Opinião

Renan até quando?

Júlio Nasser

Publicado em 10 de abril de 2017 às 22:57 | Atualizado há 8 anos

Que me desculpem os otimistas, pois este é um sentimento fundamental para os que precisam salvar-se de crise, mas o Brasil não tem jeito. Quando se vê um Renan Calheiros, ou “Escandalheiro” como diz o José Simão, da Folha de São Paulo, posando de sério, ditando cátedra sobre as reformas, supostamente em defesa dos mais pobres, fica difícil, impossível mesmo acreditar em qualquer solução para o país sob o comando destes que aí estão. Renan é o modelo completo do político brasileiro –há exceções, nem tantas – que hoje domina o país. É a materialização da falência de nosso Judiciário. E, infelizmente, a confirmação do que um dia afirmou Pelé, e por isso quase foi queimado em praça pública: o brasileiro não sabe votar.  Com mais de uma dezena de processos no Supremo Tribunal Federal. Com uma renúncia vergonhosa da presidência do Senado, após ser flagrado transferindo para uma empreiteira o pagamento da pensão de um filho tido fora de seu casamento, Renan resolve hoje apresentar-se como dissidente, com uma enorme “cara de pau”, pega carona na demagogia dos incapazes e resolve ser contra as reformas que estão sendo discutidas no Congresso. Sem ter a dignidade de renunciar á liderança do PMDB na Casa, cargo que Temer lhe deu, Renan faz críticas, sem apresentar soluções. Não que esteja obrigado a ser a favor das propostas mas, primeiro deixe a liderança e depois diga com clareza porque é contra a aponte soluções. Assumir o discurso fácil de dizer-se defensor do povo, preocupado com o povo do nordeste, é demagogia barata de quem sabe estar mentindo. E o pior, o mais desanimador, é que seu discurso encontra eco entre miquinhos amestrados que, como Renan, precisam encontrar algo a falar com seus eleitores. Afinal, 2018 vem aí, e a esmagadora maioria do Congresso não tem o quê dizer em sua campanha. Renan sabe que precisa apresentar-se agora como paladino da justiça. As pesquisas mostram que sua reeleição ao Senado está em jogo. Que hoje seu filho, governador de Alagoas, não conseguiria reeleger-se. Mais, sabe que, a qualquer momento pode sofrer uma condenação, caso o Judiciário acorde, e, por isso, tenta se posicionar politicamente. Não duvidem que possa conseguir reverter toda a sua péssima situação. De muito o povo perdeu o senso das coisas. E a capacidade de indignar-se.

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