Estamos em campanha?
Júlio Nasser
Publicado em 12 de abril de 2017 às 02:21 | Atualizado há 8 anosTodo político em exercicio de mandato gosta de negar que esteja em campanha, ou mesmo opinar sobre o assunto. Oficialmente nada se diz, mas as palavras negam os fatos. Dia desses a Senadora Lúcia Vânia deixou claro: me recuso a falar de eleições antes de 2018. Mas os movimentos começaram. Unicos políticos com coragem para se dizer candidato quando todos negam, até o momento, foram os Senadores Ronaldo Caiado e Wilder Moraes. Virarão, de agora em diante, giral de pancadas. Por isto do silêncio generalizado entre os demais. Mas analisemos a postura de cada um.
Lúcia Vânia confrontou abertamente o líder mor da politica Estadual, Marconi Perillo, quando orientou seu partido a recusar secretaria no Governo Goiano. Pouco acostumado às insubordinações e manifestações de independência, o governador foi rápido: manifestou seu apoio ao senador Wilder Moraes dando um chega pra lá na veterana da política goiana. Depois deste cheque, Lúcia Vânia ficou no limbo e aguarda-se sua resposta à postura do agora quase ex-aliado.
Ronaldo Caiado dispensa apresentação: de ex melhor amigo tornou-se arqui-inimigo do governador. Os motivos são poucos conhecidos, mas acredita-se que a falta de disposição do senador para a submissão o tenha tornado pessoa não grata ao palácio das esmeraldas. Neste caso, o palácio deu seu recado: Prefere dar apoio ao também ex-governador Maguito Vilela, transmutado de inimigo a amigo, a ter que engolir o senador rebelde.
Maguito Vilala no jogo político é um caso interessante: acusado pelos adversários de falir a CELG quando vendeu Cachoeira Dourada por menos de 1 bilhão de dólares, passa a ser cortejado por estes mesmos adversários que agora venderam a CELG por valor menor do que Maguito conseguiu por Cachoeira Dourada 20 anos atrás. O silêncio neste quesito se torna eloquente quanto aos interesses que movem tal aproximação: Se Eliton se mostrar inviável na disputa contra Ronaldo, o apoio a Maguito será indispensável para as intenções tucanas. Ainda há o fator Daniel que vive um dilema: Se o pai for candidato, ele não é; Se não for, ele vira protagonista.
Por outro lado, José Eliton segue esgueirando pelas beiradas. De eminência parda, passa a protagonista da política Goiana. Com uma carteira de R$ 2 bilhões em caixa, negocia com cada prefeito os investimentos no município. Virtualmente candidato da base aliada, não precisa dizer a cada prefeito o que espera deles. Recebe-los em um convescote palaciano, onde o dinheiro do povo é alegremente compartilhado com parceiros e adversários políticos fortalece sua musculatura eleitoral.
Certo mesmo é que a política Goiana segue em torno do governador. Exímio articulador, não tem inimigo irreconciliável ou amigo inarredável. Sua conveniência é a vitória. A oposição parece ainda não ter entendido o jogo. Brigas internas faz alegria do governo. Mas, nesta equação há um sujeito oculto: o senhor eleitor. Fora do pleito, parece não se interessar por política. Isto equivale dizer: não prestam atenção aos fatos. Quando passarem a prestar, o jogo já estará definido. Hoje, são meros coadjuvantes. Amanhã, continuarão a ser, a menos que se interessem agora. Caso contrário, a esperança será uma só: que nos 30 segundos de depositar o voto, uma luz venha do céu lhes dar a direção acertada. Isto, só mesmo por um milagre.