para cerca de 190 mil ha, com a desapropriação de 541 famílias que atualmente moram no Corredor Ecológico Paranã-Pirineus, na região nordeste do Estado.
Acompanhados do presidente regional do Partido Social Liberal (PSL), em Goiás, Benitez Calil, moradores afirmam que antigos residentes foram obrigados a desocupar suas propriedades com a promessa do Governo federal de indenizar as famílias. Maísa Reis, empresária de Alto Paraíso, e que participou da reunião com o vice-governador, afirma que até hoje cerca de 98% dessas famílias seguem sem o recebimento das indenizações, há mais de 50 anos.
Subdesenvolvimento
O vice-governador atenta para o fato de que a região da GO-118 já é fortemente impactada pelo parque, que por força de legislação específica do Ministério do Meio Ambiente, impede a utilização do solo para fins econômicos, exceto algumas atividades extrativistas, com impactos no curto, médio e longo prazos e que podem condenar a região a uma condição de subdesenvolvimento. Por outro lado, reconhece a ampliação da indústria do turismo local, que auxilia como fonte de renda para moradores da região.
Acompanhada de um morador da região – seu Jair, de mais de 100 anos –, a moradora Maísa Reis saiu da reunião agradecida pela conversa com o vice-governador. “Fomos extremamente bem recebidos e tenho certeza de que ele compreendeu a necessidade de um amplo diálogo com essas pessoas”, afirma. “O assunto merece uma atenção muito maior por parte do Estado, da União e da Unesco, com a participação dos moradores”, relata José Eliton.
“Me posiciono de forma muito crítica em relação a esta questão. O diálogo precisa contemplar não somente fatores de preservação ambiental, mas o olhar sob a ótica da economia local, com a preocupação pertinente àquelas pessoas que estão há anos estabelecidas na região, que não podem ter seus direitos atropelados”, diz o vice-governador José Eliton. “Esta também é nossa preocupação”, afirmam os moradores.
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