Politica

Hecatombe política afeta sucessão

Diário da Manhã

Publicado em 14 de abril de 2017 às 03:22 | Atualizado há 8 anos

Principais nomes da situação e da oposição no Estado, o governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-governador Maguito Vilela (PMDB), o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), o deputado federal Daniel Vilela (PMDB), o ex-deputado Sandro Mabel (PMDB) foram citados na lista de delatores da Odebrecht divulgada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal). A eles se juntaram o decano da Câmara Federal Roberto Balestra (PP) e o radialista João Sandes Júnior (PP).
Marconi, Maguito, Daniel, Iris, Mabel, Balestra e Sandes Júnior foram delatados por suposto caixa 2 em suas respectivas campanhas eleitorais. É líquido e certo que o financiamento empresarial de campanhas eleitorais – que nos Estados Unidos tem o nome de lobby – , tem sido um dos principais entraves ao pleno desenvolvimento da democracia no Brasil. Quem financia um partido ou um candidato tem interesses diretos na sua gestão. E independente se o financiamento foi no caixa um ou no caixa dois, o que fica claro é que o nosso sistema político precisa irremediavelmente de mudanças.
Desde que assumiu a presidência da República, em 2003, o presidente Lula e membros de seu partido, o PT, vêm trabalhando a ideia de retirada do financiamento empresarial e o estabelecimento do voto em lista com o financiamento público de campanhas eleitorais. A ideia sempre foi muito combatida por políticos do PSDB, PMDB, DEM, PP, PSB, PR etc, justamente os que aparecem enrolados (ao lado de membros do PT também), com o financiamento empresarial de campanha. Agora, com a crise, o tema volta a baila, e vários partidos passam a ver com bons olhos o voto em listas e o financiamento público.
Mas é preciso dizer que, independente se a doação foi em caixa um ou em caixa dois, nenhum político em Goiás pode jogar pedra na cara do outro. Todos, sem exceção, receberam doações de empreiteiras, grandes indústrias e grandes prestadores de serviços em suas campanhas eleitorais.
Se Marconi, Maguito, Daniel, Iris, Mabel, Balestra e Sandes Júnior pegaram dinheiro da Odebrecht, Ronaldo Caiado (DEM), Lúcia Vânia (PSB) e e por tabela José Eliton (PSDB) também receberam doações de empreiteiras às suas respectivas campanhas políticas. Caiado registra doações da OAS e da Odebrecht na prestação de contas da sua campanha ao Senado. A senadora Lúcia Vânia também registra junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) doações de várias empreiteiras que atuam no Estado de Goiás. Estas doações estão de acordo com a legislação eleitoral à época das campanhas (2014) e não faz de nenhum deles infratores da lei. Mas o Brasil, onde setores da mídia e do Judiciário insistem em criminalizar a política, qualquer ligação de um político com um setor empresarial, classista ou até mesmo movimentos sociais passou a ser considerado crime.
Talvez esta crise sirva para que seja revista a forma de se fazer política no Brasil. Há muito tempo o poder econômico passou a ditar a regra da política. Os candidatos que detêm maiores máquinas de arrecadação, invariavelmente são aqueles que serão eleitos. Isto gera uma distorção danosa à democracia, pois afasta os idealistas da política, que passou a ser ocupada majoritariamente pelos “despachantes de lobbys”. A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 17 de abril do ano passado foi um exemplo disso: dos 367 votos para a sua cassação, 140 foram de deputados eleitos pelo esquema do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que arrecadou recursos para as campanhas destes parlamentares junto à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), CNI (Confederação Nacional da Indústria) e empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras.
O eleitor está ainda muito impactado pela espetacularização das denúncias. Qualquer pesquisa que for feita agora vai demonstrar ampla rejeição à política e aos políticos, o que é grave para um país com uma democracia jovem e imensos abismos sociais.
Mas há sinais do que pode e o que não pode ser feito pelos políticos de um modo geral. A pesquisa Vox Populi/CUT, que o DM publica nesta edição mostra que a população rejeita fortemente as soluções de mercado propostas pelo governo ilegítimo do presidente Michel Temer (PMDB-SP). A maioria esmagadora dos entrevistados rejeitou a Reforma da Previdência (93%), a terceirização (80%) e o congelamento por 20 anos dos gastos com Educação e Saúde (83%).
Os brasileiros estão dando sinais claros de que não aceitam pagar a conta dos desmandos na política às custas da redução de seus direitos trabalhistas e previdenciários. Da mesma maneira, a população cada vez mais rejeita a farra de dinheiro nas campanhas políticas. Em Goiás e no Brasil, políticos de situação e de oposição têm pela frente o desafio de requalificar os seus discursos. Quem insistir em querer tirar vantagem da desgraça do outro pode vir a ser o “desgraçado” de amanhã. Para além dos discursos moralistas ou de ódio, o que o povo quer ouvir é o compromisso com uma nova prática política.
As eleições de 2018 estarão sim muito impactadas pelas denúncias, e o eleitor vai estar de olho sim na conduta dos candidatos. Mas ilude-se quem quiser bancar o discurso de virgem no lupanar. Como diz o mestre Batista Custódio, “estas vestais da rua de cima eu conheço todas como putas da rua debaixo”.

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