Falta de liderança trava crescimento de Anápolis
Diário da Manhã
Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 01:19 | Atualizado há 8 anosSe depender do Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Luiz Maronezi, agora é a vez de Aparecida de Goiânia. É dele a frase “Aparecida de Goiânia é a sala de visitas de Goiás”, que pode ser entendida como “O Governo é a sala de visitas de Aparecida de Goiânia”. Este pragmatismo sem rodeio e sem subterfúgios pode ser vantajoso para aquela cidade, mas é desgastante para a imagem do Governo e ao mesmo tempo serve de alerta e estímulo para Anápolis. Enquanto o leite é derramado e a vaca vai para o brejo, a cidade não tem espaço nem voz tampouco força e influência na equipe de Marconi.
Debitar a queda consecutiva do crescimento do PIB local à conjuntura da economia do País, nos últimos cinco anos, é fechar os olhos à falta de liderança política e empresarial de Anápolis e subestimar a mobilização de municípios que fazem a lição de casa e continuam crescendo – Aparecida de Goiânia, Itumbiara, Rio Verde, Senador Canedo e outros. Tão grave quanto a perca de investimentos e a redução dos indicadores da economia é a inércia das lideranças da cidade, que jamais perdera o poder de reação nas encruzilhadas de sua história. Através de representatividade impar em Goiás, com três deputados federais, cinco deputados estaduais, políticos de projeção nacional e um batalhão de classistas comprometidos com o futuro da cidade, Anápolis enfrentou e superou a ameaça de recessão na segunda metade da década de 1960 e na primeira metade dos anos 1970.
Da determinação e da união de sua força política e empresarial gerou-se a vocação industrial, consignada pelo Daia, predestinado a ser o motor da economia de Goiás. No final da década de 1990, o advento de incentivos fiscais do Estado transformou Anápolis no maior polo industrial do Centro-Oeste. Tributa-se à força da Associação Comercial de Anápolis a indicação e nomeação de vários secretários da SIC, protagonistas da atração de investimentos, da ampliação de empresas e da geração de divisas e empregos para o Estado, com foco em Anápolis.
A par desta energia, consolidou-se o Porto Seco e o Polo Farmacêutico. Nos trilhos do ramal ferroviário de integração nacional, articulado com um notável entroncamento rodoviário e um aeroporto de cargas, em construção, Anápolis caminha para a consecução de sua nova vocação econômica – a logística – a bordo de sua estratégica localização geográfica, no centro do Brasil, distante de 70% do PIB nacional ou 2/3 da riqueza do País, num raio de apenas 1.300 km. Nada menos que 150 milhões de consumidores poderão ser alcançados em tempo surpreendente: uma hora (modal aeroviário) e 12 horas (modal rodoviário).
Anápolis tem trajetória marcada pelo esforço e pela determinação de seu povo e de suas lideranças ao longo de sua história contemporânea. Na era da indicação de governadores, que administravam Goiás de costas para Anápolis, e da nomeação de prefeitos, que mal conheciam a cidade, aqui se travou batalhas heroicas. Da inauguração da Cebrasa até o advento do Daia. Da criação da Base Aérea dos Supersônicos até a implantação do Porto Seco. Do primeiro laboratório até a consolidação do Polo Farmacêutico. Da ativação do Trem Expresso da Ferrovia Centro-Atlântica à conexão com a Ferrovia Norte-Sul. Do reconhecimento da Faculdade de Ciências Econômicas até a efetivação da Universidade Estadual de Goiás em Anápolis. Do asfaltamento da GO-222 e da GO-330 à duplicação da BR-060. Da desapropriação da área da futura Plataforma Logística Multimodal ao projeto do Aeroporto Internacional de Cargas. Da Cemina até a Hyundai. Do Teuto à Neoquímica. Da Pfizer à Hypermarcas. Do pessimismo de uma época em que a cidade caminhava para a estagnação até o otimismo gerado pela era industrial. Anápolis viveu, através dos tempos, uma verdadeira epopeia de lutas e conquistas.
A chegada da estrada de ferro, a saga da construção de Goiânia e Brasília, a abertura da Belém-Brasília, a era do beneficiamento de arroz, o ciclo do comércio atacadista, o advento de shoppings e lojas de departamento, o Polo Universitário, a verticalização imobiliária e a melhoria da qualidade de vida são páginas de fé e de coragem, impressas nas cores do otimismo e da perseverança, com as tintas do bairrismo e do entusiasmo das lideranças de Anápolis.
Paradoxalmente, a cidade tomou forma e força de centro cosmopolita, mas perdeu a representatividade/competitividade de outros tempos, quando seus representantes, sob efeito de intensa mobilização, eram recebidos nos gabinetes de Goiânia e Brasília, sem audiência marcada. Hoje, mandam-se ofícios, no geral arquivados juntamente com os anseios e as esperanças da cidade. Esta mobilização “ex-ofício”, sem corpo a corpo, contrapõe-se com a tradição de luta de Anápolis. Protocola a incompetência da cidade e abre espaço para outros municípios.
Não são poucas as demandas que ensejam um futuro incerto, conquanto é hora de brigar por investimentos imediatos para atender ao crescimento industrial e a retomada do desenvolvimento, com a conclusão, por exemplo, de obras importantes como o Aeroporto Internacional de Cargas e o Centro de Convenções, denominado por Marconi Perillo como “sala de visitas do Estado de Goiás”. Pelo dito e pelo não dito, caberia uma correção nas afirmações do Governador ou do Secretário, que demarcou o território de Aparecida de Goiânia no Governo do Estado e de certa forma desafiou Anápolis a vencer a apatia, algo que tem um poder de destruição absoluta e infinitamente maior do que qualquer mal que possa acontecer ao futuro de uma cidade. A perspectiva de reversão deste quadro tem nome – Prefeito Roberto Naves. E tem data marcada – É agora! Porque Anápolis não pode mais esperar.
(Manoel Vanderic, jornalista)
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